No mundo do futebol, onde o consumo e a pegada ambiental são tradicionalmente altos, um pequeno clube inglês da cidade de Nailsworth está reescrevendo as regras do jogo. O Forest Green Rovers se tornou o primeiro clube de futebol profissional reconhecido pela ONU como neutro em carbono, estabelecendo um novo padrão para o esporte global.
- Conhecer as ações revolucionárias que tornaram o Forest Green Rovers neutro em carbono
- Descobrir como um clube da quinta divisão inglesa se tornou referência mundial em sustentabilidade
- Entender o impacto dessas práticas sustentáveis no futebol e no meio ambiente
A transformação histórica que mudou o futebol mundial
Em 2017, a FIFA reconheceu o Forest Green Rovers como o clube mais ambientalmente sustentável do mundo. Dois anos depois, em 2019, a Organização das Nações Unidas deu um passo além, certificando-o como o primeiro clube de futebol neutro em carbono do planeta.
Essa conquista histórica não aconteceu por acaso. O clube implementou um programa abrangente que aborda três pilares fundamentais: energia, transporte e alimentação. Segundo Dale Vince, presidente do clube, aproximadamente 80% da pegada de carbono de uma pessoa vem dessas três áreas específicas.
A certificação da ONU representa muito mais que um reconhecimento simbólico. Ela valida cientificamente que é possível operar um clube de futebol profissional sem contribuir para as mudanças climáticas, estabelecendo um modelo replicável para toda a indústria esportiva mundial.
Das origens centenárias à revolução verde de Dale Vince
O Forest Green Rovers foi fundado em 1889 pelo reverendo E. J. H. Peach, para representar a região de Forest Green na cidade de Nailsworth, Gloucestershire. Durante mais de um século, o clube permaneceu nas divisões regionais, conquistando títulos locais e se estabelecendo como uma instituição comunitária tradicional.
A verdadeira revolução começou em 2010, quando Dale Vince, empresário do setor de energias renováveis e fundador da Ecotricity, assumiu o controle do clube que estava à beira da falência. Vince, ex-ativista ambiental e viajante dos anos 1980, viu no futebol uma oportunidade única de disseminar práticas sustentáveis.
Atualmente, o clube compete na National League, a quinta divisão do futebol inglês, mas sua influência transcende completamente sua posição na hierarquia futebolística. O time conquistou o acesso à League Two em 2017, tornando-se profissional e expandindo ainda mais suas iniciativas ecológicas.
Energia renovável e tecnologia verde em cada detalhe

Toda a energia das instalações do Forest Green Rovers provém exclusivamente de fontes renováveis. O estádio New Lawn possui painéis solares instalados sobre as arquibancadas, complementados por energia eólica gerada pela empresa de Vince, garantindo 100% de energia limpa.
O gramado do clube é completamente orgânico, adubado com algas marinhas e irrigado exclusivamente com água coletada da chuva. Os cortadores de grama funcionam com energia solar e são direcionados por GPS, eliminando a necessidade de combustíveis fósseis na manutenção do campo.
Produtos químicos como pesticidas e herbicidas foram completamente banidos. Ervas daninhas são removidas manualmente, preservando a qualidade orgânica do solo e protegendo a biodiversidade local. O estacionamento oferece estações de carregamento para veículos elétricos, incentivando torcedores e funcionários a adotarem transporte sustentável.
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Revolução alimentar: o primeiro clube 100% vegano do mundo
Em 2015, o Forest Green Rovers se tornou o primeiro clube de futebol do mundo a adotar um cardápio 100% vegano. A transição começou em 2011 com a eliminação da carne vermelha, evoluindo gradualmente até banir completamente todos os produtos de origem animal.
Os torcedores encontram no estádio todas as comidas tradicionais de futebol – hambúrgueres, batatas fritas, pizzas e sopas – mas todas preparadas com ingredientes veganos. O famoso “Devil’s Kitchen burger” se tornou um verdadeiro sucesso de vendas, provando que sustentabilidade e sabor podem caminhar juntos.
Os jogadores recebem orientação nutricional especializada e não são obrigados a manter a dieta vegana fora do clube, mas são incentivados e apoiados caso escolham fazer essa transição. Muitos atletas relataram melhorias na performance e recuperação após adotarem a alimentação plant-based.
Inovação sustentável: uniformes de café e estádio de madeira
Os uniformes do Forest Green Rovers representam inovação constante em materiais sustentáveis. Inicialmente desenvolvidos com bambu e poliéster reciclado, a mais recente versão utiliza fibras produzidas a partir de sobras de grãos de café, criando um tecido mais leve, respirável e durável.
O projeto mais ambicioso do clube é a construção do Eco Park Stadium, um estádio com capacidade para 5.000 espectadores feito inteiramente de madeira. Projetado pela renomada arquiteta Zaha Hadid, o estádio será integrado a um parque com 500 árvores e 1,8 quilômetros de sebes para promover biodiversidade.
Cada ingresso para jogos fora de casa inclui informações sobre a pegada de carbono da viagem do torcedor, e o clube oferece esquemas de compensação embutidos nos preços. O dinheiro arrecadado é reinvestido em projetos de mitigação de carbono, fechando o ciclo de responsabilidade ambiental.
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O Forest Green Rovers inspira uma nova era no futebol sustentável
O impacto do Forest Green Rovers vai muito além de Nailsworth. O clube provou que é possível combinar paixão pelo futebol com responsabilidade ambiental total, inspirando outros clubes ao redor do mundo a repensarem suas práticas operacionais.
Dale Vince se tornou embaixador da iniciativa “Esportes pela Ação Climática” da ONU, utilizando o alcance global do futebol para promover comportamentos de baixo carbono. A visibilidade internacional do clube demonstra que sustentabilidade pode ser uma estratégia comercial vencedora.
- O Forest Green Rovers estabeleceu que neutralidade de carbono é viável e lucrativa no futebol profissional
- Suas práticas inovadoras em energia, alimentação e materiais criaram um modelo replicável para toda a indústria esportiva
- O clube provou que times menores podem liderar revoluções globais através de visão e comprometimento com causas maiores