Durante toda sua lendária carreira na NBA, Michael Jordan escondeu um segredo por baixo de seu uniforme do Chicago Bulls que poucos conheciam. O maior jogador de basquete de todos os tempos religiosamente usava seus shorts de treino da Universidade da Carolina do Norte (UNC) por baixo do uniforme oficial em cada jogo.
Essa superstição aparentemente simples não apenas acompanhou Jordan em suas seis conquistas de título, mas também revolucionou para sempre o visual do basquete profissional, iniciando uma tendência que persiste até os dias atuais.
A origem emocional de uma superstição lendária
A superstição de Michael Jordan com os shorts da UNC nasceu de uma conexão profundamente emocional com seus dias universitários. Em 1982, como calouro dos Tar Heels, Jordan fez a cesta decisiva que garantiu o campeonato nacional NCAA contra Georgetown, marcando para sempre sua trajetória no basquete.
Após essa vitória histórica, Jordan desenvolveu uma crença inabalável de que aqueles shorts azuis da Carolina do Norte eram sua fonte de sorte. Quando foi selecionado pelo Chicago Bulls em 1984 como a terceira escolha geral do draft, ele se recusou a abandonar esse ritual. Mesmo sabendo que seria impossível usar shorts azuis com o uniforme vermelho do Bulls, Jordan encontrou uma solução criativa: passou a vesti-los por baixo do uniforme oficial, mantendo sua conexão espiritual com os dias de glória universitária.
Como esse hábito mudou o visual da NBA para sempre?
O que começou como uma superstição pessoal acabou transformando completamente a estética do basquete profissional. Na década de 1980, os shorts da NBA eram notoriamente curtos e justos, seguindo o padrão estabelecido desde os primórdios da liga. No entanto, para esconder seus shorts azuis da UNC, Michael Jordan precisou convencer o Bulls a lhe fornecer uniformes mais longos e largos.
Essa mudança não passou despercebida pelos outros jogadores e times da liga. O famoso Fab Five da Universidade de Michigan que incluía futuros astros da NBA como Chris Webber, Jalen Rose e Juwan Howard abraçou essa tendência de shorts mais longos. Gradualmente, toda a NBA adotou esse novo estilo, e hoje seria impensável ver jogadores profissionais usando os shorts curtos da era pré-Jordan. Byron Scott, ex-jogador e técnico da NBA, confirmou que “MJ começou essa tendência porque queria usar seus shorts da Carolina do Norte por baixo, e eles eram muito compridos e apareciam. Então eles aumentaram os shorts do Bulls para cobrir aquele azul da Carolina do Norte.”
Quais outras manias secretas Jordan tinha?
Os shorts da UNC eram apenas uma das várias superstições obsessivas que Michael Jordan mantinha para se sentir confiante em quadra. John Salley, ex-companheiro de equipe no Bulls, revelou recentemente uma das manias mais peculiares do astro: Jordan meticulosamente media suas meias antes de cada jogo para garantir que estivessem exatamente na mesma altura em ambos os pés.
Outras superstições notáveis de Jordan incluíam usar um par de tênis completamente novo em cada jogo. “Você se sente energético, você sente que tem algo para mostrar. Eu queria esse sentimento em todos os jogos”, explicou Jordan. Ele também tinha o ritual de colocar resina nas mãos antes do início de cada partida, batendo palmas e espalhando o pó, tradição que depois foi adotada por Kevin Garnett e LeBron James.
- Shorts da UNC usados em todos os 1.072 jogos da carreira na NBA
- Tênis novos em cada partida para se sentir “energético e renovado”
- Meias medidas obsessivamente para ficarem na mesma altura
- Ritual da resina nas mãos antes de cada jogo que influenciou outros astros
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A superstição que transcendeu o esporte
A superstição dos shorts da UNC transcendeu o basquete e se tornou parte da cultura popular americana. No filme “Space Jam” de 1996, Michael Jordan explica para seus companheiros Looney Tunes: “Façam o que for, mas não esqueçam meus shorts da Carolina do Norte. Eu os usei por baixo do meu uniforme do Chicago Bulls em todos os jogos.” Quando os personagens demonstram nojo, Jordan rapidamente os tranquiliza: “Ei, eu os lavava depois de cada jogo.”
Recentemente, a marca Jordan da Nike honrou essa lendária superstição lançando o Air Jordan 3 “Lucky Shorts”, com detalhes em azul Carolina que remetem aos shorts históricos. A NBA também precisou adaptar suas regras de uniformes ao longo dos anos, em parte devido às inovações estilísticas iniciadas por Jordan. O impacto foi tão significativo que hoje é impossível imaginar o basquete moderno sem os shorts longos que se tornaram padrão em todos os níveis do esporte, desde o colegial até a NBA.