A pontuação do tênis intriga fãs e iniciantes com sua sequência única de 15, 30, 40 e game ao invés da contagem tradicional de 1, 2, 3, 4. Esse sistema peculiar tem raízes históricas fascinantes que remontam à França medieval e tornou-se uma das características mais distintivas do esporte.
Descubra as principais teorias sobre essa contagem única no tênis:
- Teoria do relógio medieval – cada ponto representava um quarto de hora no mostrador
- Herança do Jeu de Paume – o ancestral francês do tênis usava essa contagem
- Sistema de avanço na quadra – jogadores avançavam 15 pés a cada ponto marcado
Qual a origem histórica da pontuação 15-30-40

A contagem do tênis tem origem no século XVI na França, quando o esporte começou a ganhar popularidade entre a nobreza européia. O sistema deriva do ancestral do tênis moderno, conhecido como “Jeu de Paume” ou “jogo da palma”.
O jogo de tênis, como conhecemos hoje, é derivado do chamado jogo de palma (em francês “jeu de paume“), praticado há pelo menos mil anos. A contagem dos pontos do jogo de tênis como conhecemos, assim como muitos outros aspectos, herdou a contagem estabelecida no jogo de palma.
Inicialmente, os monges franceses praticavam esse esporte nos mosteiros durante os séculos XII e XIII. Como o próprio nome já diz, inicialmente era um jogo em que as mãos eram utilizadas para passar a bola para o lado da quadra do adversário.
Como funcionava o sistema do relógio medieval
A teoria mais aceita sobre a pontuação única do tênis está relacionada aos relógios medievais da França. Existe a teoria de que a pontuação era marcada nos ponteiros dos antigos relógios de parede.
O antecessor do tênis já utilizava esse sistema que se baseia nos quartos de hora em um relógio. Cada ponto correspondia a um movimento do ponteiro: 15 minutos para o primeiro ponto, 30 minutos para o segundo, 45 minutos para o terceiro e 60 minutos completava o game.
O 40 passou a ser utilizado como uma abreviação do 45, pois é pronunciado mais rápido, uma vez que a pontuação é cantada a cada início de jogada. Como após o 40 o jogador vence o game, nunca existiu a necessidade de falar a pontuação que vem depois, em tese o 60, completando a volta da hora.
Por que 40 ao invés de 45 na contagem
A mudança do 45 para 40 representa uma das adaptações mais práticas da história do tênis. Com o tempo, o “45” foi substituído por “40” para simplificar os anúncios durante as partidas.
Essa alteração aconteceu por questões de praticidade durante os jogos. A palavra “quarenta” é mais rápida de pronunciar do que “quarenta e cinco”, facilitando o trabalho dos árbitros que precisam anunciar o placar constantemente.
Se acredita que esta troca foi feita para facilitar a pronunciação durante a partida. Além disso, quando há empate em 40-40, o jogo entra em uma situação especial chamada “deuce”, exigindo dois pontos consecutivos para a vitória.
Teoria do avanço na quadra do Jeu de Paume
Outra explicação para a contagem diferenciada do tênis está relacionada ao movimento físico dos jogadores na quadra original do Jeu de Paume. Outra teoria é que as medidas da quadra influenciaram a contagem. Em “Jeu de Paume”, a cada ponto marcado, o jogador avançava 15 pés em direção à rede, e no último ponto necessário para vencer, avançava apenas 10 pés, resultando nos números 15, 30 e 40.
Esse sistema de avanço progressivo na quadra explicaria a sequência 15-30-40. Os primeiros dois pontos permitiam avanços de 15 pés cada, mas o terceiro ponto requeria apenas 10 pés de avanço para evitar proximidade excessiva com a rede.
A lógica por trás dessa regra era manter o equilíbrio competitivo. Se o jogador avançasse mais 15 pés no terceiro ponto, ficaria muito próximo da rede, obtendo vantagem desproporcional sobre o adversário.
O que significa “love” para zero pontos
O termo “love” para representar zero pontos adiciona mais uma curiosidade à linguagem única do tênis. Outra curiosidade está no uso da palavra “love” para representar o zero. Muitos acreditam que ela deriva da expressão francesa “l’œuf”, que significa ovo, em referência ao formato do número zero.
A palavra “love” no tênis não tem relação com o sentimento romântico. Em francês, o termo “l’oeuf”, que significa ovo, pode ter sido a origem da palavra “love” usada para indicar zero pontos no jogo. Essa associação pode derivar da forma oval do ovo, semelhante ao zero.
Esse termo acabou sendo adotado em inglês e permanece como parte essencial do vocabulário do tênis até hoje. A evolução linguística transformou “l’œuf” em “love”, criando uma das expressões mais características do esporte.
Tentativas de mudança da pontuação tradicional
Ao longo da história, houve diversas tentativas de simplificar a pontuação do tênis. As tentativas de mudança da pontuação 15-30-40 seriam para estabelecer uma contagem similar a que é feita no tiebreak, com uma pontuação sequencial a partir do zero.
O sistema de tie-break, introduzido posteriormente, demonstra como seria uma contagem sequencial no tênis. Nesse formato, os pontos são contados como 1, 2, 3, 4, seguindo a lógica numérica tradicional dos outros esportes.
Como sabemos, nada foi mudado e o padrão original é mantido até hoje. A resistência à mudança vem tanto de jogadores quanto de espectadores, que consideram a pontuação tradicional parte integrante da identidade do tênis.
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Sistema sexagesimal e instrumentos astronômicos
Uma teoria menos conhecida relaciona a pontuação do tênis ao sistema sexagesimal usado historicamente para medir tempo e ângulos. Entre as teorias mais aceitas se destaca a do sistema sexagesimal, que tem como centro o número 60, que historicamente foi utilizado para medir tempos e ângulos.
Alguns estudiosos sugerem que astrônomos que jogavam tênis utilizavam instrumentos de medição como base para a contagem. Similar ao sistema sexagesimal, se diz que com quatro golpes este instrumento regresaria a sua posição de início, marcando ângulos de 15, 30, 45 e 60 graus, respectivamente.
A conexão com instrumentos como o sextante criaria uma relação matemática interessante. A história sugiere que seis sextantes, somando un total de 360 graus, seria, equivalentes a um set completo.
Como a pontuação diferente influencia a estratégia

A pontuação única do tênis vai além da curiosidade histórica, influenciando diretamente a dinâmica e estratégia do jogo. A pontuação influencia significativamente as estratégias adotadas pelos jogadores. Por exemplo, o salto de 15 para 30 e de 30 para 40 pode parecer pequeno em termos numéricos, mas cada ponto tem um peso psicológico considerável.
O sistema cria momentos de pressão específicos que não existem em esportes com contagem linear. A gestão da pressão e a habilidade de jogar bem nos “pontos importantes” muitas vezes definem o vencedor em partidas equilibradas.
Diferentemente de outros esportes onde cada ponto tem valor igual, no tênis alguns pontos ganham importância psicológica maior. O ponto que leva de 30 para 40, por exemplo, coloca o jogador a um ponto da vitória no game, criando tensão única.
A pontuação do tênis representa tradição e identidade
A manutenção do sistema de pontuação tradicional do tênis demonstra como certas tradições esportivas resistem às mudanças por representarem a essência do jogo. Apesar de várias tentativas de simplificar a pontuação, o sistema tradicional permaneceu devido à sua aceitação tanto pelos jogadores quanto pelos espectadores.
O tênis é visto como um jogo tanto mental quanto físico, e a pontuação única contribui para a complexidade e atração do esporte. Essa característica distintiva separa o tênis de outros esportes de raquete e contribui para sua identidade única.
Principais benefícios da pontuação tradicional do tênis:
- Tradição histórica que conecta o esporte moderno às suas origens medievais
- Complexidade estratégica que adiciona dimensão psicológica às partidas
- Identidade única que distingue o tênis de outros esportes