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Seis medalhas para o Brasil na história das Olimpíadas! Conheça a ‘fábrica de talentos’ de judô de Sogipa

Mayra Aguiar, Ketleyn Quadros, Maria Portela, Rafael Macedo e Daniel Cargnin representam Sogipa nos Jogos Olímpicos de Tóquio

Mayra Aguiar conquistou a medalha de bronze no Japão (Foto: FRANCK FIFE / AFP)
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A Sociedade de Ginástica de Porto Alegre (Sogipa) é responsável por seis medalhas para o Brasil na história dos Jogos Olímpicos, todas elas no judô. Na madrugada de quinta-feira, a última foi conquistada por Mayra Aguiar, na disputa pelo terceiro lugar da categoria até 78kg, no Budokan, nas Olimpíadas de Tóquio. Ela, inclusive, se tornou a primeira mulher do país a conquistar três medalhas olímpicas em esportes individuais.

> Veja o time do coração de atletas brasileiros dos Jogos Olímpicos de Tóquio

A primeira medalha conquistada por um atleta de Sogipa veio nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, quando Tiago Camilo sagrou-se com o bronze na categoria meio-médio, até 81kg. Em seguida, nas Olimpíadas de Londres, em 2012, Mayra Aguiar e Felipe Kitadai conquistaram, também, o bronze. 

Em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio, Mayra, novamente, conquistou o bronze e a até então quarta medalha de Sogipa. Dessa vez, em Tóquio, além dela, o judoca Daniel Cargnin conquistou a medalha de bronze na categoria até 66 kg, ao derrotar o israelense Baruch Shmailov. 

- Não estou conseguindo falar, estou emocionada. Acho que é a conquista mais importante para mim. Foram difíceis os últimos tempos, bem difíceis, tem que superar, superar de novo e de novo. Não aguentava mais fazer cirurgia, ainda mais no momento que vivemos, tive medo, angústia. Mas continuei. Dar o nosso melhor vale a pena - desabafou a judoca em entrevista na zona mista à TV Globo.

O quinto de judocas representado por Sogipa em Tóquio é composto por Mayra Aguiar, Ketleyn Quadros, Maria Portela, Rafael Macedo e Daniel Cargnin. Todos eles, inclusive, seguirão no Japão para disputar a competição por equipes, que começa nesta sexta-feira, às 23h. 

A HISTÓRIA

Sogipa foi fundada em 1867 como Deutscher Turnverein (Sociedade Alemã de Ginástica) por um grupo de imigrantes alemães. Segundo o site do clube, a iniciativa foi do comerciante Alfred Schütt, que trouxe de Hamburgo, cidade onde nasceu, a cultura Turnen, que é traduzida como "prática da ginástica". Inicialmente, o empreendimento contava com 25 sócios.

Mesmo assim, o clube passou por momentos difíceis até se acertar, uma vez que sofria com crises e desagregações. Assim, em 1892, o quadro começa a mudar e é fundado o Turnerbund.

Nas primeiras décadas de existência, o clube tinha a ginástica, o tiro ao alvo, o teatro e a realização de reuniões dançantes como principais atividades. Neste período, inclusive, a ginástica era praticada apenas por homens.

Com o passar do tempo e do desenvolvimento da modalidade, grupos de ginástica de todas as idades surgiram. Além disso, a natação e a esgrima começaram a fazer parte das atividades da Sogipa.

Daniel Cargnin conquistou o bronze em Tóquio (Foto: Jack GUEZ / AFP)

Depois de, pelo menos três mudanças de endereço de propriedades alugadas,  o clube comprou um terreno para ter a sede própria, em 1893. Neste ano, a recém criada Turnerbund adquire um terreno de 22,88 m de largura por 43,50 m de profundidade, na Rua São Raphael (atual Avenida Alberto Bins), conforme informa o site oficial. 

Foi na década de 40 que o clube passou a se chamar "Sociedade de Ginástica Porto alegre, 1867 - SOGIPA". Desde então, o clube passou, a cada vez mais, buscar uma identidade "brasileira, gaúcha e porto-alegrense". A constituição do Turnerbund, segundo o site, resultou no aumento do quadro social, o que foi acompanhado pela diversificação das atividades do clube.

- O século XX viu o esporte desenvolver-se na Sogipa: atletismo, botão, punhobol, tênis, basquete, vôlei, tênis de mesa, judô, bocha, patinação, futebol, além da ginástica, esgrima e natação. No âmbito da cultura, surgiram grupos folclóricos, como o de Bávaros e o de Cultura Gaúcha - diz um trecho da história do site oficial da Sogipa.

Tiago Camilo conquistou o bronze em Pequim (Foto: Julio Muñoz)

Outro destaque importante é a aquisição do campo de jogos no arrabalde de São João, onde, até hoje, é a sede da Sogipa. A ideia da compra do terreno surgiu da necessidade de um campo de jogos não só para ginástica ao ar livre, mas também para o futebol, para o tiro ao alvo e para realização de festas populares alemães. O terreno media 186 metros de frente para a Avenida Benjamin Constant e cerca de 590m de profundidade.

Depois de um empréstimo do "Deustscher Hilfsverein" (uma sociedade de auxílio da época) foi possível realizar essa compra. O campo de jogos, aos poucos, se tornou a melhor alternativa para o crescimento do clube. Ali, por exemplo, foram construídas as sedes dos departamentos e um estádio atlético (1940-1944) por iniciativa de José Carlos Daudt.

Graças ao estádio, inclusive, a Sogipa obteve, nos anos seguintes, um alto desenvolvimento do atletismo e também grande visibilidade no cenário estadual. Atualmente, o estádio José Carlos Daudt possui uma das melhores pistas atléticas da América do Sul, que foi instalada no ano de 2003.

O Budokan recebe o judô nas Olimpíadas (Foto: Divulgação)

Um dos técnicos mais vitoriosos do Brasil é Antônio Carlos de Oliveira, ou como é conhecido, Kiko. No clube há 30 anos, o técnico ajudou a transformar a Sogipa em referência. À Agência do Brasil, ele falou sobre a história do clube e escolheu seu momento mais especial.

- A Sogipa, nos últimos 20 anos, conquistou quatro medalhas olímpicas, 11 medalhas em mundiais sênior e dez medalhas em mundiais sub-21 e 12 medalhas em Pan-Americanos. Acho que o momento mais especial foi em 2005, no Egito, quando o João Derly se tornou o primeiro brasileiro campeão mundial sênior. Ele venceu o bicampeão olímpico Masato Uchishiba.

- Ali foi o principal momento. Na época o nosso judô era muito amador, um judô no qual não havia recursos, que eu tinha que ser psicólogo, preparador físico, tudo para o João Derly. Depois conseguimos vários apoiadores e patrocinadores que estão com a gente há 15 anos. Depois, logo em seguida, o João Derly foi bicampeão mundial no Rio de Janeiro em 2007.