“O Paranaense é pouco para a grandeza do Atlético-PR”, diz Pablo

Em entrevista exclusiva ao Lance!, Pablo fala do bom momento dele no Furacão, relembra período que jogou como lateral e a experiência no Real Madrid, e pede para o clube buscar mais títulos

Pablo
Pablo fez os últimos três gol do Atlético-PR, na Arena da Baixada. (Gustavo Oliveira/Atlético-PR)

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De jogador questionável a essencial, o meia-atacante Pablo vive um grande momento no Atlético-PR e comemora a boa fase no clube. No CT do Caju desde 2006, quando tinha apenas 14 anos, o jogador completou 10 anos de casa, entre idas e vindas de empréstimos.

Agora, entretanto, o atleta está tão em alta que assumiu a artilharia da equipe neste Campeonato Brasileiro, com cinco gols em 22 jogos. Ele ainda é o vice-artilheiro do Furacão na temporada, com oito tentos marcados - apenas André Lima, com 12, supera sua marca. No mês passado, ele renovou o vínculo que ia até 2017 para agosto de 2019.

- Eu acho que o motivo dos gols é o trabalho, de treinar finalização e o próprio Paulo Autuori pede e cobra para finalizar mais. É o treinamento - afirmou, sempre lembrando que o dia a dia torna o resto naturalmente.

Esse profissionalismo de Pablo veio na Europa. Após se destacar pelo Figueirense, com oito gols em 27 jogos em 2013 pelo Brasileiro, o extremo esquerda se transferiu para o Real Madrid B há dois anos e ficou por mais de seis meses convivendo com jogadores do mais alto nível mundial, antes de retornar para o próprio time catarinense em 2014.  Como não se dedicar cada vez mais quando se vê Pepe, Bale, Cristiano Ronaldo, entre outros se esforçando ao máximo?

- Não tem como fazer ou ser diferente, você aprende olhando eles trabalhando. Se o Cristiano faz isso, como eu não vou fazer também? - indagou.

Em uma conversa exclusiva para o LANCE!, Pablo ainda falou sobre as experiências de jogar como lateral-direito e volante, que ajudaram ele na questão defensiva, o que falta para o Atlético-PR melhorar em jogos longe da Arena e a relação com o técnico Paulo Autuori, de quem o atleta chama de "top". Confira a entrevista: 

Os últimos jogos na Arena foram decididos por você. Mudou algo no treino ou na sua função que você passou a decidir com mais jogos?

Eu estou muito feliz por poder ajudar a equipe, de marcar esses gols. Taticamente não mudou nada, estou jogando na posição que fico confortável, na extrema esquerda. Eu acho que o motivo dos gols é o trabalho, de treinar finalização e o próprio Paulo pede e cobra para finalizar mais. É o treinamento.

As saídas de Vinícius e Walter abriram espaço para você ter essa fase, com cinco gols e sendo artilheiro na competição?

Essas saídas e entradas são normais e temos que nos adaptar, tem que se acostumar com isso no futebol. É buscar esse equilíbrio. Temos jogadores de qualidade que podem assumir esse papel de referência. O grupo é o protagonista e não só um jogador, é o coletivo que é forte e faz a diferença, nunca só um jogador, e a gente tenta aproveitar isso o máximo possível.

Por que o futebol do time cai tanto longe da Arena?

Nós, jogadores, sabemos que os números fora de casa não agradam e não estamos conseguindo desempenhar o nosso futebol. Fizemos alguns bons jogos e perdemos, o que acabou prejudicando. Se tivéssemos três vitórias a mais, estaríamos em uma posição bem mais confortável e dentro do G-4. Esses resultados (que deixaram de vencer) nos atrapalharam um pouco. Precisamos resgatar o futebol diante de São Paulo e Cruzeiro (únicas vitórias como visitante) longe daqui, com atuações fantásticas. É resgatar isso. Contra o Grêmio (jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil), cheio de mudanças na diretoria e comissão técnica, é o cenário ideal pra dar a volta por cima. Ter posse de bola, procurar a partida e fazer o mesmo que fazemos dentro de casa.

Acreditam na classificação para a Libertadores pelo Campeonato Brasileiro ou o fato de estar seis pontos atrás do Santos esfria a possibilidade?

A gente está confiante e é o nosso objetivo de buscar essa vaga. O campeão da Copa do Brasil estará entre os sete, oito colocados do Campeonato Brasileiro e deve abrir uma vaga por provavelmente esse time terminar no G-4 também, com o quinto colocado pegando a classificação. Tem que ficar por ali. A torcida também está confiante nisso e vamos buscar pontos fora, continuando sendo o melhor mandante, para ter totais condições de chegar no torneio internacional. 

Pablo
Pablo com a taça do Campeonato Paranaense de 2016, no Couto Pereira. (Reprodução/Arquivo Pessoal)

O que falta para o Atlético-PR aliar a grande estrutura com grandes conquistas nacionais ou internacionais?

O Atlético-PR tem tudo para isso acontecer. Já tenho 10 anos de casa, sei a história e os títulos. A gente tem que fazer isso acontecer. Ficamos felizes de ganhar o Campeonato Paranaense após tanto tempo (desde 2009), mas é pouco perto do que a gente almeja e pelo tamanho do Furacão. O clube tem que pensar cada vez mais para frente e em termos de títulos, chegar na Libertadores com frequência. A estrutura é fantástica, nível mundial. A gente sabe que pode fazer isso, brigar em nível nacional e internacional, porque já aconteceu, e é um objetivo que vejo dentro do clube. Tem que colocar as forças diretamente no futebol, é isso que tem que fazer.

Como define essa Série A em 2016 no aspecto técnico, de conceitos dentro de campo? Qual a equipe que você mais gosta de ver jogando?

É um torneio difícil, um dos mais complicados do mundo. Amo futebol, acompanho muitos campeonatos e aqui tem vários times brigando para ser campeão, diferente dos demais. A gente sabe da nossa qualidade técnica e as equipes estão crescendo taticamente, principalmente olhando o Corinthians do Tite nos últimos anos, em termos técnicos e de jogo. Isso fez evoluir o campeonato. O Flamengo, o Palmeiras e o Atlético-MG têm um padrão muito bacana, assim como nós. É muito equilibrado. Os jogadores brasileiros têm muita qualidade técnica e a evolução tática dos atletas vem acontecendo. Só ver Gabriel Jesus e Gabigol saindo novos para a Europa, já quase prontos. Vejo uma Série A muito forte na temporada, está muito legal de jogar pela evolução conceitual que está acontecendo. Isso ajuda a crescer o torneio e até na Seleção.

Quando você voltou de empréstimo, o treinador Paulo Autuori te bancou no Atlético-PR após a saída do Cristóvão Borges. Como foi tua experiência com ele no Japão (Cerezo Osaka, em 2015) para ter toda essa confiança? Alguma semelhança na maneira de jogar, posicionamento?

Eu nem tenho o que falar das qualidades dele. É campeão de tudo no futebol brasileiro, ganhou tudo, trabalhou fora do País. Ele tem conceitos físicos, táticos e mentais. Faz uma leitura de jogo fantástica, absurda, ele é um treinador top. Aprendi muito com ele no Japão, pois ele me ensinou o que não sabia e consegui essa facilidade de aprender. Ele sabe as funções que posso atuar dentro do campo. O Paulo dá todos os detalhes táticos, mastigados para cada jogador desempenhar. Ele ensina e todos sabem o que fazer dentro de campo, facilita muito essa conversa dele. Nos dá muita confiança.

Você comentou dessa facilidade tática e é inevitável relembrar do técnico Juan Ramón Carrasco, em 2012. Como foi jogar de lateral-direito e de volante e atuar ali ajudou em noção defensiva?

A gente estava sem no momento no elenco e fiz um treino de ala, aí o treinador gostou do desempenho por ali. Como tenho facilidade de aprender, joguei. Foi um aprendizado muito grande, já que eu aprendi a marcar. Eu não sabia e comecei a desempenhar esse papel defensivo, muito por jogar de lateral. Daí fui para o Figueirense, joguei bem de meia-atacante e sou grato a esse clube também por voltar a jogar na posição que gosto. Foram tempos bons lá. 

Pablo, Cristiano Ronaldo
Pablo ao lado do ídolo e atual melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo. (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Na sequência disso, você teve experiência de ir para o Real Madrid e conviver com nomes consagrados do futebol mundial, como Cristiano Ronaldo. No que ele e outros nomes do clube influenciaram na sua carreira? Como era esse convívio diário com tantos craques?

Teve essa oportunidade de ir para a Europa e não tem como dizer não. É o maior clube do mundo. Lá você aprende só de ver eles trabalhando. Eu já era fã do Cristiano desde o Manchester, via ele de perto e a dedicação, a fissura por estar sempre no melhor nível nos jogos, faz com que você queira também ser melhor jogador. O Pepe, Marcelo, Sérgio Ramos, Bale, era demais vê-los no dia a dia, era ótimo para a carreira. O profissionalismo deles era muito bom e aprendi a ser assim. O Casemiro virou meu amigo até hoje e também merece muito por tudo que fez, de estar na Seleção, ele foi emprestado para o Porto, voltou e trabalhou demais para estar onde está. O maior aprendizado foi ser extremamente profissional, pois tem que pensar no futebol em primeiro lugar e é isso que quero para a minha carreira. Você vê o Cristiano ali, se dedicando diariamente, sem estrelismo, não tem como fazer ou ser diferente.

Com 24 anos, você ainda tem um bom tempo de carreira. Quais são os seus sonhos daqui pra frente?

Já vivi bons momentos e estou muito feliz neste ano. O meu objetivo é ser melhor a cada dia, melhorar meus números e absorver o aprendizado. Isso faz com que aconteça naturalmente. Claro que tenho o sonho de voltar para a Europa, vestir a camisa da Seleção. Mas é trabalhar, dedicar e concentrar que o restante acontece. Espero continuar fazendo isso, com humildade e o que tiver que vir vai acontecer naturalmente.

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