O impacto do esporte de alto rendimento na fertilidade feminina tem sido tema de crescente interesse nos últimos anos, especialmente diante do aumento da participação de mulheres em competições de elite. Atletas como Laura Kenny, reconhecida por suas conquistas olímpicas, trouxeram à tona relatos sobre dificuldades reprodutivas, levantando questionamentos sobre possíveis relações entre treinamento intenso e saúde reprodutiva.
Embora muitas atletas consigam equilibrar carreira esportiva e maternidade, casos de interrupção do ciclo menstrual, abortos espontâneos e outras complicações têm sido relatados com frequência. Especialistas apontam que o estilo de vida exigente do esporte profissional pode influenciar o funcionamento do organismo, principalmente quando há déficit energético e baixo percentual de gordura corporal.

Como o esporte de elite pode afetar a fertilidade feminina?
O treinamento intenso típico de atletas de alto nível demanda grande gasto calórico, o que pode resultar em desequilíbrios hormonais. A chamada deficiência relativa de energia no esporte (RED-S) ocorre quando a ingestão de calorias não acompanha o consumo energético, levando à interrupção do ciclo menstrual em muitas atletas. Esse fenômeno é mais comum em esportes de resistência, ginástica e modalidades que valorizam baixo peso corporal.
O ciclo menstrual regular depende de uma complexa interação entre cérebro, glândulas e órgãos reprodutivos. Quando o corpo percebe que não há energia suficiente, o hipotálamo pode reduzir a produção de hormônios responsáveis pela ovulação. Sem ovulação, a possibilidade de gravidez diminui significativamente. Além disso, baixos níveis de gordura corporal podem afetar a produção de estrogênio, hormônio essencial para a fertilidade.
Quais são os riscos de aborto espontâneo e gravidez ectópica em atletas?
Entre as complicações enfrentadas por atletas, o aborto espontâneo e a gravidez ectópica merecem destaque. O aborto espontâneo é relativamente comum, afetando cerca de uma em cada quatro gestações. Já a gravidez ectópica, em que o embrião se implanta fora do útero, é menos frequente, mas pode exigir intervenção médica urgente.
Estudos sugerem que exercícios de alta intensidade, especialmente nos primeiros meses de gestação, podem aumentar o risco de aborto espontâneo. No entanto, ainda não há consenso científico sobre a relação direta entre prática esportiva e incidência de gravidez ectópica. Outros fatores, como inflamações ou alterações nas trompas de Falópio, também podem contribuir para esse tipo de complicação.