Em meio aos preparativos para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2025, uma equipe de pesquisadores em Manaus está desenvolvendo uma tecnologia que promete transformar o atletismo para atletas com deficiência visual. Este projeto visa permitir que esses atletas, que tradicionalmente correm com guias, possam competir de forma independente utilizando dispositivos inteligentes.
A pesquisadora Ana Carolina Oliveira Lima, que lidera o projeto na Universidade Nilton Lins, explica que a presença de um guia, embora ofereça segurança, pode também ser um fator limitante. Casos de desclassificação devido a erros do guia, como pisar fora da linha, são comuns, prejudicando o desempenho dos atletas.
Como funciona a tecnologia para atletas cegos?
O projeto, denominado “Meu Guia”, está em desenvolvimento há cerca de dois anos e já possui duas versões de dispositivos. Uma delas é composta por braceletes, enquanto a outra é um macacão com mangas e pernas compridas. Ambos os dispositivos utilizam vibrações para comunicar instruções ao atleta, como a necessidade de virar à esquerda ou seguir em frente.
Esses dispositivos funcionam por meio de um sistema híbrido que combina acelerômetros, giroscópios, GPS e a tecnologia de rede sem fio ZIG bee. Esta combinação permite uma comunicação precisa e em tempo real com o atleta, facilitando a orientação durante a corrida.

Quais são os benefícios para os atletas?
Os testes iniciais com quatro atletas em Manaus mostraram resultados promissores. Um dos participantes destacou que a tecnologia permite correr em seu próprio ritmo, sem depender da velocidade do guia. Isso não só melhora o desempenho, mas também aumenta a autonomia dos atletas.
A tecnologia não se limita apenas ao atletismo para deficientes visuais. Segundo Ana Carolina, há potencial para aplicação em outras modalidades esportivas, ampliando as capacidades sensoriais dos atletas e oferecendo novas possibilidades de treinamento e competição.
Qual é o futuro do projeto “Meu Guia”?
O projeto envolve uma equipe multidisciplinar de cerca de 40 profissionais e estudantes de diversas áreas, como engenharia, matemática e sociologia. O objetivo é aproveitar a visibilidade dos Jogos para promover a tecnologia, embora ainda não haja uma demonstração oficial programada.
Com o apoio do CNPq e o registro de três patentes, a equipe espera que a tecnologia possa ser utilizada em eventos futuros, contribuindo para a inclusão e o desenvolvimento de atletas com deficiência visual. A inovação representa um passo significativo na busca por maior independência e igualdade no esporte.