Vitor Hugo aguenta lesão para não perder decisões no Palmeiras

Titular com todos os técnicos desde que chegou, Vitor Hugo tem se desdobrado para jogar com dor no adutor. De 2015 para cá, só Fernando Prass jogou mais que ele

Vitor Hugo - Palmeiras
Vitor Hugo posa ao LANCE! em belo fim de tarde na Academia de Futebol (Foto: Eduardo Viana/Lancepress!)

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O Palmeiras contratou 34 jogadores do ano passado para cá. Nenhum deles jogou mais vezes que Vitor Hugo, que completará 80 partidas na semi do Paulistão, às 16h deste domingo, contra o Santos, na Vila. O zagueiro “fominha” até suporta lesões para estar em campo.

- Vou em cima da dor, cara. Peço para infiltrar, peço para fazer alguma coisa, mas quero estar sempre jogando. Agora mesmo estou jogando machucado, com uma ruptura parcial do tendão do adutor, mas eu tomo remédio, tomo injeção no dia do jogo e vou para o campo. Agora nessa reta final do campeonato eu não posso abandonar o time, né? - disse Vitor, ao LANCE!.

A lesão dele não está sendo tratada com infiltrações (aplicação de medicamento na região machucada, que pode configurar doping). As injeções que o zagueiro toma antes dos jogos são de analgésico, aplicadas no glúteo.

- Faz um tempinho que estou machucado já, hein? Já faz uns 20 dias. Estou em uma pegada boa e o pessoal não está criticando, não.

O defensor de 24 anos tem passado mais horas que o convencional na Academia. Para conseguir conviver com a lesão, ele tem de abusar do fortalecimento muscular.

- Eu chego um pouco mais cedo, vou embora um pouco mais tarde. Eu faço o trabalho principal com o grupo, mas quando tem complemento eu saio, vou para o departamento médico tratar ou para a academia fortalecer os músculos que auxiliam o adutor. Estou tendo uma rotina um pouco diferente, mas em prol do time - emendou.

Mas a resistência à dor não é a única responsável pelo grande número de jogos de Vitor Hugo. Contratado após se destacar pelo América-MG, ele é titular desde que chegou. Não importa quem esteja no comando, o camisa 4 sempre está entre os preferidos. Foi assim como Oswaldo de Oliveira, Marcelo Oliveira, Cuca e Alberto Valentim.

Ele só jogou menos que Fernando Prass desde que chegou. O goleiro tem 92 jogos de 2015 para cá e 179 partidas ao todo. Só ele, Cleiton Xavier (108 jogos) e Rafael Marques (81) têm mais jogos que o zagueiro no elenco, estes dois somando as passagens anteriores.

- Nesse ano só não joguei os dois amistosos, por causa do quadríceps, e contra o Água Santa, pela concussão. O resto eu joguei todas - encerrou o "Homem de Ferro".

Veja um bate-bola exclusivo com Vitor Hugo:


LANCE!: Pelo que você conversou com os profissionais do clube, não há risco dessa lesão se agravar?

Vitor Hugo: Risco sempre tem, cara. Mesmo sem estar sentindo dor, o risco está aí e a gente tem que trabalhar em cima dele. Mas eu estou fazendo fortalecimento, eles mandaram eu fortalecer a região para diminuir a chance de piorar. Estou aí, cara. Enquanto eu estiver aguentando jogar, fazer o meu melhor e ajudar o time, vou estar lá dentro.

Será o seu nono jogo contra o Santos. Tem rivalidade extra?
Então, cara, o meu primeiro gol pelo Palmeiras foi contra o Santos, lá na Vila (Paulistão 2015). É um adversário que a gente conhece bem, estamos pegando direto. Vai ser um jogo difícil, semifinal, muita qualidade. Nosso time está se encaixando muito bem agora, então vai ser um jogão, com certeza.

Do ano passado para cá, o Santos ganhou todas na Vila contra o Palmeiras. Como mudar isso?
Tem que entrar atento e minimizar os erros. Mas lembrando também que aqui na nossa casa a gente não perdeu para eles, não (risos).

Acha que as provocações do Lucas Lima são falta de respeito?

Eu achei que faltou, cara, sinceramente. Eu não gosto disso, né? É complicado você zoar o adversário, porque ele pode vir, ganhar de você na sua casa... Tem que ter um pouco mais de respeito pelo próximo, principalmente quando o adversário não é bobo. E nosso time não é.

Essas cutucadas motivam?

Vamos ver, não dá para ficar falando. O futebol não te dá chance de prever o que vai acontecer. Eles podem falar, mas vamos ver no campo.

Nos últimos seis jogos, você fez dupla com o Thiago Martins e o time não perdeu. Cuca achou a dupla ideal?
Ah, o menino é bom, né? Ele é novo, tem um futuro muito brilhante pela frente. É bom ter um cara assim. Não que os outros não sejam bons. Nossa, são todos muito bons, Edu, Roger, Leandro, Nathan... Estão todos trabalhando aí. Temos que respeitar o menino que está em um momento fantástico da carreira.

Você é um pouco mais experiente. Dá dicas para ele?
O professor pediu para eu ajudar nisso. Conversar com o pessoal, cobrar, principalmente na bola parada, tirar o time de trás. Eu sou um pouco mais velho que ele, uns quatro anos, acho que já dá para ter uma experiência um pouco maior. Ele está absorvendo muito bem o que falo com ele. O outro pessoal também, estou cobrando muito o Jean, o Egídio, os nossos volantes. Está dando resultado, né? Nos últimos seis jogos tomamos quatro gols, tudo de bola parada, dois de pênalti. É uma marca bastante interessante que motiva.

O time tem sofrido menos em escanteios. Mudou alguma coisa na marcação?
Não mudou, a gente continua marcando individual, mas mudou a pegada e a disposição. Quando a bola sai, a gente já começa a cobrar atenção de todo mundo. Já sai do vestiário definido quem vai pegar quem, então os caras já ficam mais espertos. Claro que tem hora que eles conseguem cabecear, porque a gente não é perfeito também, mas a gente se esforça para minimizar ao máximo.

O Cuca mudou algo nesse sentido em relação ao Marcelo?
A gente já tentava fazer isso com o Marcelo. Com o Cuca, a gente está conseguindo ficar mais atento, tirar o máximo de bola possível. Quando eles cabeceiam, dificilmente estão sozinhos, sempre tem um do nosso time junto.

Como você define o trabalho do Cuca?
Ele passa muita confiança para a gente. Quando as coisas estavam dando errado, ele estava assumindo a bronca. Mesmo a gente sabendo que a responsabilidade era nossa, ele estava nos blindando. Isso foi importante, pegou a confiança do grupo.

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