A Fórmula 1 é um dos esportes mais exigentes do mundo, não apenas em termos de habilidade técnica, mas também de preparação física. Desde a estreia de Ayrton Senna em 1984, a importância do condicionamento físico para os pilotos tem crescido exponencialmente. Senna, conhecido por sua dedicação e preparo, foi um dos pioneiros em adotar um regime rigoroso de treinamento físico, o que se tornou um padrão no esporte.
Na década de 1980, a preparação física começou a ganhar destaque com pilotos como Niki Lauda, que, após um grave acidente, contou com a ajuda do professor austríaco Willi Dungl para sua recuperação. A chegada de Senna à McLaren em 1988 marcou uma nova era, com o brasileiro sendo acompanhado por Josef Leberer, um pupilo de Dungl. Esse movimento pavimentou o caminho para a evolução contínua dos treinamentos físicos na Fórmula 1.
Por que a preparação física é crucial para os pilotos de Fórmula 1?
A exigência física na Fórmula 1 é intensa. Os pilotos enfrentam forças gravitacionais extremas, especialmente nas curvas, onde a força G pode quintuplicar o peso da cabeça sobre o pescoço. Isso requer um fortalecimento significativo da musculatura do pescoço e do core, que inclui os músculos do abdômen ao quadril. Além disso, as pernas dos pilotos são constantemente desafiadas, já que pressionar os freios em alta velocidade é comparável a um exercício de leg press contínuo.
Os treinamentos sem pausas entre os exercícios são comuns, simulando as condições de uma corrida. O treino cardiorrespiratório também é vital, mantendo o ritmo cardíaco elevado, semelhante ao que ocorre durante uma prova. Vanderlei Pereira, preparador físico de renomados pilotos brasileiros, enfatiza a importância de um regime sem descanso para replicar o ambiente de corrida.

Rotina de treinamento dos pilotos de Fórmula 1
A pré-temporada é um período crucial para os pilotos, onde o foco está no desenvolvimento da resistência aeróbica e força. Esteban Ocon, piloto da Alpine, destaca a importância desse período para melhorar aspectos que não são possíveis durante a temporada. Os treinos incluem corridas longas, ciclismo e esportes como tênis e natação, além de musculação e fisioterapia.
Durante a temporada, a frequência dos treinos diminui, mas a intensidade permanece alta. Os pilotos treinam de três a quatro vezes por semana, combinando musculação com exercícios cardiorrespiratórios. Atividades de lazer, como jogar pádel, ajudam a aliviar a tensão entre as corridas. Andrea Ferrari, preparador de Charles Leclerc, ressalta a importância de sessões específicas para ativação física e cognitiva nos fins de semana de prova.
O papel da saúde mental na Fórmula 1
A saúde mental é tão importante quanto a física para os pilotos de Fórmula 1. Felipe Drugovich, piloto reserva da Aston Martin, reconheceu a necessidade de apoio psicológico após uma temporada desafiadora na Fórmula 2. O psicólogo Pedro Lôbo, especialista em mindfulness, trabalha com Drugovich e outros pilotos, ajudando-os a lidar com o estresse e a ansiedade associados ao esporte.
O suporte psicológico é cada vez mais procurado pela nova geração de pilotos, que busca esse tipo de apoio desde cedo. José Rubens D’Elia, um dos sócios da Pilotech, centro de treinamento especializado em automobilismo, utiliza métodos psicofísicos para ajudar jovens pilotos a desenvolverem suas habilidades mentais e físicas simultaneamente.