Nos últimos anos, a saúde mental dos atletas, especialmente daqueles de alta performance, tem ganhado destaque nas discussões públicas. Um caso emblemático foi o da ginasta Simone Biles, que durante as Olimpíadas de Tóquio em 2021, decidiu se retirar de algumas competições para priorizar seu bem-estar mental. Este episódio trouxe à tona a pressão intensa enfrentada por atletas, especialmente os negros, que muitas vezes carregam expectativas adicionais devido a questões sociais e raciais.
Simone Biles, ao tomar essa decisão, destacou a importância de proteger não apenas o corpo, mas também a mente. Ela mencionou sentir o “peso do mundo” em seus ombros, uma sensação que muitos atletas negros compartilham devido às expectativas de desempenho e à representação de suas comunidades. Este cenário evidencia a necessidade urgente de abordar a saúde mental de forma mais abrangente no esporte.

Por que a saúde mental é crucial para atletas?
A saúde mental é um componente vital para o desempenho atlético. Atletas enfrentam pressões constantes para alcançar resultados excepcionais, o que pode levar a níveis elevados de estresse e ansiedade. Além disso, a falta de suporte psicológico adequado pode resultar em consequências negativas tanto para a carreira quanto para a vida pessoal dos atletas. Especialistas em psicologia do esporte, como Matheus Vasconcelos, enfatizam a importância de integrar o acompanhamento psicológico nas rotinas dos atletas para promover o bem-estar geral.
No Brasil, a discussão sobre saúde mental no esporte ainda enfrenta desafios significativos. Muitas instituições esportivas resistem à implementação de políticas de cuidado psicológico, muitas vezes devido a uma mentalidade conservadora que desvaloriza a importância do suporte mental. Isso contrasta com países como os Estados Unidos, onde há um reconhecimento crescente da necessidade de cuidar da saúde mental dos atletas.
Como as instituições esportivas podem apoiar os atletas?
Para que os atletas possam prosperar, é essencial que as instituições esportivas ofereçam suporte psicológico adequado. Isso inclui a presença de psicólogos esportivos em equipes e seleções, algo que ainda é raro em eventos esportivos de grande porte, como a Copa do Mundo. A ausência de profissionais de saúde mental em competições importantes pode deixar os atletas desamparados em momentos críticos.
Além disso, é fundamental que o apoio psicológico comece desde as fases iniciais de formação dos atletas. O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Pelé já preveem a assistência psicológica para jovens em formação, mas a aplicação dessas leis é frequentemente negligenciada. A implementação efetiva dessas medidas pode ajudar a criar um ambiente mais saudável e acolhedor para os atletas em todas as etapas de suas carreiras.