L! OPINA: Agora, aos jogos!

Problemas e virtudes da organização à parte, nada pode ofuscar a beleza que essa Olimpíada certamente terá nas quadras, nas piscinas e nos estádios.

Vila Olímpica
Vila Olímpica da Rio 2016  (Foto: Roberto Castro/ME/Brasil2016)

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Na preparação para os Jogos Rio 2016, num país assolado pela corrupção e a falta de planejamento, já se sabia que haveria problemas - o da Vila Olímpica por pura negligência. Soma-se a isto a pior crise econômica da história do país, os temores quanto a atos terroristas e quanto ao contágio da Zica e a piora no processo de controle da criminalidade no Rio.

Como se tudo isso ainda não bastasse, houve um profundo descaso com as metas de legado nos campos social e ambiental, já que nem a despoluição da lagoas da Barra, promessa que vem desde o Pan de 2007, e da Baia de Guanabara, metas de plantio de árvores e de redução de emissões; nem o aumento da prática esportiva nas escolas municipais vai se concretizar.

Foi a partir deste cenário que formou-se uma onda negativa em relação ao maior evento esportivo do planeta, em sua primeira passagem pela América do Sul.

Este LANCE! defende que nada deve ser jogado para baixo do tapete.

Ao largo de tudo isso, contudo, para os 10.500 atletas de mais de 200 países que já estão chegando ao Rio – quase 500 são brasileiros – participar dos Jogos representa muito mais do que simplesmente competir. É a realização de um sonho, o resultado de anos e anos de dedicação, treinamento intenso e, muitas vezes, de renúncia a todo tipo de atividade que não esteja ligada à sua preparação.

E a estes heróis do esporte que devemos respeito.

A uma semana da cerimônia de abertura, são eles que devem assumir o papel de protagonistas. As histórias de superação, a conquista das medalhas, a emoção de vencedores e vencidos que são a alma do esporte. É isso que faz a chama olímpica brilhar, que dá aos jogos a capacidade de unir povos e culturas tão distintas.

Em entrevista à "Folha de S. Paulo", Jim Bell, produtor executivo da rede americana NBC – que terá 4 mil profissionais envolvidos na cobertura dos Jogos – resumiu bem esse espírito. "Os Jogos Olímpicos acontecem num mundo imperfeito, mas eles representam esperança e união, coisas de que o mundo precisa exatamente agora", defendeu. "É compreensível que a imprensa (foque) os enredos negativos, mas vamos pensar também nos maravilhosos cariocas, que vêm trabalhando tanto, por anos."

É uma lição para boa parte da mídia...

As responsabilidades dos governantes pelo não cumprimento do legado, as denúncias de favorecimento a empreiteiras, do pagamento de propinas e a elevação dos custos previstos no orçamento original precisam ser investigados e punidos. Sobre tudo isso, a imprensa deve ter olhares de lince, cumprindo seu papel fiscalizador. Antes, durante e depois dos Jogos.

Não se pode, porém, omitir as extraordinárias benfeitorias que a cidade-sede recebeu por conta dos Jogos. Uma revolução no sistema de transporte público e a reurbanização de áreas degradadas como a zona portuária são um legado inestimável.

Problemas e virtudes da organização à parte, nada pode ofuscar a beleza que essa Olimpíada certamente terá nas quadras, nas piscinas e nos estádios.

Os contribuintes de todo o país e em especial os cariocas fizeram grandes investimentos para que os Jogos aconteçam no Brasil. Agora, é hora de usufruir destes momentos mágicos que só o esporte proporciona. Em respeito aos atletas, em respeito a nós mesmos, o que importa agora são os jogos. Vamos a eles!

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