Entre traumas e glórias, Renato Gaúcho reencontra Maracanã em jogo decisivo na carreira

Seja como jogador ou como treinador, Portaluppi tem histórias marcantes no estádio, palco da decisão de logo mais entre Flamengo e Grêmio pela semifinal da Libertadores

Athletico-PR x Grêmio - Renato Gaúcho
Renato Gaúcho é um dos protagonistas da semifinal entre Flamengo x Grêmio (Lucas Uebel/Grêmio)

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"Templo do Futebol" e "Maior do Mundo" são alcunhas relacionadas costumeiramente ao Maracanã. Expressões de impacto, que ratificam o glamour e o miticismo em torno do estádio que já foi palco de duas finais de Copa do Mundo e viu muitos dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos desfilarem seus talentos. Renato Portaluppi é um desses personagens que podem até escrever um livro com histórias suas no Maraca, seja boas ou ruins, como jogador ou treinador.

A mais famosa, talvez, seja a última rodada do Campeonato Carioca de 1995. De um lado, um Flamengo que tinha gastado uma fortuna para montar o estrelado time no ano de seu centenário. Romário, eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA em 1994, era a principal referência. Também tinha Vanderlei Luxemburgo, técnico bicampeão paulista e brasileiro em 1993 e 94. Do outro, um Fluminense cuja maior aposta no mercado de transferências tinha sido Renato Gaúcho, que vinha de passagem apagada pelo América-MG. Aos 32 anos, o atacante era taxado de "craque em declínio" pela opinião pública.

Não bastasse esses fatores, o Rubro-Negro ainda jogava pelo empate, graças à campanha superior no geral. Luxa escalou o Flamengo com Roger; Marcos Adriano, Jorge Luiz, Gelson Baresi, Branco; Fabinho, Charles Guerreiro, Marquinhos, William; Romário, Sávio. No segundo tempo, Rodrigo Mendes e Marinho entraram. Joel Santana, por sua vez, que apelidara o Fluminense de "time de operários", escalou Wellerson; Ronaldo, Lima, Sorlei, Lira; Márcio Costa, Aílton, Djair, Rogerinho; Renato Gaúcho e Leonardo. Ézio e Cadu foram as reservas colocados em campo na etapa final.

O jogo foi disputado desde o minuto inicial. O primeiro tempo encerrou com o Tricolor à frente no marcador por 2 a 0, com gols de Renato Gaúcho e Leonardo. O Rubro-Negro reagiu na volta do intervalo. Primeiro, com Romário; depois, com Fabinho. Restavam 11 minutos para o término da partida, fora os acréscimos. Dos quase 110 mil presentes no Maracanã, a parte rubro-negra comemorava com euforia. Parecia difícil que o Flu esboçaria uma reação. Afinal de contas, Lima, Sorlei e Lira tinham sido expulsos (no Fla, Marquinhos recebeu vermelho).

A empolgação foi tanta que Flávio Soares de Moura, então presidente do Conselho de Grandes Beneméritos do Flamengo, deixou a tribuna de honra rumo ao campo para participar de uma eventual festa. Então, aos 42 minutos, Aílton, que tinha sido oferecido ao clube da Gávea no início do ano, mas foi rejeitado pelo presidente Kleber Leite, driblou Charles duas vezes e bateu cruzado para o gol.

A bola tocou na barriga de Renato Gaúcho e morreu nas redes. 3 a 2 para o Fluminense e o título foi para as Laranjeiras, que encerrava um jejum de nove anos e, de quebra, frustrava o sonho do Flamengo de ser campeão em seu centenário. O árbitro Léo Feldman pôs na súmula que o gol decisivo foi de Aílton. Mas, simbolicamente, o tento sempre será associado ao atual treinador do Grêmio. Um lance que marcou para sempre a carreira de Renato Gaúcho.

- Em 1995, eu fiz dois gols naquela final, mas estava em campo. Hoje, não estou em campo. Sofrimento para ex-jogador é maior porque você só pode dar instruções. Daria muita coisa em troca para estar em campo amanhã - disse Renato, em coletiva no CT Carlos Castilho, do Fluminense, nesta terça-feira.

Renato Gaúcho marcou o famoso gol de barriga na final do Carioca 1995
Renato decidiu contra o Fla (Foto: Anibal Philot/Agência O Globo)

DECEPÇÕES COMO TREINADOR

Se a lembrança da época de jogador é positiva, o mesmo não dá para dizer do período atual, como técnico, no Maracanã. Foi no estádio a maior decepção de sua carreira: o vice-campeonato da Libertadores de 2008, quando treinava o Fluminense. O Tricolor tinha feito campanha impecável no mata-mata, eliminando Atlético Nacional, São Paulo e Boca Juniors, todos campeões continentais. Mas acabou caindo para a LDU nos pênaltis. O Flu perdeu o primeiro jogo em Quito por 4 a 2, deu o troco no Maracanã por 3 a 1, mas sofreu o revés nas penalidades, por 3 a 1.

Em 2006, o Flamengo deu o troco em Renato. À época comandante do Vasco, o ex-atacante não conseguiu o título da Copa do Brasil contra o maior rival. O Rubro-Negro ganhou as duas partidas (2 a 0 e 1 a 0) e sagrou-se campeão. Durante o jogo da volta, irritado com a expulsão precoce de Valdir Papel, Renato empurrou o atacante na descida para o vestiário.

Fluminense x LDU - 2/7/2008 - Libertadores de 2008
Em 2008, Renato viveu trauma no Maraca (Foto: Julio Cesar Guimarães/Lancepress!)

Recentemente, já no Grêmio, Renato e o Flamengo se reencontraram também na Copa do Brasil. Nas quartas de final da edição do ano passado, o Fla mais uma vez levou a melhor. Depois do 1 a 1 na Arena do Grêmio, o gol de Everton Ribeiro no início do confronto no Maracanã deu a vaga ao Rubro-Negro na semifinal.

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