O desporto motorizado português está de luto com a morte de Mário Kalssas, aos 68 anos, uma das figuras mais icônicas da história do motocross nacional. O pentacampeão nacional faleceu no dia 13 de agosto de 2025, deixando um legado imensurável na modalidade.
Natural de Vagos, Mário Jorge da Rocha, conhecido no meio como Mário Kalssas, foi muito mais que um piloto: foi um verdadeiro apaixonado pelas duas rodas que inspirou gerações inteiras de entusiastas do motocross português.
A história por trás do nome Kalssas e o início de uma lenda
A alcunha Mário Kalssas tem uma origem curiosa e familiar: foi surripiada do seu próprio bisavô. Durante a carreira desportiva, o piloto optou por uma mudança estratégica no seu nome de marca, substituindo o “c” por “k”, criando assim a identidade que se tornaria lendária no motocross português.
O percurso competitivo de Kalssas começou em 1975 com uma modesta Zündapp, quando ainda era um jovem sonhador de Vagos. Três anos depois, em 1978, já mostrava sinais do talento que o levaria ao topo, conquistando o vice-campeonato de MX 250cc pilotando uma Villa, prenunciando os sucessos que estavam por vir.
Os cinco títulos nacionais que fizeram história no motocross português
O palmarés de Mário Kalssas é verdadeiramente impressionante e único na história do motocross nacional. Entre 1987 e 1989, o piloto de Vagos dominou completamente as principais categorias da modalidade, conquistando cinco títulos nacionais consecutivos que o colocaram no panteão dos grandes do desporto motorizado português.
A sua supremacia foi evidente tanto na categoria de 250cc, onde foi campeão em 1987 e 1988, como na prestigiada categoria de 500cc, onde reinou soberano durante três anos consecutivos: 1987, 1988 e 1989. Esta sequência de vitórias estabeleceu Kalssas como o piloto mais dominante da sua geração no motocross nacional.
- Campeão Nacional 250cc: 1987 e 1988
- Campeão Nacional 500cc: 1987, 1988 e 1989
- Representação internacional em todas as provas por seleções da FIM
- Participação no Motocross das Nações, Troféu das Nações e Taça das Nações
Representante internacional único: Portugal em todas as competições por seleções
O que distingue verdadeiramente Mário Kalssas de todos os outros pilotos portugueses é um feito extraordinário: ele foi um dos apenas dois pilotos que participaram em todas as provas por seleções alguma vez realizadas sob a égide da Federação Internacional de Motociclismo. Esta presença constante demonstra não apenas o seu talento, mas também a confiança que as autoridades nacionais depositavam nas suas capacidades.
As suas participações internacionais incluem marcos históricos como o Motocross das Nações em França (1988), o Troféu das Nações na Suécia (1984), e múltiplas participações na Taça das Nações na Itália (1981 e 1982) e Suíça (1983). Cada uma destas competições representa o mais alto nível do motocross mundial, onde Kalssas dignificou as cores portuguesas.
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O legado após a retirada: de campeão a formador de futuras gerações
Após se retirar da competição no final da temporada de 1990, Mário Kalssas não se afastou da modalidade que tanto amava. Em vez disso, reinventou-se como mentor e promotor do motocross, organizando uma escola de pilotagem onde transmitiu os seus conhecimentos e experiência a jovens aspirantes a pilotos.
Para além da escola, Kalssas dedicou-se também à organização de diversas corridas de MX e SX, contribuindo ativamente para o desenvolvimento e promoção da modalidade em Portugal. A sua dedicação pós-carreira demonstra que a paixão pelas duas rodas ia muito além da competição, estendendo-se ao desejo genuíno de fazer crescer o motocross português e inspirar novas gerações de pilotos.