Judô: ‘Os resultados poderiam ter sido melhores’, afirma Tiago Camilo

Para o judoca e outros quatro atletas da Seleção, o país teve um desempenho irregular no último ano antes da Olimpíada. Mayra Aguiar atribui isso à 'oscilação natural do esporte'

HOME Tiago Camilo x Dilshod Choriev - Judô (Foto: Márcio Rodrigues/Fotocom.net)
Tiago Camilo (de azul) criticou o desempenho do Brasil nos últimos anos (Foto: Márcio Rodrigues/Fotocom.net)

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O judô é a modalidade no Brasil com mais medalhas olímpicas. Só essa afirmação já bastaria para imaginar um caminhão de ouros na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, não é mesmo? Bom, isso pode não ser inteiramente verdade. Após o Mundial de 2013, no Rio, o esporte vem sofrendo uma queda em conquistas e, agora, chega com um ponto de interrogação aos Jogos.

A disputa em casa, realizada há dois anos, rendeu ao país o número máximo de láureas já conquistadas em uma competição desse porte, com seis, sendo uma de ouro, três de prata e duas de bronze. Um ano depois, em Chelyabinsk, na Rússia, o Brasil teve quatro, sendo um campeão, um vice e dois terceiros lugares.

Mas, no último ano antes da Olimpíada, a queda foi evidente. No Mundial de Astana (CAZ), em agosto desse ano, foram apenas duas medalhas de bronze. Sinal de alerta ligado para a modalidade mais vencedora do Brasil?

- O judô vem melhorando o aporte financeiro. A estrutura do judô é maior, os recursos são enormes, e isso engloba tudo: Ministério do Esporte, Comitê Olímpico, clubes, todos têm mais estrutura e verba para gerenciar o esporte. Mas só isso não resolve. Do mesmo jeito que cresce o investimento, você tem de crescer a preparação dos atletas e da comissão técnica - disse Tiago Camilo, da categoria até 90kg, que ainda analisou a temporada:

- Os resultados poderiam ser melhores. É claro que não podemos ter certeza de quem vai ganhar em cada competição, se vai ganhar medalha ou não. Isso é impossível. A Confederação e as entidades fazem isso, mas quem paga o resultado é o atleta. Acho que melhorou a parte de estutura, mas muito ainda tem de ser melhorado na questão pessoal. As pessoas que gerenciam a vida dos atletas, a preparação deles... Tem de investir muito nisso também. A gente espera que eles tenham essa consciência.

'O Mundial (2015) não foi bom, mas vai de cada um ver o que precisa melhorar e corrigir para chegar bem. Todos têm capacidade, não estão aí porque alguém colocou, somos os melhores do Brasil' - Charles Chibana, judoca da classe até 66kg

Nesse meio tempo, em julho desse ano, o Brasil disputou o Pan-Americano de Toronto (CAN) com sua equipe principal. Mas, mesmo com cinco medalhas de ouro contra três de Cuba e Estados Unidos, a Seleção ficou devendo em diversos aspectos.

No número total de láureas ficou atrás de Cuba (14 a 13), conquistou apenas duas pratas e caiu em seis semifinais, levando o bronze. No feminino a queda foi mais evidente, com apenas um ouro (Érika Miranda, na categoria até 52kg), e decepções de Rafaela Silva (bronze) e Maria Portela (bronze), Mayra Aguiar (prata).

- Foi um ano de resultados positivos para nós. No fim a gente caiu um pouco, mas o judô oscila bastante. Até na minha categoria, por exemplo, mudou o pódio inteiro de um Mundial para o outro - comentou Mayra, da categoria até 78kg.

Alguns atletas tidos como esperança do país na Rio-2016, como Sarah Menezes, campeã em Londres (ING), em 2012, Rafael Silva, bronze na mesma competição, sofreram com lesões nesse ano e não mantiveram um bom desempenho. Suas participações nos Jogos, inclusive, ainda não estão confirmadas.

- Fizemos um ciclo regular, mas o último ano não foi bom pelos resultados que tivemos nos últimos três. Mas isso não quer dizer que o Brasil não irá bem nos Jogos Olímpicos - analisou o judoca Luciano Corrêa, da classe até 100kg.

Seja como for, o judô brasileiro ainda tem pouco mais de oito meses para tentar voltar ao lugar no qual se acostumou a estar: o topo do pódio.

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