Caso do zagueiro Breno poderia ter sido evitado
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O drama do zagueiro Breno, do Bayern de Munique, ainda é um assunto bastante comentado na Alemanha. O brasileiro continua detido por ser o principal suspeito de ter ateado fogo em sua própria residência.
Zagueiro segue em prisão preventiva
O isolamento social pode ter sido o principal motivo para o ato. Essa é a opinião do técnico intercultural Thomas Groll. Ele mantém uma empresa, chamada Atraversa, que trata da adaptação de atletas estrangeiros ao cotidiano da sociedade alemã.
– Breno não precisava chegar nesse nível. A chave é a integração cultural do atleta e da família dele no outro país onde vai trabalhar – explicou Groll.
Segundo o profissional, o caso atual comprova que ainda há, na Alemanha, muita necessidade de treinamento intercultural e integração na área do esporte.
– As empresas privadas já dão atenção a esse problema. Porém os responsáveis pelos clubes de futebol alemães, lamentavelmente, não enxergaram ainda o valor da integração intercultural dos jogadores estrangeiros – completou.
Para Thomas Groll, o zagueiro de 21 anos não é mais suscetível a depressão do que outras pessoas.
– Esse jovem brasileiro talvez não conseguiu lidar com o mundo cultural e esportivo do nosso país.
O inverno frio da Alemanha, um treinamento distinto, não ter amigos ou conhecidos por perto e o idioma afastaram o jogador do convívio social. A situação do zagueiro piorou com as seguidas lesões.
O único jogador do Bayern de Munique com quem Breno mantém contato é o lateral-direito Rafinha, que inclusive auxiliou a família do defensor logo após o incêndio.
Medo é que Breno cometa suicídio
Em entrevista à ESPN, o brasileiro Renan Belo, que estava detido na mesma prisão alemã onde está Breno, contou que o maior medo é de o zagueiro cometer suicídio e por isso ficou sob observação dos médicos da cadeia.
– Quando ele chegou, primeiro ficou no hospital. O medo era que ele se matasse – revelou Renan Belo.
Breno está detido no presídio com o regime mais rigoroso da Alemanha. Suas celas já receberam ninguém menos que Adolf Hitler em 1924. Foi no local que o futuro ditador escreveria o livro “Mein Kampf” (“Minha Luta”), no qual expôs toda a ideologia do regime nazista.
A promotoria de Munique definirá nesta quinta-feira, em audiência, se atenderá ao pedido de habeas corpus apresentado pelo advogado do jogador. A diretoria do Bayern caracterizou a entrada na prisão como “desumana” e garantiu que fará qualquer coisa para que o atleta saia em liberdade. Desde sua contratação, em 2008, o brasileiro sofreu várias lesões e a mídia cogita a possibilidade de que Breno sofra de depressão.
Com a palavra:
Os clubes alemães poderiam ser mais atenciosos
Solveig Flöerke (jornalista alemã)
Não é comum clubes alemães prestarem atenção na questão da adaptação dos jogadores estrangeiros. Porém o caso de Breno mostra que a postura deveria ser diferente.
Episódios como o do zagueiro do Bayern de Munique estão ficando cada vez mais frequentes. São jovens que ficam presos em uma caixa de ouro. Eles têm dinheiro, bons carros, boas casas, mas estão isolados e sem amigos.
As empresas multinacionais alemães se preocupam com isso. Quando enviam executivos para o Brasil, esses profissionais já deixam o país falando português. Tudo para não se sentirem isolados.
Caso Breno:
Chegada à Alemanha
Breno foi negociado com o Bayern em dezembro de 2007. Desde então não se adaptou ao país e acabou não encontrando espaço no clube.
Incêndio
Sofrendo um forte quadro de depressão, Breno é acusado de atear fogo na própria casa.
Prisão
Após investigações Breno foi detido preventivamente pela polícia alemã.
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