Durante viagens por áreas rurais ou proximidades de aeroportos, é frequente notar esferas de cores vivas penduradas nos cabos de energia elétrica. Embora não façam parte dos componentes elétricos, esses objetos são fundamentais para a segurança aérea. Conhecidas como balizas esféricas de sinalização visual ou esferas de balizamento, sua principal função é tornar as linhas elétricas visíveis para aeronaves que voam em baixa altitude, como helicópteros, aviões agrícolas e serviços de emergência aérea, reduzindo drasticamente o risco de acidentes.
O principal objetivo dessas balizas é aumentar a visibilidade dos fios em situações de pouca luz ou baixa visibilidade, como neblina ou céu encoberto. Por terem cores chamativas que contrastam com a paisagem, essas esferas permitem que pilotos identifiquem os cabos a grandes distâncias e evitem colisões potencialmente fatais.
Qual é a regulamentação para o uso das balizas no Brasil?
No Brasil, o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) é o principal órgão responsável pela regulamentação de obstáculos aéreos. A Portaria nº 957/GC3, de 9 de julho de 2015, estabelece as diretrizes para balizamento de objetos que possam afetar a segurança das operações aéreas. Esta regulamentação determina que as balizas devem ser instaladas em locais estratégicos, garantindo que obstáculos sejam claramente identificáveis por aeronaves em aproximação.
As normas brasileiras estipulam que as balizas precisam ser visíveis a pelo menos 1.000 metros de distância em condições climáticas favoráveis e a 300 metros nas rotas de aproximação de aeronaves no solo. A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) também complementa essas diretrizes através dos Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil (RBAC), especialmente o RBAC 154, que trata de projetos de aeródromos e auxilios visuais.
Como funciona o balizamento de obstáculos aéreos no país?
O sistema de balizamento brasileiro segue padrões internacionais rigorosos. Torres, cabos de energia elétrica, mastros e outros obstáculos devem ser sinalizados quando estão dentro de 3.000 metros da borda interna de superfícies de aproximação ou decolagem de aeródromos. Obstáculos com altura superior a 150 metros também exigem balizamento obrigatório, independentemente da localização.
O balizamento diurno é realizado através de pintura nas cores laranja e branco alternadas, sempre iniciando e terminando com a cor laranja. Para o período noturno, são utilizadas luzes de obstrução de baixa, média ou alta intensidade, dependendo da altura do obstáculo. Essas regras são fiscalizadas pelos órgãos regionais do DECEA, distribuídos por todo território nacional.
- Obstáculos até 45 metros: luzes de baixa intensidade
- Obstáculos entre 45 e 150 metros: luzes de média intensidade
- Obstáculos acima de 150 metros: luzes de alta intensidade
- Linhas de transmissão: balizas esféricas coloridas nos cabos
Por que as balizas esféricas são essenciais para linhas de transmissão?
As linhas de transmissão de energia elétrica representam um desafio especial para a aviação devido à sua extensão e altura relativamente baixa. Os cabos são praticamente invisíveis para pilotos, especialmente durante voos em baixa altitude ou condições de pouca visibilidade. As balizas esféricas resolvem essa questão crítica ao criar pontos de referência visual claramente identificáveis.
No Brasil, acidentes envolvendo aeronaves e cabos elétricos têm gerado discussões sobre a responsabilidade das concessionárias de energia. Um caso emblemático ocorreu em Caratinga/MG em 2021, quando uma aeronave colidiu com cabos não sinalizados, resultando em cinco vítimas fatais. Esse incidente destacou a importância do cumprimento rigoroso das normas de balizamento.
- Cores mais utilizadas: laranja vibrante, vermelho ou branco
- Diâmetro mínimo: 60 centímetros para garantir visibilidade adequada
- Espaçamento recomendado: intervalos regulares ao longo da linha
- Materiais: polietileno de alta densidade ou poliéster reforçado

Quais são as características técnicas das balizas brasileiras?
As balizas utilizadas no território nacional seguem especificações técnicas rigorosas para suportar as condições climáticas adversas do país. Fabricadas em materiais como polietileno de alta densidade e poliéster reforçado com fibra de vidro, as esferas pesam entre 5 e 7 kg. Essa leveza é fundamental para não sobrecarregar os cabos elétricos, mantendo a integridade estrutural do sistema.
O design das balizas deve contrastar significativamente com o ambiente circundante, evitando confusão com outras sinalizações. As cores são padronizadas: laranja vibrante é a mais comum, seguida por vermelho e combinações de branco com laranja ou vermelho. A durabilidade é outro fator crucial, pois as esferas ficam expostas constantemente às intempéries.
- Resistência UV: proteção contra deterioração solar prolongada
- Impermeabilidade: classificação IP adequada para chuvas intensas
- Resistência mecânica: suporte a ventos de até 150 km/h
- Vida útil mínima: 10 anos sob condições normais de operação
Como é feita a fiscalização e manutenção das balizas?
A fiscalização do balizamento aéreo é responsabilidade compartilhada entre DECEA e ANAC, com cada órgão atuando em suas respectivas competências. Os órgãos regionais do DECEA – CINDACTA I, II, III e IV, além do SRPV-SP – são responsáveis pelo monitoramento em suas jurisdições. Irregularidades podem ser denunciadas diretamente ao Comando da Aeronáutica através dos canais oficiais.
As concessionárias de energia elétrica devem implementar programas de manutenção preventiva das balizas, incluindo inspeções regulares, limpeza e substituição quando necessário. Recomenda-se manutenção anual das balizas para garantir visibilidade adequada e cumprimento das normas de segurança. A não observância dessas regras pode resultar em responsabilização criminal por atentado à segurança do transporte aéreo.