Alison Santos é um dos maiores talentos do atletismo brasileiro atual, especialista em 400 metros com barreiras e dono de recordes que o colocam entre os melhores do mundo. O jovem atleta de 24 anos conquistou medalhas olímpicas e títulos mundiais que o tornaram uma referência no esporte nacional.
- Medalhista olímpico em Tóquio 2020 e Paris 2024, conquistando bronze nos 400m com barreiras
- Campeão mundial em Oregon 2022, sendo o primeiro brasileiro a vencer esta prova
- Detentor do terceiro melhor tempo da história mundial na modalidade (46s29)
A origem do apelido Piu que marcou a carreira de Alison Santos
O apelido Piu de Alison Santos tem uma origem curiosa que remonta ao início de sua carreira no atletismo. Natural de São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, o atleta ganhou esse nome quando ingressou em um projeto social de atletismo em sua cidade natal.
Piu era originalmente um morador de rua conhecido por todos na região. O apelido chegou até Alison através de outro atleta do projeto, chamado Kainan, que havia recebido essa alcunha por sua semelhança física com o morador local.
Como Alison Santos herdou o apelido de outro atleta do projeto
Em entrevista ao Canal Olímpico do Brasil em 2021, Alison Santos explicou detalhadamente como recebeu o apelido que o acompanha até hoje. O processo foi simples, mas revelador da cultura do interior brasileiro.
“O Kainan era um atleta que começou a treinar antes de mim e recebeu esse apelido de Piu, porque ele parecia com esse morador de rua. Quando eu cheguei no projeto, uma semana depois do Kainan parar de treinar, falaram que iam me chamar pelo mesmo apelido que ele tinha, de Piu”, revelou o atleta.
A resistência inicial ao apelido acabou sendo exatamente o que o fez pegar definitivamente. “Eu sabia quem era o verdadeiro Piu, o original. E eu não gostei do apelido. Me chamavam de Piu e eu não respondia. Esse foi o problema. Quando eu não respondi, o apelido pegou”, contou Alison, demonstrando seu bom humor com a situação.
Quem é Alison Brendom Alves dos Santos: origens e família
Alison Brendom Alves dos Santos nasceu em 3 de junho de 2000, em São Joaquim da Barra, município localizado a 318 quilômetros da capital paulista. Filho de Gerson e Sueli, ele é o caçula de quatro filhos, tendo três irmãs mais velhas: Drieli, Andrieli e Anieli.
O início da vida do futuro campeão mundial foi marcado por um acidente doméstico traumático. Aos dez meses de idade, uma panela com óleo quente caiu sobre ele, causando queimaduras de terceiro grau na cabeça, braço esquerdo e peito.
Esse acidente deixou cicatrizes permanentes que influenciaram sua personalidade durante anos. A timidez resultante das marcas fez com que Alison sempre usasse bonés para esconder as cicatrizes, sendo descrito por sua primeira treinadora, Ana Fidélis, como extremamente tímido por causa das queimaduras.
O início no esporte que transformou a vida de Piu
Alison Santos começou praticando judô aos seis anos de idade, modalidade que praticou até os 14 anos. Durante esse período, já era conhecido pelo apelido Piu entre os colegas de treino.
A transição para o atletismo aconteceu em 2013, quando a família optou por buscar uma alternativa mais acessível aos altos custos do judô. Foi na Escola Técnica Estadual Pedro Badran (ETEC) que Alison descobriu sua verdadeira paixão e começou a formar as amizades que se espalharam por todo o país.
Seus primeiros passos no atletismo ocorreram através do projeto social do Instituto Edson Luciano Ribeiro, onde treinava sob orientação do medalhista olímpico Edson Luciano. Embora tenha começado no salto em altura, foi a treinadora Ana Fidélis quem percebeu seu potencial nas provas com barreiras.
Principais conquistas de Alison Santos no atletismo mundial
A trajetória vitoriosa de Piu no atletismo internacional começou ainda na categoria juvenil. Em 2017, aos 17 anos, foi campeão do revezamento 4x100m misto no Mundial Sub-18 em Nairóbi, no Quênia.
Um ano depois, conquistou o bronze dos 400m com barreiras no Mundial Sub-20 de Tampere, na Finlândia. Em 2019, o atleta quebrou sete vezes o recorde sul-americano sub-20, demonstrando sua evolução constante.
O ano de 2019 foi decisivo para sua carreira internacional. Alison venceu os Jogos Pan-americanos de Lima, no Peru, com o tempo de 48s46, classificando-se automaticamente para as Olimpíadas de Tóquio 2020.
Por que Alison Santos é considerado fenômeno do atletismo brasileiro
Alison Santos é o terceiro melhor de todos os tempos nos 400 metros com barreiras, com o tempo de 46s29 estabelecido no Mundial de Oregon em 2022. Esta marca o tornou campeão mundial e quebrou o recorde sul-americano da modalidade.
Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, ele conquistou a medalha de bronze com o tempo de 46s72, participando da final mais rápida da história dos 400m com barreiras. A prova teve os três primeiros colocados superando o antigo recorde mundial de Kevin Young, que durava desde 1992.
Em Paris 2024, Piu repetiu o feito e conquistou novamente o bronze olímpico, consolidando sua posição entre os melhores velocistas com barreiras do mundo. Aos 24 anos, já coleciona dois bronzes olímpicos, um ouro mundial e múltiplos recordes continentais.
Como o esporte ajudou Alison a superar a timidez das cicatrizes
O atletismo foi fundamental para que Alison Santos superasse a timidez causada pelas cicatrizes do acidente na infância. Segundo relatos de pessoas próximas, o esporte foi o meio pelo qual ele conseguiu desenvolver autoconfiança e autoestima.
“Ele era tão tímido por causa da queimadura que só ia de boné. Ele morria de vergonha”, revelou Ana Fidélis, sua primeira treinadora, ao portal UOL Esporte. O passar do tempo e os triunfos esportivos foram curando as feridas emocionais do atleta.
Em 2019, durante os Jogos Pan-americanos, Alison falou abertamente sobre o acidente pela primeira vez, demonstrando como havia superado o trauma. “Eu melhorei e hoje sou Alison”, disse sorrindo e orgulhoso, sem boné, mostrando naturalidade ao contar os detalhes do acidente doméstico.
Recordes e marcas que colocam Piu entre os melhores do mundo
Alison Santos quebrou o recorde sul-americano dos 400m com barreiras múltiplas vezes ao longo de sua carreira. Em 2021, bateu seis vezes seu próprio recorde continental, demonstrando evolução constante.
Sua melhor marca pessoal de 46s29, alcançada no Mundial de Oregon 2022, o coloca como terceiro melhor de todos os tempos na modalidade, atrás apenas do norueguês Karsten Warholm (45s94) e do americano Rai Benjamin (46s17).
Além dos 400m com barreiras, Piu também se destacou nos 400m rasos, registrando em abril de 2022 a segunda melhor marca brasileira da história com 44s54, prova que não é sua especialidade principal.
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O impacto de Alison Santos no atletismo brasileiro contemporâneo
Alison Santos trouxe o atletismo brasileiro de volta ao pódio olímpico individual após 33 anos. A última vez que o país havia conquistado medalha em prova individual no atletismo foi em 1988, com Joaquim Cruz (prata nos 800m) e Robson Caetano (bronze nos 200m).
Sua influência vai além das pistas. Piu se tornou inspiração para jovens atletas brasileiros, especialmente aqueles que enfrentam dificuldades pessoais ou vêm de projetos sociais como ele próprio.
O atleta paulista também ajudou a popularizar os 400m com barreiras no Brasil, modalidade que antes não tinha tradição no país. Sua presença constante entre os melhores do mundo elevou o patamar técnico do atletismo nacional.
Alison Santos consolida o atletismo brasileiro no cenário mundial
Alison Santos representa a nova geração do atletismo brasileiro que compete de igual para igual com os melhores do mundo. Suas conquistas demonstram que o país pode formar atletas de elite capazes de disputar medalhas nos maiores eventos internacionais.
Com apenas 24 anos, Piu ainda tem potencial para quebrar novos recordes e conquistar mais medalhas. Seu próximo objetivo é o ouro olímpico em Los Angeles 2028, competição onde chegará no auge de sua maturidade atlética.
- Duas medalhas olímpicas de bronze consecutivas (Tóquio 2020 e Paris 2024)
- Primeiro brasileiro campeão mundial nos 400m com barreiras (Oregon 2022)
- Terceiro melhor tempo da história mundial na modalidade (46s29)
