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Gamova: ‘O Brasil é um time com o qual não simpatizo’

Milton sempre teve a ajuda dos pais para conseguir realizar seu sonho - foto de Alexandre Loureiro
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Dia 27/10/2015
23:59

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As jogadoras que defenderam a Seleção Brasileira de vôlei no Campeonato Mundial do Japão, em novembro de 2010, certamente ficarão com a oposto Ekaterina Gamova na cabeça durante um bom tempo. Na decisão do torneio, a russa, de 2,02m, anotou 35 pontos e acabou com o sonho brasileiro de conquistar o inédito título mundial entre as mulheres.

E esta não foi a primeira vez que Gamova faz o sonho das brasileiras virar um pesadelo. Em 2004, na semifinal dos Jogos Olímpicos de Atenas (GRE), a jogadora, então com 24 anos, foi a principal responsável por uma virada histórica. Depois de perder os dois primeiros sets, a Rússia virou e venceu por 3 sets a 2.

Mesmo após o vice na Grécia (perdeu para a China na final), Gamova saiu com dois prêmios individuais da competição: melhor bloqueadora e maior pontuadora.

Dois anos mais tarde, novo reencontro, na final do Mundial, que também foi disputado no Japão. E nova vitória da Rússia por 3 sets a 2 sobre o Brasil, de novo com grande atuação de Gamova.

Além da altura, um outro fator influencia a jogadora a ter grandes atuações diante da Seleção. Nesta entrevista ao LANCENET!, Gamova compara a rivalidade entre Brasil e Rússia a uma guerra e, sem meias palavras, afirma que não simpatiza com o time brasileiro. Além disso, ela disse que, se não sofrer uma grave lesão, não deixa o esporte antes da Olimpíada de 2012.

LANCENET!: A Rússia é bicampeã mundial, inclusive ganhando do Brasil, mas ainda não conseguiu ser campeã olímpica. Isso incomoda um pouco?
Ekaterina Gamova: Eu estou pronta para deixar de lado todas as outras medalhas para conseguir conquistar o ouro de uma Olimpíada.

LANCENET!: Por conhecerem tanto o time do Brasil, a vitória na final foi mais fácil? Antes do jogo, sentiu que iriam vencer a partida?
Ekaterina Gamova: Não acho que tenha sido facilitado. Elas também nos conheciam. Antes do jogo contra o Brasil, a Sokolova disse no vestiário: "Nós vamos ganhar." Diferentemente dela, eu não tinha premonições, não pensei em nada que desse certeza que iríamos vencer. Eu só queria que tudo começasse logo. Quando o jogo começou, eu não deixei meu sentimento de calma e confiança irem embora. No fim do jogo sim, eu sabia que venceríamos.

LANCENET!: O que passou na sua cabeça quando a partida foi para o último set na decisão?
Ekaterina Gamova: Antes do quinto set, eu olhei nos olhos de cada uma das minhas companheiras e vi a vontade de vencer. Ou melhor, a vontade de não perder. Nós investimos nossas almas e corações na bola, e assim ganhamos.

LANCENET!: Acredita que a sua atuação na final do Mundial, contra o Brasil, foi a melhor de sua carreira? Naquele dia, antes da partida, sentiu que estava inspirada para uma grande partida?
Ekaterina Gamova: Eu apenas joguei. Mas é claro que eu estava inspirada. Joguei ferozmente contra o Brasil. Sei que devemos estar preparadas para perder, mas no final, acredite, isso foi o que me motivou. A vontade de ganhar foi o que me fez jogar tão bem.

LANCENET!: Quando chegaram na Rússia, foram recebidas com bastante festa. Porém, a Merkulova disse que faltou fair play ao Brasil, pois não houve o tradicional cumprimento na rede após a partida. Você também viu desta maneira?
Ekaterina Gamova: Nós temos uma longa "guerra" com o Brasil. Não podemos usar máscaras para disfarçar essa guerra. Isso não tem profundidade, não tem nobreza. Nós apenas não gostamos dos rivais que querem ganhar de nós, isso é normal nas relações entre os times. Com alguns, entretanto, nós temos simpatia, e com alguns temos uma grande antipatia. O Brasil é um time que eu, francamente, não simpatizo.

LANCENET!: Com essa altura (2,02m), você acha que leva vantagem em relação às adversárias?
Ekaterina Gamova: Não, não tenho vantagem alguma. Sinceramente, a altura não é o fator mais importante no vôlei.

LANCENET!: No Brasil, principalmente após sua atuação na final, abriu-se uma discussão sobre como seria o seu desempenho se atuasse entre os homens. Como você acha que seria?
Ekaterina Gamova: Nós estamos em estágios diferentes. O vôlei masculino é voltado mais para a força. Já o feminino, para a técnica. Eu acho que os homens jogariam melhor se fossem como as mulheres, usando bastante técnica, ao invés de tanta força.

LANCENET!: A Seleção Brasileira é a atual campeã olímpica. A Rússia é a atual bicampeã mundial. Afinal, quem é o melhor?
Ekaterina Gamova: Claro que é a Rússia! Como eu poderia dizer o contrário? A Rússia é o meu país, o time que eu defendo. O Brasil é uma grande equipe, mas a Rússia atualmente é melhor.

LANCENET!: Então, o favoritismo que o Brasil tinha quando entrava nas competições passa a ser da Rússia? Acha que assumiram este rótulo diante das outras equipes?
Ekaterina Gamova: Acredito que sim. De novo, acho que somos melhores. Afinal, sou uma atleta russa, não brasileira.

LANCENET!: Você, aos 30 anos, já pensa em aposentadoria? Ganhar uma Olimpíada ainda é um desejo que você tem na carreira?
Ekaterina Gamova: Nada me fará deixar o vôlei antes de disputar as Olimpíadas de Londres, em 2012. Acredito que apenas uma grave lesão me faça parar antes dessa competição, que julgo ser a mais importante. Apesar dos dois mundiais, desejo ainda um título da Olimpíada na carreira.

LANCENET!: Com 2,02m, você tem dificuldades para encontrar namorado? Sua altura intimida os homens ou eles acham normal?
Ekaterina Gamova: Eu tenho amigos que não pertencem ao mundo do esporte. Não muitos, mas que apareceram na minha vida há muitos anos atrás. Isso é o suficiente para mim. O estranho é que às vezes alguns homens me tratam como uma pessoa famosa. Mas eles não me conhecem, não aceitam que sou uma menina, uma pessoa normal, que tem amigos e família.

LANCENET!: Já recebeu proposta para atuar no vôlei brasileiro? Se sim, por que não veio? Se não, gostaria de jogar aqui?
Ekaterina Gamova: Nunca tive convite para atuar no Brasil. Se recebesse, não aceitaria. É muito longe para mim. Eu joguei no Fenerbahçe, da Turquia, na última temporada, e tive uma proposta para permanecer, até aumentar o tempo do contrato. As condições eram excelentes, eu amo os fãs de lá e o clube. Mas eu optei em voltar para a Rússia, ficar perto dos meus amigos e da família. Era a melhor hora para fazer isso.

LANCENET!: Por que decidiu-se pelo vôlei? A altura influenciou alguma coisa em sua decisão?
Ekaterina Gamova: Eu não tive escolha. Minha tia era técnica de uma equipe infantil de vôlei. Então, eu passei toda a minha infância no ginásio, vendo ela dar treinos. Enquanto isso, eu ficava brincando com bolas de vôlei.

LANCENET!: Gosta de futebol? O que achou da escolha da Rússia para sediar a Copa do Mundo de 2018?
Ekaterina Gamova: Eu estou muito orgulhosa de a Russia ter ganho o direito de sediar a Copa do Mundo. Eu acredito que o meu país tem condições e vai fazer um torneio de nível altíssimo.

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