Marinho, o lendário ponta-direita que conquistou a Bola de Ouro em 1985 pelo Bangu, ganhou vida em documentário produzido por seu próprio filho. A obra retrata a trajetória do mineiro que encantou o Brasil e viveu glórias e tragédias no futebol.
Mário José dos Reis Emiliano, conhecido como Marinho, foi eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 1985 pela revista Placar, marcando época no clube alvirrubro carioca.
O ano dourado que consagrou um ídolo
Em 1985, Marinho viveu o auge de sua carreira ao ser eleito melhor jogador do Brasileirão enquanto defendia as cores do Bangu. O ponta-direita marcou 16 gols na competição e levou o time de Moça Bonita à histórica final contra o Coritiba no Maracanã.
O mineiro de Belo Horizonte chegou ao Bangu em 1983, contratado por Castor de Andrade numa negociação que envolveu 40 mil cruzeiros e os jogadores Dreyfuss e Vilmar. Sua habilidade pelos dribles e jogadas individuais lembrava o estilo de Garrincha, conquistando imediatamente a torcida.
Por que a final de 1985 marcou para sempre o futebol brasileiro?
A final do Campeonato Brasileiro de 1985 entre Bangu e Coritiba foi um dos momentos mais polêmicos da história do futebol nacional. Com o placar empatado em 1 a 1, Marinho protagonizou um lance que divide opiniões até hoje: aos 39 minutos do segundo tempo, ele driblou o goleiro Rafael e tocou entre as pernas do zagueiro.
O gol foi anulado pelo árbitro Romualdo Arppi Filho por suposto impedimento, mesmo com o bandeirinha confirmando inicialmente o lance. O título acabou ficando com o Coritiba após disputa de pênaltis, frustrando o sonho do Bangu de conquistar seu primeiro Campeonato Brasileiro:
- Marinho foi o vice-artilheiro da competição com 16 gols
- O Bangu terminou com o melhor ataque e maior pontuação
- Mais de 91 mil pessoas compareceram ao Maracanã na final
- O lance polêmico aconteceu no minuto 39 do segundo tempo

Como a tragédia pessoal mudou a trajetória do craque?
Após o sucesso no Bangu, Marinho foi contratado pelo Botafogo em 1988, mas uma tragédia familiar mudou completamente sua vida. Durante uma entrevista em sua mansão em Jacarepaguá, seu filho Marlon, de apenas um ano e sete meses, caiu na piscina e morreu afogado enquanto o jogador concedia a entrevista.
A partir de 12 de fevereiro de 1988, Marinho nunca mais foi o mesmo. Entregou-se ao álcool, abandonou os treinos e chegou a dormir dentro de seu Mercedes-Benz. A carreira promissora foi interrompida pela depressão e problemas pessoais que o acompanharam até o fim da vida.
O que revela o documentário sobre o ídolo alvirrubro?
O documentário produzido pelo filho de Marinho resgata não apenas os momentos de glória, mas também humaniza o ídolo ao mostrar suas lutas pessoais e a tentativa de reconstrução após as tragédias. A obra revela detalhes inéditos sobre a personalidade carismática do jogador, conhecido pelos óculos escuros, cordão de ouro e sorriso característico.
Marinho faleceu em junho de 2020, aos 63 anos, vítima de uma infecção no pâncreas, mas deixou um legado inesquecível no futebol brasileiro. Hoje, sua Bola de Ouro de 1985 é cuidadosamente preservada pelos filhos, simbolizando um dos momentos mais brilhantes da história do Bangu.