A chance de novo espetáculo no Olímpico para Ronaldinho

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Os sorrisos e as brincadeiras em campo foram a resposta de Ronaldinho, no treino de sábado ainda no Rio de Janeiro, contra o clima hostil que ele encontrará neste domingo em Porto Alegre. Se o estado de espírito está preparado, agora, será a vez do camisa do 10 do Flamengo mostrar essa alegria em campo para os rubro-negros, assim como já fez naquela que é a considerada a maior exibição do atacante no Olímpico pelo Grêmio.
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No reencontro contra o clube que o projetou, neste domingo às 16h, a atuação daquele 20 de junho de 1999 servirá de escudo contra os protestos gremistas - por meio de faixas e coros - mas também será uma inspiração para deixar o Fla mais próximo da vaga na Libertadores e na disputa pelo título. O LANCENET! transmitirá a partida em tempo real.
A torcida que declara ódio a Ronaldinho ainda se lembra do chapéu e do elástico sobre Dunga e da caneta em Anderson antes de ele determinar o 1 a 0 contra o Inter. A vitória no terceiro jogo da final do Gre-Nal garantiu o título Gaúcho daquele ano, o único do jogador no Olímpico com a camisa tricolor.
Gre-Nal pelo Brasileiro de 1999 disputado por Ronaldinho é lembrado no Museu do Grêmio/Foto: Eduardo Mendes
Os lances, vivos na memória do torcedor, foram apontados no campo, à reportagem, por alguns gremistas na véspera do jogo histórico. Funcionários do clube e do estádio, porém, evitam declarações sobre o passado de Ronaldinho no Tricolor, especialmente no Olímpico.
Um deles, entretanto, deu um depoimento que traduz o sentimento de quem assistiu ao jogo da arquibancada.
- Depois daquela partida, podíamos falar que nascia um novo Pelé no Brasil. E no dia seguinte ele foi convocado para a Seleção - disse João Basílio, gerente da loja do Grêmio e desde 1977 no clube.
Os dribles e o gol não renderam apenas os gremistas, mas também a Vanderlei Luxemburgo. Depois da briga entre Edílson e Paulista, na final do Paulista de 99, o Capetinha foi cortado e deu lugar a Ronaldinho.
No total, pelo Grêmio, foram 141 jogos e 68 gols, dos quais 43 marcados em apenas 47 partidas disputadas em 2000. Números insuficientes, entretanto, para macular a frustração da torcida pelo pré-contrato assinado com o PSG (FRA), em 2001, e por causa do acerto com o Flamengo este ano, depois de negociar com o Tricolor.
De volta a sua casa após dez anos, Ronaldinho encontrará o mesmo ambiente de vaias e raiva daquele 25 de janeiro, quando fez seu último jogo e marcou pela última vez com a camisa do Grêmio.
IGNORADO
Ronaldinho em forma de caricatura em painel no Museu do Grêmio/Foto: Eduardo Mendes
Apesar de ser considerado a principal revelação da História do Grêmio, o passado de Ronaldinho no clube não consta sequer no Museu do clube, que fica no estádio Olímpico. Há apenas três fotos do jogador espalhadas por dois imensos blocos em meio a troféus, camisas e imagens.
Os registros do atacante são encontrados, primeiramente, em uma parede que conta a história do Tricolor por períodos. Na parte que aborda os anos 90, há uma pequena foto de Ronaldinho sendo marcado por Dunga em um jogo diante do Inter pelo Campeonato Brasileiro de 1999.
As outras duas menções ao jogador aparecem sob forma de caricaturas. Em um delas, o atacante aparece na relação de todos os jogadores do clube que tiveram passagens pela Seleção Brasileira.
Já a segunda, é um desenho de Ronaldinho com o uniforme do time de 1999, em um quadro que exibe todas as camisas do Grêmio, usando jogadores de diferentes épocas.
Nem mesmo na escolinha, no CT Cristal, onde o atacante começou a carreira no Tricolor, há recordações expostas do jogador. Depois do acerto de Ronaldinho com o Flamengo, este ano, a diretoria determinou que fossem retirados os porta retratos que tivessem alguma foto do ex-gremista.
COM A PALAVRA
João Basílio - Gerente da loja do Grêmio no Olímpico e funcionário do clube desde 1977
Na época, esse jogo foi marcante. Teve o chapéu no Dunga e ainda o gol do título. Estava na arquibancada e a reação das pessoas era impressionante. Mais do que a emoção da vitória e do título, o espetáculo em campo tirava qualquer dúvida sobre ele. Certamente escreveu o nome na História do Grêmio. Depois teve a saída e essa chance de voltar que acabou não acontecendo. A relação sempre será de amor e ódio. Ao mesmo tempo que o torcedor tem vontade de xingá-lo muito, como vai acontecer no jogo, ele não queria que Ronaldinho tivesse saído. No fundo, eles admiram o jogador, mas a mágoa fala mais alto. Queiram que ele nunca tivesse saído do Grêmio e fizesse mais História no clube. Ninguém quer bater no Ronaldinho, como falam por aí. O sentimento geral é de traição. Apenas isso. O torcedor se sentiu abandonado por ele.
A FINAL DE 99 E ÚLTIMO JOGO DE R10 NO ESTÁDIO
A final
O Campeonato Gaúcho de 1999 foi decidido em três jogos. O primeiro deles aconteceu no Beira Rio e terminou com vitória do Colorado por 1 a 0. Os outros dois aconteceram no estádio Olímpico. No segundo, os gremistas venceram por 2 a 0. Ronaldinho fez o primeiro gol desse jogo. E no terceiro duelo, o Tricolor confirmou o título com o triunfo por 1 a 0, com gol de Ronaldinho. O atacante foi o artilheiro da competição com 15 gols.
O último jogo
A última partida de Ronaldinho no estádio aconteceu no dia 25 de janeiro de 2001. O Grêmio venceu o Figueirense, pela Copa Sul Minas, por 2 a 1. Ronaldinho marcou um dos gols, mas foi muito vaiado durante o jogo. Uma mala preta com dinheiro falso dentro e com as iniciais do Paris Saint-Germain foi colocada à beira do gramado. Os torcedores também atiraram moedas.
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