‘​Poupem São Januário!’: O cenário político no Vasco e as tensões no ar

Estádio voltará a receber torcida no próximo jogo do Vasco como mandante

Vasco x Chapecoense
Duelo contra a Chapecoense foi o último sem torcida por conta de punição (Foto: Delmiro Junior/Raw Image)

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Acabou. O Vasco cumpriu neste sábado, no empate contra a Chapecoense em São Januário, com portões fechados, a última das seis partidas da punição imposta pelo STJD pelos tumultos no clássico com o Flamengo, em julho. Este seria apenas uma boa notícia para os cruz-maltinos, não viesse acompanhada de uma boa dose de insegurança sobre o que pode acontecer daqui para frente num clube conturbado por um processo eleitoral que tende a extrapolar – como sempre tem ocorrido – os limites do bom senso, das práticas democráticas e republicanas, tão pouco caras ao atual mandatário Eurico Miranda.

A perda de mando de campo e os jogos no Rio com portões fechados fizeram história. Foi emocionante a partida contra o Grêmio, na estreia de Zé Ricardo, em que centenas de torcedores se juntaram nas ruas em torno de São Januário, incentivando o time como se estivessem na arquibancada. Tudo foi ouvido dentro de campo e mexeu com o time. O ídolo Nenê se impressionou: “Foi fundamental a torcida, ouvimos eles cantando o tempo todo e agradecemos muito a força deles" O zagueiro Breno também: "Assim que chegamos vimos a torcida do lado de fora. Eles fazem a diferença e isso nos motiva”. A vitória de 1 a 0 coroou o espetáculo. E neste sábado, a cena se repetiu, ainda que em menor escala.

Houve, contudo, muito mais pontos negativos. Um levantamento do Blog Bulla na Rede, publicado no www.lance.com.br, mostrou o peso da punição. Neste período, a vitória sobre o Grêmio, afinal, foi a única. O time somou duas derrotas e três empates. Um quadro bem diferente dos seis jogos anteriores à punição em que o Vasco, jogando em São Januário, havia conseguido cinco vitorias (Atlético-GO, Sport, Avaí, Fluminense e Bahia), com apenas uma derrota para o líder Corinthians.

Mas os prejuízos foram bem além dos resultados em campo. Com público em Volta Redonda muito aquém do que teria em casa, e sem receitas de bilheteria nas partidas sem torcida, o clube acumulou um déficit que superou a casa de meio milhão de reais. Isso reverteu uma tendência que era positiva, com um lucro estimado em R$ 1,7 milhões obtido nos seis jogos em casa, anteriores à punição.

É bom lembrarmos o que aconteceu na Colina naquele 8 de julho. Houve até alguns confrontos isolados dos vascaínos com a torcida do Flamengo. Mas não foi isso, na essência, o que levou o caso ao STJD. Atiçado pela derrota para o Rubro-Negro – a primeira, em casa, em 44 anos -, foi um protesto contra o presidente e seu filho Euriquinho, diretor de futebol, que transformou a arquibancada em verdadeira praça de guerra. Houve ameaças de invadir o gramado, todo tipo de objeto arremessado no campo, bombas e gás de pimenta, a ponto de os jogadores do Flamengo, intimidados, não descerem para os vestiários logo após o jogo. Eurico pediu desculpas e vestiu a carapuça, identificando um viés político: “Isso é premeditado. Apesar de muitos estarem torcendo contra, o futebol vai. Com certeza vai. Nada do que pretendem fazer para tumultuar, para prejudicar, vai atingir. O Vasco seguirá seus objetivos”.

É raro, mas dessa vez ele tinha razão. O processo eleitoral do Vasco pode ter, sim, alimentado aqueles tumultos. E é aí que mora o perigo. É daí que surgem as preocupações do torcedor sobre o que pode acontecer quando os portões de São Januário novamente forem abertos - o que em tese pode acontecer na 28ª rodada, dia 14, contra o Botafogo, se o jogo não for transferido para outro lugar, por medidas de segurança. A tendência é que, quanto mais se aproxime a data da escolha do novo mandatário, em 7 de novembro, mais os ânimos se acirrem.

Além de Eurico, que tenta outra reeleição, para prorrogar sua dinastia, quatro nomes trafegam no campo oposicionista, ainda em busca de uma unidade que possa torná-los mais fortes. Curiosamente em um clube onde a escolha é indireta, a partir de chapas de conselheiros eleitas nas urnas, a participação das chamadas organizadas, contra ou a favor de Eurico Miranda, elevam os ânimos acima do tom. E daí basta um pulo - um tropeço do time em campo - para que a situação volte a sair do controle. São Januário não merece.

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