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Waldo, ex-meia do Flamengo, recebe indenização por lesão

Waldo Flamengo
imagem cameraWaldo Flamengo
Dia 27/10/2015
17:56

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Muitos não sabem, mas uma lesão antiga, que prejudicou ou encerrou a carreira de um atleta pode se transformar em um benefício em dinheiro.

Foi o que aconteceu com o ex-meia Waldo da Silva Souza, tetracampeão catarinense pelo Joinville na década de 1980, revelado pelo mesmo Flamengo de Zico, conquistou um auxílio-acidente por causa de uma lesão que sofreu quando jogava em Santa Catarina.

- Muitos que jogaram e encerraram a carreira prematuramente não sabem que têm direito a isso. Continuam a contribuir para o INSS, pagam todos os impostos e, muitos torcedores e dirigentes não sabem que jogador de futebol é uma profissão reconhecida na carteira de trabalho - contou Waldo ao LANCENET!.

Em 1981, defendendo o Joinville, o jogador lesionou o joelho direito e ficou oito meses fora dos gramados. No ano seguinte, Waldo machucou o outro joelho, mas teve uma recuperação mais rápida, de apenas 40 dias.

Para ele, as cirurgias às quais teve que ser submetido foram responsáveis por atrapalhar seu rendimento em campo.

- Eu fiz duas cirurgias nos meus dois joelhos quando joguei no Joinville. Fiquei quase um ano parado e, ao tentar retomar as atividades como jogador, a minha capacidade já não era a mesma. Sempre fazerndo fisioterapia. Naquela época eu extrai o meniscos todo. Hoje se faz uma coisa mais rápida, o jogador de 20 a 30 dias está jogando - lembrou.

A passagem pelo JEC se encerrou em 1983 e, após isso, Waldo atuou em clubes de menor expressão, como Pinheiros-PR, Avaí, Criciúma, Marília, e encerrou sua carreira profissional no América-RJ, com apenas 32 anos de idade.

- Meu futebol não foi mais o mesmo. Eu comeceu a jogar em time medianos, não tinha a capacidade de continuar em times maiores, mas também não lamento porque nos clubes em que eu passei tive um desenvolvimento bom. Mas, fisicamente, sempre com dificuldades.

Hoje, aos 57 anos, o ex-atleta conta que ainda sente sequelas das lesões do passado.

- Como retiraram os meniscos, hoje eu tenho sequelas. Naquela época eu já tinha dificuldade para continuar minha carreira. Tenho artrose e não tenho cartilagem no joelho. Tenho que fazer reforço muscular, tomar medicação, porque senão até para caminha é difícil - revelou Waldo, que só agora foi buscar seus direitos.

Em decorrência das sequelas, além de um conselho providencial do ex-companheiro Toninho Cajuru, ex-ponta direita do Flamengo e campeão catarinense pelo Joinville em 1987, que passou por um problema semelhante, o ex-meia buscou uma especialista jurídica.

Com conhecimento em direito previdenciário e desportivo, a advogada Karina Freitas Morais e Silva representou Waldo e conseguiu um benefício vitalício.

- O auxílio-acidente é concedido para todo ex-atleta que sofreu acidente de trabalho, lesão em jogo, treino, qualquer tipo de desgaste, levando-o a se afastar por um período ou, até mesmo, encerrar a carreira - explicou a advogada.

Karina conta que hoje o benefício é pago pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e pode chegar ao teto de R$ 3.912,00.

- Quando o jogador sofre a lesão (ainda no exercício de suas funções) e é afastado por acidente de trabalho, ele pode receber até o teto pago pelo INSS.  Muitas vezes o salário do jogador é maior, nestes caos, o clube acaba pagando a diferença pelo afastamento. Em contrapartida, quando o jogador encerra sua carreira em decorrência do acidente por incapacidade ou redução da capacidade de trabalho, se sujeita ao teto pago pelo INSS. Esse pedido pode ser requerido imediatamente após o encerramento da carreira - completou.

Segundo a advogada, muitos atletas que jogaram profissionalmente na mesma época de Waldo não sabem deste direito.

- Os atletas profissionais mais antigos ainda desconhecem o benefício. Na verdade, eles nem acreditam que isso seja possível, pois é difícil aceitar que estejam incapacitados para a condição de jogador.

Waldo também reclamou da falta de conhecimento, já que ficou sabendo do auxílio 20 anos depois de encerrar sua carreira futebolística.

- Fiquei sabendo através do Toninho Cajuru, que encerrou a carreira prematuramente na década de 90. Através da advogada ele conseguiu esse benefício e através dele que a maioria dos jogadores ficaram sabendo.

Waldo começou no Flamengo junto com o amigo Zico (Foto: Acervo pessoal)

O auxílio-acidente pode ser obtido em duas situações distintas: exercendo a profissão com o contrato de trabalho em vigor e, nesta condição, pelo tempo que durar a incapacidade, o atleta recebe 90% do valor do benefício.

A segunda hipótese ocorre em caso de encerramento da carreira, em que se constata a incapacidade para aquela atividade específica. Se a lesão apenas diminui o desempenho na realização do trabalho, o jogador recebe apenas 50%.

Já no caso de o atleta não conseguir mais exercer sua profissão, o benefício dado é de 100% - R$ 3.912,00 - à título de aposentadoria.

- Além desse benefício, que é vitalício, o beneficiário tem outras vantagens, como comprar veículos para deficientes sem precisar pagar o IPVA - garantiu Karina.

A advogada ainda conta que o jogador prejudicado precisa de toda uma documentação para lutar pelo direito e, muitas vezes, precisa entrar na justiça para conseguir.

- É necessário que o atleta tenha o histórico da lesão, prontuário médico a viabilizar a informação dos hospitais em que foi atendido e sofreu intervenção cirúrgica, assim como anotação do acidente na carteira de trabalho. Tudo isso para viabilizar uma melhor elucidação da perícia médica, notadamente nos casos em que a lesão tenha ocorrido há vários anos - concluiu.

Outros casos de aposentadorias precoces:

Tite

Revelado pelo Caxias-RS, Tite foi volante na década de 80. Em 1986, defendendo o Guarani e com apenas 28 anos, foi obrigado a encerrar a carreira devido a uma série de lesões nos joelhos, inclusive rompendo os ligamentos. Tem sequelas até hoje, já que não consegue dobrar um dos joelhos.

Tostão

Meia-atacante do Cruzeiro, sofreu um descolamento da retina do olho esquerdo em 1969. Defendeu a Seleção Brasileira no ano seguinte, na conquista do tricampeonato mundial, mas sempre com acompanhamento médico. Foi vendido ao Vasco em 1972, mas, um ano depois, com o prejuízo em sua visão, pendurou as chuteiras, aos 26 anos.

Aquiles

Meia do Palmeiras nos anos 50, sofreu fratura em três ossos diferentes da perna direita na primeira semifinal da Copa Rio de 1951, contra o Vasco. Um ano depois, quebrou a mesma perna e ficou dois anos afastado. Tentou voltar em 1954, mas jogou apenas duas vezes e se viu obrigado a parar, com 25 anos.

Gilberto Maniaes (Giba)

Campeão brasileiro com o Corinthians, em 1990, o lateral-direito teve uma lesão no joelho direito em 1992 e foi submetido a uma cirurgia. No entanto, o procedimento foi mal-sucedido e parou de jogar no ano seguinte. Dispensado do clube, Giba ainda processou o médico Joaquim Grava, a quem acusou de ter interrompido sua carreira.

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