BSOP: expectativas e previsões para o retorno pós-pandemia de Covid-19

Em entrevista, Devanir Campos, diretor-geral do BSOP, o Circuito Brasileiro de Pôquer, analisa o esporte na pandemia, crescimento do online e as expectativas para o futuro

Devanir Campos, presidente do BSOP de pôquer
Para Devanir Campos, apesar das dificuldades sem jogo presencial na pandemia, pôquer sairá forte (Divulgação)  

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O BSOP (Brazilian Series of Poker) é o maior circuito de pôquer da América Latina. São 15 anos de história e uma marca reconhecida internacionalmente. Em 2020, no entanto, a série sofreu um baque, obviamente devido à pandemia de Covid-19. Lugares de aglomeração, com constante trocas de fichas e cartas de mãos, os eventos de pôquer ao vivo foram cancelados em todo o mundo. Por outro lado e muito por conta disso, o pôquer online vive um momento histórico, apresentando crescimento estrondoso em todos os níveis.

Etapas presenciais como o retorno do BSOP Rio de Janeiro e a segunda edição do Winter Millions ficaram impossibilitadas. Porém, o circuito não ficou parado. Nesse período de pandemia, duas edições do BSOP Online já foram realizadas, ambas com sucesso de público e premiações garantidas superadas facilmente. No momento, a situação no Brasil ainda está longe de permitir o retorno dos torneios presenciais, mas como o BSOP vê uma possível volta no futuro? E qual a previsão para retorno, que medidas serão tomadas e quais os efeitos da pandemia a longo prazo?

Para responder a essas perguntas, o SuperPoker entrevistou Devanir Campos, conhecido como DC, diretor geral do BSOP.  Confira o bate-papo.

Com quais previsões o BSOP trabalha no momento para o retorno das etapas?
Primeiramente, precisamos seguir todas as diretrizes, recomendações, leis e decretos sobre a realização de eventos. No momento em que são proibidos eventos, convenções, feiras e tudo mais, temos que observar quais são essas regras e como elas estão. No momento, não é permitido, porque causa da aglomeração de pessoas. Apesar de ser um evento esportivo, o nosso evento tem muito mais cara de convenção, feira. Pela forma como as pessoas circulam e ficam no evento, existe uma proximidade muito grande.

Além disso, há um segundo ponto, porque o BSOP funciona com pessoas vindo de todo o Brasil, América Latina etc. Então, além de ser permitido, temos que ver se é factível. Por exemplo, se estão acontecendo voos, se as fronteiras estão abertas etc. Esses são os pontos principais a se observar.

Pode ser que em determinado momento seja permitida a realização de eventos em São Paulo, mas outros estados estejam em quarentena, mobilidade esteja reduzida, enfim, dificuldade para se movimentar. Isso leva a uma possibilidade muito menor de ter participantes, então teremos que analisar tudo isso. 

Agora, estamos vendo como mais factível a realização apenas do BSOP Millions neste ano. Mas ficaremos atentos a tudo que está acontecendo no cenário para saber se será possível.

Como avalia a realização de duas edições do BSOP Online nesse período?
Foi um verdadeiro sucesso, estamos muito felizes com o resultados dos dois BSOP Online. Tivemos fields muito grandes, premiações legais e vimos que o público brasileiro realmente compareceu. É só a gente ver que a média de brasileiros em cada um desses eventos foi muito superior ao que regularmente acontece no Pokerstars.

Teve muita gente que participou e gostou. A escolha dos torneios foi feita com muito cuidado para que as pessoas tivessem uma grande diversão e pudessem matar a saudade. Somos apaixonados por pôquer e não vemos a hora de poder sentar de novo com os amigos para se divertir. O online é o caminho natural nesse momento para podermos aderir a todas as regras de distanciamento social e matar a saudade de jogar.

Você acredita que medidas como uso de máscara, álcool em gel etc possam se popularizar no pôquer mesmo após a pandemia?
Acho que sim, essa pandemia está ensinando para a população mundial várias coisas que vão ficar de legado. Uma delas é que as empresas estão vendo que podem, com a tecnologia, ter mais trabalhos à distância. O brasileiro, especialmente os legisladores, terão que aprender a flexibilizar ainda mais algumas regras de trabalho para que isso seja uma realidade. Estamos vendo que a vida consegue funcionar no meio online.

Além disso, sobre equipamentos de proteção, máscara, álcool em gel e tudo mais, isso realmente mostrou que é preciso tomar conta da higiene pessoal. Especialmente lavar as mãos com frequência, tomar cuidado com objetos. Por exemplo, pegar num corrimão de escada, apertar um botão de elevador, sabe-se lá quantas mãos passaram ali antes. Hoje estamos lidando com o coronavírus, mas não é a única doença contagiosa, então precisamos realmente de um cuidado grande.

Os povos asiáticos, Japão, China, já tinham o costume da utilização de máscaras respiratórias. Não porque pudessem pegar alguma doença, mas especialmente alguém com sintomas de gripe e tudo mais. Já é uma demonstração de respeito social em saber que está com uma doença e não querer contagiar outras pessoas. Acho que isso vai melhorar padrões de limpeza, de desinfecção de objetos e também a higiene das pessoas, acho um legado interessante.

Como você imagina uma primeira etapa do BSOP pós-pandemia?
Uma etapa muito alegre. Acho que muitas pessoas estarão com saudades de jogar, participar de um evento, ver amigos, sentir a adrenalina. Num primeiro momento, talvez as etapas sejam um pouco menores. Isso porque nem todo mundo vai estar com facilidade de locomoção, mas também porque um dos resultados dessa paralisação toda é um impacto econômico. Então talvez os eventos em geral no mundo fiquem um pouco menores. Muita gente terá que se reerguer, as empresas voltarão devagar, a demanda de consumo... Enfim, é um reflexo normal do cenário econômico. Tudo vai precisar de tempo pra voltar à normalidade, desde a banca de jornal até os eventos.

Que efeitos acredita que a pandemia terá no cenário do pôquer ao vivo e online a longo prazo?
Um dos efeitos é que muita gente que não jogava online aprendeu a jogar. Teve um primeiro contato com sites, aplicativos, foi atrás de formas para se divertir, matar o tempo, exercitar seu conhecimento do pôquer. Qualquer que seja o objetivo, o online com certeza é beneficiado. Por outro lado, também muitas pessoas conheceram o pôquer pela primeira vez, como uma forma de passar o tempo, e elas não necessariamente conhecem o pôquer ao vivo.

Acho que os dois serão beneficiados. Num primeiro momento com mais pujança o pôquer online, mas num segundo momento o pôquer ao vivo terá também um benefício de muita gente nova querendo aprender e se divertir. O pessoal que começou no online e depois vai descobrir quais são os eventos, onde pode jogar, fazer curso e tudo mais. O pôquer ao vivo sofreu muito, o pôquer online foi beneficiado, mas acho que no fim o ao vivo também vai colher algum benefício dessa história toda.

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