A CBF implementou uma nova regra que pune jogadores que sobem na bola com os dois pés durante as partidas. A medida, apelidada de “regra anti-Memphis”, prevê cartão amarelo e tiro livre indireto para a equipe adversária como penalidades para essa atitude.
A decisão veio após a polêmica protagonizada por Memphis Depay na final do Campeonato Paulista entre Corinthians e Palmeiras, onde o atacante holandês provocou uma confusão generalizada ao realizar o gesto perto da linha de fundo.
- A punição inclui cartão amarelo para o jogador infrator
- Será marcado tiro livre indireto a favor da equipe adversária no local da infração
- A regra segue orientação da Conmebol para competições continentais
O que motivou a criação da regra anti-Memphis na CBF

A nova regra da CBF surgiu diretamente após o episódio protagonizado por Memphis Depay na final do Paulistão. Durante a partida decisiva contra o Palmeiras, o atacante do Corinthians subiu na bola por alguns segundos, gerando uma confusão generalizada entre os jogadores.
Segundo a Comissão de Arbitragem da CBF, esse tipo de comportamento causa “transtorno e confrontos generalizados” nas partidas, além de oferecer risco de lesão para o próprio jogador e prejudicar a imagem do esporte.
O órgão máximo do futebol brasileiro justificou a medida alegando que tal atitude representa falta de respeito pelo futebol e pode ser classificada como conduta antidesportiva, conforme previsto no livro de regras.
Como funciona a punição para quem subir na bola
O Ofício 964/2025 da CBF estabelece duas penalidades específicas para jogadores que subirem na bola com os dois pés durante uma partida oficial. A primeira é a aplicação imediata de cartão amarelo ao infrator.
Além da advertência, será marcado um tiro livre indireto a favor da equipe adversária, que deve ser cobrado exatamente no local onde ocorreu a infração. Essa dupla punição busca desencorajar a prática.
A medida se enquadra na regra que trata de conduta antidesportiva, especificamente no item que menciona “mostrar falta de respeito pelo futebol” como justificativa para a aplicação do cartão amarelo.
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Memphis Depay critica duramente a nova regra da CBF
Memphis Depay não ficou em silêncio após a implementação da nova regra. O atacante holandês criticou duramente a decisão da CBF em suas redes sociais e em entrevistas, chamando a medida de “anúncio idiota”.
O jogador do Corinthians questionou as prioridades da entidade brasileira, afirmando que veio ao Brasil para “vivenciar o jogo bonito” e que esse tipo de regulamentação limita a alegria e a paixão dos jogadores em campo.
“Quem está decidindo o futuro deste lindo país do futebol?”, questionou Memphis em suas declarações. O holandês também sugeriu que a CBF deveria focar em regras que realmente melhorem o esporte ao invés de criar “anúncios bobos”.
Por que a CBF seguiu orientação da Conmebol
Após a repercussão negativa, a CBF esclareceu que a nova regra não foi uma iniciativa isolada. A entidade brasileira seguiu uma orientação específica da Conmebol para padronizar as punições em todas as competições sul-americanas.
A Conmebol orientou os árbitros internacionais e assessores que atuam nas competições continentais sobre a necessidade de aplicar essa medida técnica e disciplinar durante as partidas da Libertadores e Sul-Americana.
De acordo com a CBF, essa padronização visa ajudar os clubes brasileiros que disputam competições internacionais, incluindo a Seleção Brasileira em todas as suas categorias, para que já estejam familiarizados com as regras continentais.
Reação de jogadores e ex-atletas à regra anti-Memphis
A nova regra gerou forte reação entre jogadores ativos e ex-atletas do futebol brasileiro. Felipe Melo foi um dos mais críticos, convocando outros atletas para se manifestarem contra a medida que considerou “um absurdo”.
O zagueiro argumentou que o Brasil é pentacampeão mundial justamente pela alegria de jogar futebol e questionou se essa regra também se aplicaria às crianças que jogam na rua. “Vão explicar para eles que não pode pisar em cima da bola?”, questionou.
Denilson, pentacampeão mundial em 2002, afirmou que decisões como essa acabam tirando a personalidade dos atletas em campo. O ex-jogador relacionou a medida à constante pergunta sobre por que não existem mais jogadores com personalidade como antigamente.
Atenção: Outros jogadores como Neymar também se manifestaram contra a medida através de suas redes sociais, demonstrando o descontentamento generalizado da classe atlética.
Precedentes históricos do gesto de subir na bola

O movimento de pisar na bola não é uma novidade no futebol brasileiro. Em 2023, o atacante venezuelano Solteldo, então no Santos, já havia utilizado a mesma prática em um jogo contra o Vasco na Vila Bélmiro.
Na ocasião, Solteldo foi punido com cartão amarelo após gerar uma confusão generalizada, mostrando que a arbitragem brasileira já vinha interpretando essa atitude como conduta antidesportiva antes mesmo da formalização da regra.
O episódio com o jogador venezuelano serviu como precedente para a CBF justificar a necessidade de uma orientação oficial e padronizada sobre o assunto, evitando interpretações divergentes entre diferentes árbitros.
Impacto da regra no futebol brasileiro contemporâneo
A implementação da regra anti-Memphis levanta questões importantes sobre a evolução do futebol brasileiro moderno. A medida representa uma tentativa de equilibrar a criatividade individual com a manutenção da ordem durante as partidas.
Para alguns, a regra é necessária para evitar provocações desnecessárias que podem levar a confrontos violentos entre jogadores. Para outros, representa uma limitação excessiva à expressão artística e à personalidade dos atletas em campo.
O futebol brasileiro sempre foi conhecido mundialmente pela criatividade, alegria e técnica apurada de seus jogadores. A nova regra coloca em debate se esse tipo de regulamentação preserva ou compromete essas características históricas.
Como a regra afeta as competições nacionais e internacionais
A padronização da regra com as competições da Conmebol busca evitar que jogadores brasileiros sejam surpreendidos por punições diferentes quando atuam na Libertadores ou Sul-Americana.
No Campeonato Brasileiro e demais competições nacionais, a regra já está em vigor desde abril de 2025, com os árbitros orientados a aplicar imediatamente as penalidades previstas no ofício da CBF.
A medida também se estende às categorias de base, conforme já demonstrado em uma partida do Sul-Americano Sub-17, onde jogadores brasileiro e boliviano foram advertidos por realizar o gesto em momentos distintos da mesma partida.
O futuro do futebol arte sob novas regulamentações
A polêmica em torno da regra anti-Memphis representa um microcosmo das discussões atuais sobre os rumos do futebol mundial. Entre a necessidade de manter a ordem e a preservação da criatividade individual, as entidades buscam encontrar um equilíbrio sustentável.
O debate levantado por jogadores como Memphis Depay e Felipe Melo questiona se essas regulamentações excessivas podem comprometer a essência do futebol brasileiro, historicamente reconhecido pela sua expressão artística e alegria.
A resposta da CBF de que seguiu orientações da Conmebol demonstra como as decisões no futebol moderno cada vez mais seguem padrões continentais e globais, nem sempre alinhados com as tradições locais de cada país.
Uma medida necessária ou exagero regulatório
- A regra busca evitar confrontos e confusões generalizadas durante as partidas oficiais
- Jogadores e ex-atletas questionam se a medida limita a criatividade e personalidade no futebol brasileiro
- A padronização com as competições da Conmebol visa facilitar a adaptação dos clubes brasileiros no cenário internacional