Contra o nervosismo, Flu encara o Americano

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Jogadores reunidos no vestiário. Ricardo Berna pede a palavra. O goleiro fala para o Fluminense terminar o jogo do mesmo jeito que irá começar: com 11 em campo. A cena presente em toda preleção deste ano ganhará mais força hoje, quando o Tricolor enfrenta o Americano, às 22h, no Godofredo Cruz, em Campos, com transmissão em tempo real do LANCENET!, tentando recolocar os nervos no lugar.
Exemplos desse nervosismo em 2012 não faltam (veja ao lado). Assim como motivos. A cobrança por bons resultados devido ao investimento feito pelo clube é enorme. As reivindicações para o fim do jejum em clássicos, também. A falta de uma responsabilidade maior pela conduta em campo e a disputa acirrada por vagas no time também pesam. E, mais recentemente, uma arbitragem desastrosa no clássico.
– Abel tem pedido tranquilidade e calma para evitar as expulsões. Mas no jogo é complicado pensar, porque quando você se esforça e é impedido de chegar ao objetivo, não tem jeito, você fica nervoso – comentou Jean, que será titular devido à suspensão de Edinho, foi expulso no clássico diante do Vasco, domingo passado.
Os danos do descontrole emocional contra o Vasco não foram poucos. Além da virada, o time levou dez cartões amarelos e dois vermelhos. Resultado: além de Edinho, o goleador Fred, porta-vozes da equipe, não jogam hoje. Assim como Diguinho, que recebeu o terceiro amarelo.
As consequências não pararam por aí. A relação com a comissão de arbitragem azedou de vez. E caso não seja controlado, o nervosismo pode danificar todo o projeto feito para o semestre.
O Fluminense ainda não está urgentemente precisando de um divã, mas dá sinais de que uma visita ao psicólogo não faria tão mal. Uma vitória sobre o Americano hoje então, menos ainda.
PSICÓLOGO NÃO É DESCARTADO PELO CLUBE
Único clube dos quatro grandes do Rio de Janeiro que nunca trabalhou com um psicólogo, o Fluminense desta vez não descarta pedir a ajuda para um profissional da área, depois do destempero da equipe em alguns jogos, em especial nas últimas duas partidas – Arsenal (ARG) e Vasco.
O diretor executivo de futebol do clube, Rodrigo Caetano, não descartou a possibilidade e afirmou que este será um assunto a ser tratado de forma interna:
– É algo que vai ser discutido internamente. Se analisarmos caso por caso, muitos destes descontroles foram por conta de situações de jogo. Mas se forem somados cabe a nós conversarmos a respeito – disse.
A ideia chegou a ser cogitada no fim da temporada passada. Porém, o fato de o time estar na na reta final do Campeonato Brasileiro acabou pesando contra.
COM A PALAVRA
"Se o Fluminense está assim no início do ano, imagine no final... Há de se treinar o controle emocional, como todas as outras competências. Se não, vira uma bola de neve. No caso do Flu, o que atrapalhou no último episódio foi um descontrole da raiva.
A arbitragem é uma variável da partida que o jogador não controla. Mas as emoções que veem a seguir sim, pois se originam no atleta. Quem tem de reivindicar algo sobre a arbitragem não é jogador nem o técnico, mas sim a diretoria.
Não vejo os clubes fazendo uma preparação para isso. Não adianta questionar a arbitragem. Eu tenho uma tese de mestrado que aponta que 100% das equipes que tiveram mais cartões vermelhos perdem o campeonato. O Fluminense não perdeu para o Vasco, perdeu para os cartões que recebeu.
As consequências de perder tantos jogadores assim são muitas. Primeiro, o placar do jogo. Depois, os desfalques para o próximo confronto, que geralmente são importantes, por serem vozes do time. Além disso há a flutuação na competição, já que o time não se repete tanto. No final, com mais nervosismo do que foco, o jogo coletivo da equipe também cai muito e isso é totalmente prejudicial em um momento decisivo."
Suzy Fleury, especialista em psicologia esportiva
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