Em 12 de agosto de 2003, o Manchester United apresentou dois novos contratados que marcariam a história do futebol mundial. Porém, naquele dia, não era Cristiano Ronaldo quem roubava as atenções da imprensa e dos torcedores, mas sim Kléberson, o volante brasileiro pentacampeão mundial.
- Kléberson era a estrela da apresentação como campeão mundial de 2002 e herói da final
- Cristiano Ronaldo tinha apenas 18 anos e era considerado uma simples promessa portuguesa
- O brasileiro se tornou amigo próximo de CR7 e previu seu futuro sucesso no futebol inglês
O herói brasileiro da Copa de 2002 que conquistou Alex Ferguson
José Kléberson Pereira chegou ao Manchester United após brilhar na Copa do Mundo de 2002 no Japão e Coreia do Sul. Começou o torneio na reserva, mas substituiu Juninho Paulista e se tornou peça fundamental no esquema 3-5-2 de Luiz Felipe Scolari.
Na final contra a Alemanha, Kléberson teve atuação espetacular. Acertou uma bola no travessão de Oliver Kahn no primeiro tempo e deu a assistência para o segundo gol brasileiro, com corta-luz genial de Rivaldo para Ronaldo balançar as redes.
Sir Alex Ferguson estava convencido de que havia encontrado o substituto ideal para Juan Sebastián Verón. Uma das razões pelas quais vendemos o Verón, é porque sabia que iríamos acertar com o Kléberson, declarou o lendário técnico escocês após a contratação.
A apresentação histórica onde Cristiano ficou em segundo plano
Quando cheguei ao Manchester para assinar contrato, estava lá um empresário com um atleta falando português. Quem é esse menino?, questionou Kléberson sobre Cristiano Ronaldo naquele dia histórico de agosto de 2003.
O United pagou 6,5 milhões de libras por Kléberson e 12 milhões por Cristiano, mas era o brasileiro quem despertava maior interesse da imprensa. É até engraçado. Foi a última e talvez única vez em que o Ronaldo ficou em segundo plano em uma apresentação, relembrou o pentacampeão.
Kléberson chegou com status de campeão mundial e tendo feito um belo jogo contra a Inglaterra nas quartas de final da Copa de 2002. Cristiano era apenas uma promessa portuguesa de 18 anos que havia se destacado em um amistoso de pré-temporada pelo Sporting.
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A amizade improvável entre brasileiro e português
Não tínhamos uma diferença de idade tão grande e o primeiro contato foi sensacional, porque conversáramos mais por causa do idioma e fazíamos aulas de inglês juntos, revelou Kléberson sobre o início da amizade com Cristiano.
Os dois se tornaram próximos rapidamente, compartilhando o quarto na concentração do Manchester United. Tínhamos muito contato porque a minha família se tornou amiga da dele. Fazíamos jantares e churrascos juntos. Um ajudava ao outro no começo, contou o brasileiro.
Cristiano sempre brincava com o sotaque brasileiro. Às vezes ele brincava que a gente não falava português, mas ‘brasileiro’. E que o verdadeiro português era o deles, lembrou Kléberson, demonstrando o clima descontraído entre os compatriotas linguísticos.
Kléberson já previa o futuro brilhante de Cristiano Ronaldo
Apesar de ser a estrela da apresentação, Kléberson rapidamente percebeu o potencial de Cristiano. No primeiro treino em campo, era claro que ele ia estourar. Ele tinha 18 anos e tinha qualidade técnica e criatividade, analisou o brasileiro.
O volante brasileiro notou que o futebol inglês da época favoreceria o estilo de jogo do português. Ainda mais no futebol inglês, que não tinha tantos jogadores como ele. Dava para ver fácil que poderia dar certo no United, profetizou Kléberson sobre o futuro de CR7.
No vestiário, havia brincadeiras constantes com o jovem Cristiano. Tínhamos uma brincadeira com Fortune e o Forlán que o Ronaldo não gostava muito. A gente dizia para ele que o Figo era melhor do que ele. Ele não gostava muito, revelou Kléberson sobre as provocações amigáveis.
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O que aconteceu com Kléberson após ofuscar Cristiano Ronaldo
Infelizmente, a carreira de Kléberson no Manchester United não correspondeu às expectativas iniciais. Logo no segundo jogo pelo clube, em agosto de 2003, o brasileiro sofreu uma luxação no ombro que o tirou por quase três meses dos gramados.
As lesões constantes atrapalharam o desempenho do volante, que ainda enfrentou forte concorrência de jogadores como Paul Scholes e Roy Keane. Em 2005, sem espaço na equipe, foi vendido ao Besiktas da Turquia após disputar apenas 30 partidas e marcar dois gols pelos Red Devils.
Enquanto isso, Cristiano Ronaldo floresceu no United e se tornou uma das maiores estrelas do futebol mundial. O brasileiro, que inicialmente o ofuscou, seguiu carreira respeitável passando por Flamengo, onde foi campeão brasileiro em 2009, e posteriormente jogou nos Estados Unidos até se aposentar em 2017.
- Kléberson chegou como estrela mundial mas lesões prejudicaram sua adaptação ao futebol inglês
- Cristiano Ronaldo, inicialmente ofuscado, desenvolveu-se rapidamente e se tornou lenda do United
- A amizade entre os dois demonstra como o futebol conecta culturas e cria laços duradouros