A história da descoberta do raro tubarão Gogolia filewoodi é um exemplo marcante do que os cientistas chamam de “táxon Lázaro”, termo utilizado para espécies dadas como extintas que são redescobertas, surpreendendo a comunidade científica. A espécie foi documentada pela primeira vez em 1973, quando uma fêmea grávida foi capturada próxima ao rio Gogol, em Papua-Nova Guiné. Apesar de suas características únicas, incluindo uma nadadeira dorsal distinta, o animal permaneceu “esquecido” por décadas e considerado desaparecido.
A redescoberta de Gogolia filewoodi ilustra mais uma vez a capacidade da natureza de surpreender. Entre 2020 e 2022, seis novos exemplares da espécie, cinco fêmeas e um macho, vieram a público após serem pescados por moradores locais, que originalmente buscavam outras espécies. Todos estavam na mesma região da primeira descoberta e foram encontrados a cerca de 80 metros de profundidade.
O que é um táxon Lázaro?
O nome “táxon Lázaro” faz referência à história bíblica na qual Lázaro é trazido de volta à vida. Na biologia, esse termo descreve espécies que reaparecem após terem sido consideradas extintas por longos períodos. Um caso emblemático é o celacanto, um peixe dado como extinto e que foi redescoberto em 1938. Assim como aconteceu com o celacanto, a volta do Gogolia filewoodi reforça a importância da pesquisa continuada e da atenção aos registros biológicos, mostrando que mesmo espécies “perdidas” podem surgir novamente em contextos inesperados.

Impacto da redescoberta para a ciência
Além de restaurar a espécie nos registros científicos, reaparecimentos como este estimulam novas pesquisas e iniciativas para conservação. O Gogolia filewoodi tem uma distribuição geográfica muito restrita, o que preocupa especialistas quanto à vulnerabilidade frente à pesca excessiva. Assim, mesmo em um território limitado, ações de proteção são fundamentais para garantir a sobrevivência da população redescoberta e a preservação de seu ecossistema, principalmente quando o envolvimento das comunidades locais pode ser decisivo.
O que sabemos hoje sobre Gogolia filewoodi?
Apesar das novas descobertas, a espécie ainda é classificada como “deficiente em dados” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o que significa que não existem informações suficientes para avaliar com precisão seu status de conservação. A comunidade científica está empenhada em obter mais dados, monitorar a população e desenvolver estratégias para proteger o tubarão. A linhagem evolutiva única de Gogolia filewoodi torna a espécie ainda mais relevante para pesquisas futuras.
A redescoberta desse tubarão raro inspira cientistas e conservacionistas a manterem o otimismo em relação à possível reaparição de outras espécies consideradas desaparecidas. No entanto, é fundamental o esforço conjunto entre pesquisadores e as comunidades locais para entender melhor e proteger esses ecossistemas e suas espécies especiais.