Pela primeira vez, médicos terão um conjunto de normas específicas para avaliar as condições de pessoas com deficiência física na prática de esportes. Este avanço faz parte do documento Diretriz do Esporte e do Exercício, que será apresentado no 68º Congresso Brasileiro de Cardiologia. A iniciativa visa atender à crescente participação de atletas paralímpicos em competições mundiais, oferecendo diretrizes claras para sua preparação e avaliação.
O documento, que levou quase três anos para ser elaborado, contou com a colaboração de 40 especialistas em cardiologia e medicina do esporte. A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) foram as principais entidades envolvidas. O cardiologista Nabil Ghorayeb, editor do documento, destacou a importância de incluir um capítulo dedicado aos atletas paralímpicos, algo inédito em diretrizes globais.
Quais são os principais objetivos da Diretriz do Esporte e do Exercício?
A Diretriz do Esporte e do Exercício tem como objetivo orientar profissionais de saúde sobre os exames necessários para a avaliação e acompanhamento de pacientes que praticam atividades físicas. O documento é atualizado a cada dois ou três anos, garantindo que as práticas médicas acompanhem os avanços na medicina esportiva. As normas visam padronizar os procedimentos, facilitando a conduta dos médicos e garantindo uma avaliação uniforme.
Para a elaboração das normas, foram criados três subgrupos. O primeiro foca na avaliação prévia para participação em esportes, academias e lazer. O segundo aborda as principais doenças que podem complicar a vida de quem pratica atividades físicas. Por fim, o terceiro subgrupo é dedicado ao estudo dos atletas paralímpicos, garantindo que suas necessidades específicas sejam atendidas.

Por que a avaliação médica é crucial antes de iniciar atividades físicas?
Com a proximidade de eventos esportivos de grande porte, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, espera-se um aumento no número de pessoas interessadas em atividades físicas. No entanto, muitos iniciam exercícios sem uma avaliação médica prévia, o que pode resultar em riscos à saúde. Sérgio Timerman, diretor da Divisão Clínica do InCor, alerta para os casos de morte súbita durante a prática de exercícios sem uma avaliação preliminar.
Timerman defende que academias realizem testes físicos na admissão de novos usuários, evitando que pessoas iniciem atividades sem uma análise adequada. Dados da SBC indicam que apenas 10% da população pratica exercícios na frequência recomendada, o que reforça a necessidade de uma avaliação médica para garantir a segurança e eficácia das atividades físicas.
Como as diretrizes podem impactar a prática esportiva no Brasil?
A introdução dessas diretrizes representa um marco na medicina esportiva brasileira, especialmente para atletas paralímpicos. Com normas claras e atualizadas, os médicos poderão realizar avaliações mais precisas, garantindo que os praticantes de esportes estejam aptos e seguros para suas atividades. Além disso, a padronização dos procedimentos médicos pode incentivar mais pessoas a buscar uma vida ativa, sabendo que sua saúde está sendo monitorada adequadamente.
O impacto dessas diretrizes vai além dos atletas paralímpicos, beneficiando todos os praticantes de atividades físicas. Ao garantir que os exames e avaliações sejam realizados de forma uniforme, a Diretriz do Esporte e do Exercício contribui para a promoção de uma prática esportiva mais segura e saudável no Brasil.