Aos 18 anos, Estêvão Willian vive uma realidade que poucos jovens experimentam. Entre os títulos pelo Palmeiras e a transferência milionária para o Chelsea, o atacante precisa equilibrar a pressão de ser chamado de “novo Messinho” com os desafios típicos da adolescência. Como ele consegue administrar tudo isso?
- A rotina rigorosa que mantém Estêvão focado mesmo com a fama precoce
- O papel fundamental da família na preparação psicológica para a mudança à Inglaterra
- Os desafios de se adaptar ao futebol inglês após ser revelação do Brasileirão
A família como pilar de sustentação
A família de Estêvão sempre foi o alicerce de sua trajetória. Quando tinha apenas 8 anos, seus pais tomaram a difícil decisão de se mudar de Franca, interior de São Paulo, para Belo Horizonte, para que ele pudesse integrar as categorias de base do Cruzeiro.
“Quanto mais velho fico, mais louco parece. Ainda me lembro do quanto vocês oraram no ano anterior à nossa saída de São Paulo para Belo Horizonte”, relembrou Estêvão em entrevista ao Players Tribune. A mudança não foi fácil – muitas pessoas questionaram os pais: “O menino tem oito anos. Você está louco?”
Hoje, com a transferência para o Chelsea já confirmada, a família continua sendo o porto seguro. Eles mantêm meus pés no chão, cobram o melhor aqui para focar, para a cabeça estar aqui, revelou o jogador sobre como os familiares o ajudam a manter o foco no Palmeiras.
O desafio de manter a cabeça no presente
Prestes a se transferir para a Inglaterra após o Mundial de Clubes, Estêvão admite enfrentar dificuldades para manter o foco no presente. “Às vezes é difícil, você se imagina na Europa, jogando com vários outros jogadores, com tudo que representa a Europa, um sonho meu”, confessou o atacante.
O apoio psicológico é fundamental nesse processo. O Palmeiras conta com uma estrutura robusta de preparação mental, liderada pela psicóloga Gisele Silva, que trabalha há mais de 15 anos no clube. “O trabalho é inteiramente alinhado com a comissão técnica”, explica a profissional, destacando como o suporte emocional é integrado ao desenvolvimento dos atletas.
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Rotina de um adolescente milionário
Diferente de muitos jovens da sua idade, Estêvão mantém uma rotina disciplinada. “Sou um moleque de 17 anos que somente quer jogar futebol, dar alegria à torcida palmeirense, à minha família”, declarou durante a premiação da Bola de Prata, onde foi eleito revelação do Brasileirão.
O jovem atacante evita se perder na fama precoce. Ele se considera estar em seu “parque de diversões” quando está em campo, mas mantém os pés no chão através do trabalho constante e do suporte familiar. A preparação para o Chelsea inclui não apenas aspectos técnicos, mas também psicológicos.
Preparação psicológica para a Premier League
A mudança para a Inglaterra representa muito mais que uma simples transferência esportiva. Estêvão reconhece os desafios que o aguardam: “Sei que terei dificuldades”, admitiu o jogador ao falar sobre sua futura adaptação ao futebol inglês.
O processo de preparação começou muito antes da transferência oficial. A família já decidiu que irá junto para Londres: “Por tudo o que eles me agregam, minha família vai comigo sim. Vai meu pai, minha mãe, minha irmã… todo mundo topou”, revelou Estêvão em entrevista à revista Placar.
A escolha pelo Chelsea também foi estratégica. “Acho que ainda mais agora, com um time que está dando oportunidades para os jovens. Isso me chamou muita atenção e da minha família também”, explicou o atacante sobre os motivos que o levaram a aceitar a proposta inglesa.
Lidando com a pressão de ser o “Novo Messinho”
O apelido “Messinho”, que o acompanha desde os tempos de Cruzeiro, traz tanto prestígio quanto pressão. Estêvão prefere ser chamado apenas pelo nome, demonstrando maturidade para lidar com as comparações inevitáveis.
“Não me chamem de Messinho”, pediu o jovem, mostrando que, apesar da pouca idade, compreende a importância de construir sua própria identidade no futebol. As comparações com Lionel Messi são frequentes – ambos são canhotos, habilidosos e têm visão de jogo apurada.
A pressão aumentou após suas atuações destacadas. Com 13 gols e 9 assistências no Brasileirão 2024, ele superou o desempenho de Neymar em sua primeira temporada profissional no Santos. Essa precocidade gera expectativas enormes, mas Estêvão parece preparado para enfrentá-las.
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O trabalho interno de preparação mental
No Palmeiras, Estêvão conta com acompanhamento psicológico especializado. A estrutura do clube inclui monitoramento constante do estado emocional dos atletas, especialmente os mais jovens que enfrentam pressões extraordinárias.
“Em todos os momentos, monitoramos o estado emocional e incentivamos que o atleta mantenha a sua rotina de treino mental”, explica a psicóloga Gisele Silva. O trabalho inclui preparação para jogos decisivos e gestão da ansiedade relacionada ao futuro.
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, também desempenha papel fundamental nesse processo. O treinador português é conhecido por seus “mantras” motivacionais e por trabalhar aspectos mentais com os jogadores, especialmente nas “Crias da Academia”.
Planos e expectativas para o futuro
A transferência para o Chelsea representa apenas o início dos sonhos de Estêvão. Ele tem planos ambiciosos: conquistar a Copa do Mundo com a Seleção Brasileira e, um dia, ganhar a Bola de Ouro. “Esse são sonhos que tenho, mas sei que preciso trabalhar muito para chegar lá”, declarou.
A adaptação à Premier League será o primeiro grande teste. Estêvão terá que competir por posição com jogadores experientes como Cole Palmer e Noni Madueke, mas o Chelsea demonstrou confiança ao investir 61,5 milhões de euros em sua contratação.
A mudança está marcada para julho de 2025, após o Mundial de Clubes. Até lá, o jovem promete dar o máximo pelo Palmeiras: “Pode esperar uma versão ainda melhor do que teve esse ano”, garantiu aos torcedores palmeirenses.
Maturidade além dos 18 anos
- Estêvão demonstra consciência dos desafios que enfrentará na Inglaterra, preparando-se psicologicamente com antecedência
- O suporte familiar continua sendo fundamental para manter o equilíbrio entre fama precoce e desenvolvimento pessoal
- A estrutura profissional do Palmeiras oferece base sólida para que jovens talentos lidem com pressões extraordinárias da carreira futebolística