A Austrália, localizada geograficamente na Oceania, compete nas eliminatórias asiáticas desde 2006 por uma razão estratégica: desenvolver seu futebol enfrentando adversários mais competitivos.
A mudança da Confederação de Futebol da Oceania (OFC) para a Confederação Asiática de Futebol (AFC) revolucionou o desempenho dos Socceroos em Copas do Mundo.
A decisão estratégica que mudou o futebol australiano
Em 2005, a Federação Australiana de Futebol tomou uma decisão histórica ao solicitar oficialmente a transferência para a AFC. A mudança foi aprovada unanimemente pelo comitê executivo da AFC em março de 2005 e ratificada pela FIFA em junho do mesmo ano.
O então presidente da FIFA, Sepp Blatter, declarou que todas as partes envolvidas estavam satisfeitas com a decisão. A transferência oficial ocorreu em 1º de janeiro de 2006, marcando o início de uma nova era para o futebol australiano.
Por que abandonar a Oceania era fundamental?
A Oceania oferecia apenas “meia vaga” para a Copa do Mundo, obrigando o campeão da região a disputar sempre uma repescagem intercontinental. Entre 1966 e 2002, a Austrália perdeu seis repescagens consecutivas, incluindo derrotas dolorosas para Argentina, Irã e Uruguai.
O nível técnico da competição oceânica era considerado amador, com resultados como a histórica vitória australiana por 31 a 0 contra a Samoa Americana demonstrando a disparidade entre as seleções:
- Apenas Austrália e Nova Zelândia possuíam ligas organizadas na região
- A competição nivelada por baixo prejudicava o desenvolvimento técnico
- Os jogadores australianos precisavam de adversários mais desafiadores
- A falta de competitividade impedia o crescimento do futebol no país

Como a mudança transformou os resultados da seleção?
Desde que ingressou na AFC, a Austrália participou de todas as Copas do Mundo consecutivas: 2006, 2010, 2014, 2018, 2022 e se classificou para 2026. Na estreia asiática em 2006, os Socceroos chegaram às oitavas de final, sendo eliminados pela campeã Itália.
A competição mais acirrada na Ásia elevou significativamente o padrão técnico da seleção. Os jogadores australianos passaram a enfrentar regularmente equipes de alto nível como Japão, Coreia do Sul e Irã, preparando-se melhor para os desafios mundiais.
Benefícios mútuos da transferência continental
A saída da Austrália beneficiou também a Oceania, permitindo que outras seleções como Nova Zelândia tivessem chances reais de classificação. Em 2010, os neozelandeses conquistaram sua primeira vaga em Copa do Mundo, eliminando o Bahrein na repescagem.
Para a AFC, a chegada australiana trouxe maior competitividade e elevou o padrão técnico das eliminatórias asiáticas. A presença de jogadores australianos atuando na Europa fortaleceu a imagem do futebol asiático internacionalmente.