‘Jogo Seguro’: conheça o protocolo desenvolvido pela Ferj e clubes do Rio

Documento estabelece as medidas e procedimentos a serem tomados no retorno das atividades pelo clubes a fim de proteger todos envolvidos do contágio da Covid-19

Jogo Seguro
Comissão de médicos dos clubes do Rio de Janeiro elaborou o 'Jogo Seguro' (Foto: Reprodução/FERJ)

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Com o apoio de 14 clubes do Rio de Janeiro, a Ferj enviou, nesta sexta-feira, o protocolo denominado "Jogo Seguro", elaborado para garantir o retorno das atividades, após a paralisação devido à pandemia do COVID-19, "de forma segura a proteger todos os profissionais envolvidos" aos governantes e autoridades do Estado. O LANCE! destaca os principais pontos do documento.

Segundo nota publicada nesta sexta, pela Ferj, os clubes se sentem preparados para retornar aos treinos assim que tiveram total anuência dos órgãos governamentais e do Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais de Saúde e Secretarias Municipais de Saúde. Dos 12 clubes da primeira divisão do Carioca, apenas os presidentes de Botafogo e Fluminense não assinaram o documento.

ELABORAÇÃO DO PROTOCOLO 'JOGO SEGURO'

A comissão médica especial temporária foi composta pelos doutores Christiano Cinelli (chefe do Departamento Médico do Botafogo), Eduardo Moraes (chefe do DM do Boavista), Márcio Tannure e Ricardo Bastos (chefe e membro do DM de Flamengo e Botafogo, respectivamente) e Marcos Teixeira (chefe do DM do Vasco).

A comissão ainda contou com a consultoria do Dr. Celso Ferreira Ramos Filho (professor titular de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina da UFRJ).

Doutores do Volta Redonda, América, Resende, Madureira, Macaé, Vasco, Bangu, Friburguense, Portuguesa, Fluminense, Boavista, Cabofriense, Botafogo e Flamengo foram colaboradores participantes da reunião da comissão médica.

As informações apresentadas no Protocolo "Jogo Seguro", apesar de autorais, tiveram como orientações trabalhos desenvolvidos em outros países, e o manual criado pela Confederação Brasileira de Futebol diante do atual cenário.

OBJETIVO
Implementação de medidas de proteção, um protocolo a ser seguido, após o retorno das atividades dos clubes de Futebol do Rio de Janeiro, colocando em prática rigorosamente todas as ações de segurança e assistência para os atletas, membros das comissões técnicas, funcionários e colaboradores assim como os respectivos familiares e contactantes próximos a cada um destes.

PRÉ-REQUISITOS PARA RETORNO ÀS ATIVIDADES DE TREINAMENTO
O retorno aos treinamentos de forma individual deve ser precedido pela liberação das autoridades competentes, reguladoras das atividades desenvolvidas durante o período de distanciamento social em função da pandemia do coronavírus. Os itens de higiene pessoal e desinfecção dos clubes devem ser abundantes, tornando investimento prioritário neste protocolo, a citar: álcool líquido a 70%, álcool em gel em dispenser distribuídos nos locais estratégicos, desinfetantes, máscaras cirúrgicas, luvas de procedimento, entre outros que sejam necessários.

A aquisição do kits de teste rápido deve preceder o retorno, uma vez que serão aplicados pela equipe médica conforme orientação a seguir. Deve-se ter em mente a mudança de filosofia dos treinos, em que deverão ser planejados de forma a isolar ao máximo os integrantes envolvidos, priorizando apenas o pessoal essencial para sua realização.

REALIZAÇÃO DOS TESTES RÁPIDOS
Serão realizados Testes Rápidos com pesquisa de IgM e IgG em todos os jogadores e seus contactantes domiciliares, além da comissão que participará dos treinos e o staff envolvido.

O primeiro teste seria coletado 7 dias antes da data prevista de retorno e servirá como panorama inicial da imunidade do grupo e início do planejamento das atividades de treino. O segundo teste deverá ser realizado 72h antes do primeiro treino com o objetivo de identificar falsos negativos do primeiro teste e novos infectados.

Caso o indivíduo seja IgM e IgG negativo, será monitorado e deverá manter todas as medidas de controle e higiene necessárias. Indivíduo IgM positivo deve ser imediatamente afastado por 15 dias e realizar o isolamento social, sendo acompanhado à distancia pelo Departamento Médico.

Todos os novos casos da COVID-19 deverão ser notificados às autoridades de saúde competentes e informadas à FFERJ.

Jogadores que tiverem IgG positivo com IgM negativo são considerados imunizados. Tais jogadores poderão compor um grupo único de trabalho, onde atividades com bola e em grupo serão permitidas entre si. Os testes devem ser repetidos quando do início das competições, com protocolo a ser desenvolvido.

TRANSPORTE
É recomendado que cada jogador chegue no treino em seu veículo particular, de preferência sozinho. O local de estacionamento será previamente determinado para que não haja dúvidas sobre o deslocamento do atleta dentro da unidade de treino.

Deverá haver um corredor de passagem sinalizado, preferindo sempre o uso de locais abertos até a chegada ao campo. No retorno aos jogos, mantido o cenário atual, deve-se abrir o precedente do jogador se dirigir ao estádio em seu carro particular.

Caso seja necessário o uso de transporte coletivo do próprio clube, deverá ser realizada higienização prévia e após o uso. O espaçamento mínimo recomendado será de duas fileiras, de forma alternada entre as colunas. Os passageiros devem sempre usar máscaras e fazer uso de álcool em gel na entrada e saída do ônibus.

VESTIÁRIOS
Devem ser evitados no retorno inicial. Quando autorizados, usar todos os vestiários disponíveis a fim de se dividir ao máximo o grupo de usuários. Como exemplo, devem ser utilizados os vestiários do Mandante, Visitante e Comissão de Arbitragem.

Separar ao máximo o distanciamento das cabines dos jogadores. O uso de vestiário será precedido por desinfecção por funcionário treino, repetindo a ação após o uso.


ROUPARIA/LAVANDERIA
Os jogadores deverão chegar em seus carros já vestidos para o treino. É recomendado que os mesmos carreguem seus itens pessoais (roupas de treino, caneleiras, etc) para que sejam lavados em seus domicílios. Desta forma minimiza-se o risco dos profissionais envolvidos nas roupas usadas, que guardam potencial risco de infecção.

Do mesmo modo, a comissão técnica deve seguir as mesma orientações. Caso seja necessária a rouparia e lavanderia, os funcionários devem utilizar luvas e máscaras. Deve haver dispenser de álcool em gel no local de trabalho. As caixas de roupas devem ser desinfetadas após o uso. Importante a disponibilização e devido cuidado com expurgos.


FISIOTERAPIA
Inicialmente priorizar casos de atletas lesionados e pós-operatórios. O atleta apresentar-se-á no setor sem frequentar outras instalações do clube previamente.

Os profissionais devem evitar ao máximo contato manual com os atletas, além de usar máscaras e luvas, mantendo as macas sempre higienizadas antes e depois do tratamento.

O paciente não deve trocar de maca durante seu tratamento. O cenário de tratamento da fisioterapia deverá ser estabelecido de acordo com o ideal isolamento para proteção dos atletas e profissionais envolvidos no momento.


INSTALAÇÕES DE ACADEMIA
Devem ser evitadas no primeiro momento em função de na sua maioria serem fechadas com ar condicionado sem pressão negativa. Dar preferência para uso de pesos livres e barras em ambiente externo, de uso individual, sendo desinfetados antes e depois do uso. Não utilizar banheiras, sejam conjuntas ou individuais.

NUTRIÇÃO
As refeições não serão realizadas no local de treinamento. O atleta terá sua hidratação e suplementação instaladas em seu espaço individual de treinamento no campo. Tais medidas serão supervisionadas por um nutricionista único, com todos os cuidados de higiene, usando máscara e luvas. Os jogadores deverão realizar sua alimentação em casa, com cardápio orientado pelo Serviço de Nutrição.

DEPARTAMENTO MÉDICO
Deverá realizar questionário prévio ao retorno das atividades em todos os integrantes que compõem o treino de maneira remota a fim de identificar possível caso suspeito de Covid-19. Um agente de saúde deverá realizar triagem na entrada do Centro de Treinamentos, munido de termômetro infra-vermelho.

Caso haja presença de febre ou sintomas respiratórios, o funcionário (atleta, comissão ou staff) deverá ser submetido a Teste Rápido, sem desembarcar do veículo, retornando para seu domicilio em isolamento imediatamente. O atleta com exame positivo deve ser monitorado pelo Departamento Médico. Um teste positivo deverá ser compulsoriamente notificado às Autoridades.

O consultório médico deve funcionar com portas e janelas abertas, atendendo um paciente por vez.

GRUPOS DE RISCO
A média etária dos atletas de futebol guarda mínimo risco de desenvolvimento das formas graves do COVID-19. Atenção deve ser dada aos membros da comissão técnica e do staff envolvido nos treino no sentido de distanciar os que pertencem ao grupo de risco em função de idade e comorbidades. Simples medidas como distanciamento, participação por vídeo, ou mesmo troca por funcionários mais jovens de outros departamentos devem ser consideradas.

ROTINA DE TREINOS
No momento de retorno aos treinos, será fundamental a adoção de medidas com objetivo de minimizar os riscos dos jogadores e comissão técnica. Cada membro da comissão técnica ou jogador deverá ir ao treino sozinho preferencialmente. Os horário de chegada e treino dos jogadores deverá ser previamente agendado de modo a minimizar o contato entre eles.

Nesse retorno inicial aos treinos, a comissão técnica poderá trabalhar com um número reduzido de profissionais, poupando aqueles que estiverem no grupo de risco para o Covid 19. Comissão e staff deverão usar máscaras durante sua estadia no Centro de Treinamento. Todas as reuniões deverão ser realizadas através de videoconferência.

Seria importante que o trabalho fosse realizado com pequenos grupos de jogadores, os quais seriam separados para não haver contato ou compartilhamento de materiais. Um dos critérios que poderá ser utilizado para a divisão dos grupos de trabalho seria o resultado dos testes de identificação viral.

Cada grupo deverá trabalha em local isolado, com uma distância segura entre os atletas. Cada atleta deverá ter seu próprio equipamento de treino, identificado previamente e higienizado após uso. Vale a pena ressaltar que cada grupo terá seu próprio staff, diminuindo assim o risco de transmissão. Esse grupo deve se repetir diariamente no intuito de minimizar a disseminação de uma possível contaminação dentro do grupo.

A roupa de treino assim como a toalha deverá ser levada por cada atleta para lavar em casa e trazida no dia da próxima atividade. Ao final do treino, os jogadores irão diretamente para o seu carro e retornarão ao domicilio. Não haverá uso de vestiário inicialmente.

A hidratação e suplementada nutricional devera seguir as normas de assepsia e serem colocadas no espaço individual de cada jogador. Os membros da comisso técnica deverão utilizar máscaras e luvas durante as atividades profissionais.

Não custa lembrar que não deverá haver apertos de mão, abraços e uso de adornos (brincos, pulseiras, cordões e relógios). Os jogadores deverão manter o isolamento social nas suas atividades extra-campo.

Os treinos não contarão com a presença da imprensa, de forma a reduzir o número de pessoas circulantes e, portanto, risco de contágio.

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