No universo da meteorologia, fenômenos extraordinários como o relâmpago de extensão recorde observados em 2017 continuam a desafiar o conhecimento tradicional sobre o comportamento atmosférico. Um raio cruzou o céu, percorrendo impressionantes 829 quilômetros desde o Texas até o Kansas, nos Estados Unidos, estabelecendo um marco histórico. O episódio foi minuciosamente relatado no Boletim da American Meteorological Society em 31 de julho de 2025, oferecendo uma análise detalhada desse raro evento natural.
O registro deste relâmpago singular foi possível graças ao satélite GOES-16 da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), lançado em 2016. Munido de tecnologia avançada de mapeamento de relâmpagos geossíncronos (GLM), o satélite permitiu registrar com grande precisão a ocorrência. Inicialmente, o fenômeno foi identificado logo após sua ocorrência, mas só após uma análise aprofundada coordenada por Michael Peterson, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, foi confirmada a classificação desse relâmpago como um evento contínuo de extensão inédita.
Como se formam relâmpagos de extensão surpreendente?
Normalmente, relâmpagos ocorrem devido ao acúmulo e separação de cargas elétricas nas nuvens, desencadeando descargas de alta voltagem — a maioria delas vertical, indo do céu ao solo, com extensão que não costuma ultrapassar 16 quilômetros. Em situações específicas, todavia, os relâmpagos podem se espalhar horizontalmente de maneira surpreendente, especialmente entre nuvens extensas.
Para que surjam eventos como o raio recordista dos Estados Unidos, é indispensável a presença de nuvens de grande porte e vasta extensão horizontal. Na meteorologia, descargas elétricas com comprimento acima de 100 quilômetros são denominadas “super-relâmpagos”. A medição precisa dessas distâncias é possível graças à combinação de dados de satélites e sensores terrestres, formando uma visão tridimensional detalhada que mapeia o comprimento e a trajetória do relâmpago.

Por que super-relâmpagos ocorrem nas grandes planícies?
As Grandes Planícies norte-americanas, situadas entre o rio Mississippi e as Montanhas Rochosas, são célebres pela frequência e intensidade de tempestades monumentais. O clima característico da região, com grandes áreas abertas e ampla formação de nuvens, favorece a ocorrência dos super-relâmpagos. Especialistas apontam que novas marcas de extensão para esse fenômeno provavelmente surgirão nessa mesma zona, devido ao cenário ideal para a propagação horizontal das descargas elétricas.
Tecnologias cruciais para detectar fenômenos extremos
Os avanços tecnológicos em observação meteorológica, como satélites de última geração, têm se mostrado essenciais para identificar relâmpagos de grande alcance. Os sistemas modernos de detecção oferecem dados que ultrapassam as barreiras visuais impostas pelas nuvens, possibilitando a visualização e auditoria de descargas elétricas antes ocultas aos olhos humanos. Sem esses instrumentos, fenômenos extremos como o relâmpago de 829 quilômetros poderiam permanecer desconhecidos. As tecnologias inovadoras não só aumentaram a sensibilidade na captação desses fenômenos, como também ampliaram a compreensão científica dos eventos e suas implicações para o estudo do clima global.
A dedicação à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico na meteorologia é fundamental para registrar e decifrar fenômenos raros como os super-relâmpagos. À medida que as ferramentas evoluem, cresce a capacidade de captar dados valiosos, impulsionando novas descobertas e aprofundando o entendimento das dinâmicas climáticas em nosso planeta.