Treino mental: Jacob Petry explica a importância da inteligência emocional na corrida

Especialista em inteligência emocional fala como o treino mental deve fazer parte da preparação de atletas

Especialista em inteligência emocional, Jacob Petry fala da importância do treino mental na corrida. (Divulgação)
Especialista em inteligência emocional, Jacob Petry fala da importância do treino mental na corrida. (Divulgação)

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A maratona, com seus 42,195 km, é um dos maiores desafios que um atleta de corrida de rua pode enfrentar. Para resistir a horas de prova, o competidor deve estar com o físico em dia, mas o trabalho mental também pode fazer toda a diferença no resultado final.

De acordo com o especialista em inteligência emocional Jacob Petry, a resistência mental também pode – e deve – ser treinada. E, segundo o autor de obras como “As 16 Leis do Sucesso” e “Os atrevidos dominam o mundo”, a maneira com que o competidor trabalha esse aspecto que pode levá-lo ao mais alto degrau do pódio.

“Assim como se faz necessário treinar o corpo para uma corrida, também é preciso treinar a mente. (…) O equilíbrio emocional precisa ser treinado através do domínio da mente”, contou Jacob, que já vendeu mais de um milhão de exemplares de suas obras.

Em seus livros, Petry costuma abordar temas como psicologia da cognição, inteligência emocional e desenvolvimento pessoal. Deste modo, ele consegue analisar a diferença entre as formatações mentais dos diferentes tipos de maratonistas e montar o perfil psicológico do vencedor deste tipo de prova.

“Um atleta normal treina fatores relacionados ao pensamento. Ele estimula o desejo, trabalha a autoestima, a motivação, a confiança, a visualização e faz autoafirmações para programar um estado mental positivo, vencedor. O atleta excepcional, aquele que geralmente vence esse tipo de corrida, vai além disso. Ele treina algo conhecido como estado de presença – que significa ser a consciência para além da mente”, destacou.

“Mente e consciência não são a mesma coisa. O pensamento é apenas um pequeno ponto na nossa consciência. O atleta vencedor, não treina um tipo de pensamento, ele elimina o pensamento e age a partir desse vasto campo de energia que existe para além disso. Nesse estado de consciência, conhecido como mente vazia, não há pensamento, apenas consciência. Ele está totalmente imerso no agora. (…) O melhor treino para a resistência mental, então, não é programar sua mente para vencer, mas aprender a esvaziar a mente e agir a partir da mente vazia, que é o estado de presença”, completou.

Com a proximidade da São Silvestre, uma das corrida de rua mais tradicionais do Brasil, com 15km, os holofotes se voltam para a preparação dos corredores que irão em busca do topo do pódio. Segundo Petry, a dica para os competidores que estarão presentes na prova do dia 31 de dezembro, em São Paulo, é não confiarem na mente, pois ela pode criar armadilhas.

“É importante não depender muito da mente. A mente é conhecimento – que nasce da experiência, educação e observação. Por isso, ela sempre é limitada, lhe fará parar antes do seu limite, vai lhe fazer desistir antes do desgaste físico ou do limite da sua capacidade. Já no estado de presença, como a mente não está ativa, não há limites mentais, apenas físicos. E quando você alcançar o limite do desgaste físico, você o sentirá. Mas não será iludido pelo seu condicionamento mental”, ressaltou.

O ser humano provou, ao longo da história, que barreiras foram feitas para serem quebradas. Um dos maiores atletas de todos os tempos, Michael Jordan, dizia que “limites, como medos, geralmente são apenas ilusões”. E Jacob explica como ocorre essa quebra de paradigmas na prática esportiva.

“Veja um exemplo: até 1954, médicos, treinadores e especialistas de todas as áreas diziam que era impossível um ser humano correr a distância de uma milha num tempo inferior a quatro minutos. Até que, no dia 6 de maio daquele ano, Roger Bannister quebrou esse recorde. Nas semanas seguintes, o australiano John Landy também quebrou o recorde. Um mês depois, outro. Depois outro e mais outro”, narrou.

“Três anos depois, 17 corredores haviam repetido o feito de Bannister. O que aconteceu? A distância encurtou? O potencial dos atletas se alterou de uma hora para outra? Não. O que mudou foi a convicção implícita desses atletas dizendo ser impossível correr uma milha em menos de quatro minutos. Uma vez que essa convicção foi quebrada, fazê-lo, na prática, se tornou mais fácil”, concluiu. (Iúri Totti)

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