Com sprint incrível no fim, Lelisa Desisa é campeão da maratona do Mundial de Atletismo, em Doha

Etíope encerra jejum de 18 anos sem ouro de seu país nos 42km do campeonato. Mosinet Geremew, também da Etiópia, fica em segundo e Amos Kipruto, do Quênia, em terceiro

Lelisa Desisa vence a maratona do Mundial de Atletismo, em Doha. (Divulgação/IAAF)
Lelisa Desisa vence a maratona do Mundial de Atletismo, em Doha. (Divulgação/IAAF)

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Com um sprint incrível nos últimos metros, o etíope Lelisa Desisa venceu, neste sábado (5/10), a maratona do Mundial de Atletismo de Doha, no Qatar, com o tempo de 2h10m40s. Em segundo lugar ficou o também etíope Mosinet Geremew, com 2h10m16s, seguido pelo queniano Amos Kipruto, com 2h10m51s.

Esta é a primeira vitória da Etiópia nos 42km do campeonato desde 2001, quando Gezahegne Abera venceu em Edmonton, no Canadá, com o tempo de 2h12m42s. Por ter vencido a maratona olímpica de Sydney-2000, com 2h10m11s, esse etíope foi o primeiro fundista a conquistar a maratona dos Jogos Olímpicos e do Campeonato Mundial de Atletismo em menos de 12 meses. Nesses 18 anos, a prova foi vencida quatro vezes pelo Quênia, duas pelo Marrocos e uma pela Eritreia e Uganda.

Em 2013, Desisa foi vice-campeão da maratona do Mundial de Atletismo em Moscou, quando marcou 2h10m12s. Ele foi derrotado por Stephen Kiprotich, de Uganda, campeão olímpico em Londres-2012, que fechou a prova do Mundial em 2h09m51s. No Mundial de 2015, em Pequim, Desisa ficou na sétima colocação, com 2h14m54s.

- Finalmente, posso levar para casa uma medalha de ouro. Estava calor, mas eu me preparei perfeitamente para esta corrida. Treinei em um local com essas condições climáticas, então esta corrida não foi difícil. Foi semelhante ao meu treinamento - disse Lelisa, de 29 anos, campeão da Maratona de Nova York no ano passado, com 2h05m59s, e bicampeão em Boston, em 2015, com 2h09m17s, e 2013, com 2h10m22s. - Isto é para os cem milhões de etíopes que estavam comigo. Sou o segundo homem do meu país a vencer este título e não é apenas para mim, é para o meu país.

As condições climáticas - 29ºC com 48,6% de umidade no início, segundo os organizadores - foram menos brutais do que na maratona feminina, no sábado retrasado, quando 28 das 68 corredoras não conseguiram chegar à linha de chegada. Neste sábado, cinquenta e cinco dos 73 iniciantes completaram as seis voltas no loop de 7km montado na orla de Corniche, com o último corredor, Nicolas Cuestas, do Uruguai, terminando meia hora depois do campeão.

Na primeira metade da corrida, Desisa ficou bem atrás do improvável líder Derlys Ayala, do Paraguai, que havia corrido uma maratona 12 dias antes em Buenos Aires, em 2h10m27s. Sozinho, Ayala alcançou uma vantagem de 62 segundos em 15 quilômetros, mas os favoritos, incluindo Desisa, pouco se importavam. Um grupo com Desisa, Zersenay Tadese, da Eritreia, Geoffrey Kirui e Amos Kipruto, ambos do Quênia, Stephen Mokoka, da África do Sul, e Mosinet Geremew, da Etiópia, correu muito atrás do sul-americano, aguardando o momento certo para atacar.

Nos 20km, a diferença do paraguaio para os adversários diminuiu para seis segundos e, pouco antes dos 21km, com 1h05m56s, Ayala foi ultrapassado. Dois minutos depois, ele abandonou a maratona.

Depois de Ayala, Tadese, pentacampeão mundial de meia maratona, passou a liderar. Em alguns momentos, Tadese e Mokoka alteraram o primeiro pelotão, mas depois dos 30km, em 1h33m13s, os seis ainda estavam no mesmo ritmo. Desisa, em alguns momentos, ficava para trás do grupo, mas logo recuperava o contato.

- Eu controlava todos e economizava minhas energias - explicou Desisa.

Atrás dos seis primeiros, Callum Hawkins, da Grã-Bretanha, estava em nono lugar nos 30km, mas subiu para sétimo nos 35km. Hawkins, que terminou em quarto lugar na última maratona do campeonato mundial em Londres, há dois anos.

Entre 30km e 35km, Kirui começou a vacilar. De grande favorito, ele foi perdendo contato com o primeiro pelotão e terminou na 14ª colocação. Tadese, que ainda estava na liderança do 35km, também foi perdendo as energias e saiu da disputa pelo título, fechando em sexto.

Enquanto Hawkins se aproximava do primeiro pelotão, formado agora por Desisa, Mokoka, Kipruto e Geremew, mas ainda estava a 14 segundos no Km 37, Desisa foi para a liderança pela primeira vez.

Pouco antes dos 40Km, com 2h04m24s, Hawkins se juntou aos líderes. O britânico estava fazendo bastante força, pois não queria ficar novamente fora do pódio como aconteceu há dois anos, quando terminou na quarta colocação. O Km 41 foi feito em 2m59s, um ritmo puxado para uma temperatura é de 29°C e 50% de umidade. No quilômetro final, Desisa se lançou para a vitória.

- Faltando 1km, pensei como se estivesse no fim dos 10.000m e comecei a forçar o ritmo - disse Desisa.

Hawkins foi o primeiro a desistir de segui o líder, seguido depois por Kipruto. Geremew aguentou o máximo que pôde, mas, com cerca de 150 metros da linha de chegada, Desisa forçou o ritmo e deixou o compatriota sem reação.

- Segui o que tinha sido planejado com os meus treinadores e deu tudo certo - explicou o campeão.

Geremew fechou em 2h10m44s e Kipruto em 2h10m51s, ficando com a prata e bronze, respectivamente. Hawkins foi novamente o quarto colocado, com 2h10m57s.

Paulo Roberto de Almeida Paula foi o brasileiro mais bem colocado na maratona do Mundial de Atletismo, terminando em 19º lugar, com o tempo de 2h15m09s. Wellington Bezerra da Silva, o Cipó, ficou em 49º, com 2h21m49s, e Vagner da Silva Noronha fechou na 51ª colocação, em 2h26m11s.

O próximo desafio de Desisa é defender seu título na Maratona de Nova York, no dia 3 de novembro. Agora é saber se as pernas vão suportar o duro percurso novaiorquino. No entanto, conquistar um título mundial era importante para ele.

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