Poucos gastos e ascensão no Chile: como o Antofagasta desafia o Flu?

Equipe chilena aposta nos talentos próprias e na sua defesa forte para enfrentar o Fluminense. Duelo está marcado para esta terça-feira, na estreia pela Copa Sul-Americana

Antofagasta Chile
Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

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Tudo indica que o Fluminense não terá vida fácil na primeira fase da Copa Sul-Americana. O Antofagasta pode ser desconhecido da maioria do público do Brasil, mas vem subindo degraus de forma rápida no futebol chileno nos últimos anos. O LANCE! preparou um material completo sobre o primeiro adversário do Tricolor na competição internacional.

EVOLUÇÃO

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Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

Fundado em 14 de maio de 1966, o Antofagasta ficou, durante boa parte de sua vida, intercalando entre a elite e a segunda divisão do país. Em toda a história, os Pumas foram rebaixados em quatro oportunidades (1977, 1984, 1997 e 2008), o que exemplifica que a equipe, durante boa parte do tempo, entrava na primeira divisão com o objetivo de não voltar imediatamente ao segundo escalão do país, o que nem sempre foi possível.

A equipe se estabeleceu na primeira divisão do país em 2012, mas nem sempre conseguia campanhas de destaque. De 2016 para cá, porém, os Pumas são uma das equipes que mais chamam a atenção no país, brigando pelas posições mais altas da tabela. No ano passado, lutaram por uma vaga na Libertadores durante boa parte da competição, mas, no fim, terminaram em quarto lugar, com 57 pontos, se classificando para a Sul-Americana, a primeira competição internacional da história do clube. 

O ÚLTIMO CAMPEONATO CHILENO

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Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

A equipe chega com moral para a partida contra o Fluminense. Na bagagem, a melhor campanha da história do Antofagasta em um Campeonato Chileno e a confirmação de que os Pumas estarão presentes nas primeiras prateleiras do país durante algum tempo, já que melhoram ano após ano.

No último Campeonato Chileno, o Antofagasta brigou por uma vaga na Taça Libertadores, que é dada aos três primeiros colocados, durante todo o tempo. Na reta final do torneio, porém, a equipe teve uma sequência de cinco jogos seguidos sem vencer - uma derrota e quatro empates - e viu a Universidad do Chile, com 57 pontos, terminar na terceira colocação.

FILOSOFIA: GASTAR POUCO E EVOLUIR

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Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

Apesar de possuir um elenco mesclado - com média de 26,1 anos no total -, uma das filosofias do clube, em termos de contratações, é apostar em jovens jogadores não tão badalados nas categorias de base ou em atletas experientes sem tempo de jogo em seus antigos clubes, já que a situação financeira dos Pumas não permite fazer grandes negócios, e, a partir disso, moldá-los com o intuito de que encontrem uma evolução na equipe.

No elenco atual, alguns jogadores que participam ativamente dos jogos entram nesse contexto: Tomás Astaburuaga, que jogava no Union Española, Eduard Bello, do Carabobo, Ricardo Blanco, no Curicó Unido, e Marco Collao, com passagem pelo Coquimbo Unido. Além disso, o meio-campista Ângelo Araos, atualmente está no Corinthians, foi revelado nas categorias de base do Antofagasta, antes de se destacar na Universidad de Chile.

O TREINADOR

Gerardo Ameli - Técnico do Antofagasta
Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

Gerardo Ameli, de 48 anos, é o comandante do Antofagasta. O jovem treinador encontra-se no terceiro clube da carreira e, antes de embarcar no Chile, teve passagens por Sport Rosario e Deportivo Municipal, ambos do Peru. Antes de qualquer experiência profissional, o argentino foi assistente técnico de Jorge Sampaoli, atualmente no Santos, no Sporting Cristal-PER. Além disso, afirma que possui em Marcelo Bielsa uma de suas principais inspirações, mas que, no fundo, tem seu próprio estilo de trabalho.

- Bielsa me influencia nos quesitos de dinâmica de jogo, pressão constante e com a mudança de atitude dos jogadores, me sinto muito identificado com isso. Mas, com minha comissão técnica, fomos tratando de colocar essas ideias com fatores de outros treinadores para que não fiquemos presos em apenas um sistema, como Tata Martino e Mauricio Pellegrino, principalmente na gestão de um elenco. Creio que isso está mais relacionado com o futebol moderno do que ficar preso em uma única ideia - afirmou, ao "Publimetro Chile".

ESTILO DE JOGO

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Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

Mesmo citando as influências de Marcelo Bielsa e Jorge Sampaoli para a sua carreira, é possível encontrar diferenças no estilo de jogo de Ameli em relação ao do atual técnico do Santos. Os dois possuem seu estilo de jogo moldado no controle da bola, mas o Antofagasta é mais direto nos ataques que constrói se comparado ao Alvinegro Praiano.

O objetivo do Antofagasta é sempre buscar o gol, não importa o que aconteça. Por isso, nem sempre será possível, por exemplo, encontrar a equipe tocando a bola no campo de defesa, mas sim vê-los em velocidade em direção ao gol do adversário, mas sempre com a cautela nos passes e nas decisões em campo. Isso explica um estilo de jogo intenso e que, apesar de não controlar tanto as porcentagens de posse de bola, seja moldado no controle da mesma.

TATICAMENTE

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Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

​A base da equipe é a formação 4-2-3-1. Em jogo, com o avanço do ataque, é possível também ver um 4-3-3, já que os jogadores de lado de campo sempre buscam sair das beiradas e atacar a área adversária em movimento diagonal. Quando tem a bola, é possível notar também um avanço dos laterais, que aparecem com frequência no campo ofensivo, atuando como alas.

Defensivamente, o Antofagasta se molda por meio da pressão constante. Assim como o Fluminense de Fernando Diniz, os chilenos tentam incomodar a saída de bola do adversário e, nesse contexto, contam com dois volantes que cobrem espaços dentro de campo, com o objetivo de recuperar a bola rápido. Além disso, o time, quando está sem a bola, se molda com duas linhas de quatro jogadores compactas, sem dar espaços para o rival receber entrelinhas.

Time-base: Hurtado; Fierro (Nieto), Astaburuaga, Romo, Peñailillo; Rojas, Sandoval; Abrigo, Marco Collao, Flores; Tobías Figueroa.

DESTAQUE RETORNANDO

Eduard Bello - Antofagasta
Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

Individualmente, o destaque do Antogasta é o venezuelano Eduard Bello. O atacante de 23 anos se destaca pelos dribles, bom aproveitamento nos duelos um contra um diante dos marcadores adversários e técnica, seja para finalizar ou passar. No último Campeonato Chileno, o camisa 20 contribuiu com 13 gols e cinco assistências em 26 partidas disputadas.

O atacante, porém, passou teve uma lesão na reta final da última temporada. Em partida contra o Everton de Viña de Mar, em outubro, Eduard Bello teve um jogo de extremos: marcou dois gols no primeiro tempo e na comemoração de um deles subiu nas arquibancadas para pedir sua melhor em casamento. No segundo tempo, porém, sofreu uma dura falta e fraturou a fíbola, perdendo o resto do campeonato. Aos poucos, o camisa 20 vem retornando e já aparece no banco de reservas nas partidas dos Pumas.

DEFESA FORTE

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Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

Outro ponto que chama a atenção da equipe é a dupla de zagueiros, formada por Bruno Romo e Tomás Astaburuaga. Juntos, os dois ajudam o Antofagasta a ser a equipe com mais cortes pelo alto do último Campeonato Chileno - o primeiro teve 165 cortes, sendo o líder do torneio no quesito, e o segundo terminou a competição com 109.

Em campo, a linha defensiva se posiciona em bloco alto, ficando perto da região do círculo central, acima da região 'normal' para jogadores da posição. É uma equipe muito intensa, todos os jogadores participam, de algum jeito, de todas as fases do jogo, sejam as ofensivas ou as defensivas. 

APESAR DE SUCESSO, EQUIPE NÃO SE DESFEZ

Eduard Bello - Antofagasta
Fluminense enfrenta o Antofagasta, do Chile (Foto: Divulgação Twitter)

Mesmo sendo uma equipe sem grande poderio financeiro e com destaque no futebol local, o Antofagasta não perdeu suas peças de destaque, como Bello e Astaburuaga, na janela de transferências. O Antofagasta conseguiu resistir aos interesses externos e garantiu a continuidade do elenco para o treinador Gerardo Ameli.

Na janela, o Antofagasta resolveu apostar em experiência. Entre os jogadores que foram contratados, destaque para Gonzalo Fierro, com passagem pelo Flamengo há alguns anos, e Ricardo Blanco, um dos destaques do último Campeonato Chileno, autor de nove gols.

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