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Luiz Gomes: A volta por cima do Vasco na base após período difícil

Além de melhoria das condições estruturais dos alojamentos e centros de treinamento do futebol de base, o clube mudou a forma de trabalhar a garotada nos últimos anos

São Paulo x Vasco
imagem cameraVasco chegou na decisão da Copa São Paulo, sendo derrotado nos pênaltis na final (Foto: Ricardo Moreira/Fotoarena)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 26/01/2019
15:20
Atualizado em 27/01/2019
07:30

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Derrotado pelo Tricolor paulista na disputa de pênaltis da final da Copa São Paulo de Juniores, sexta-feira, o Vasco não pode ser considerado um perdedor. Muito ao contrário, chegar à finalíssima da mais importante competição das categorias de base no país é, por si só, uma grande vitória para os cruz-maltinos. Um alento, sinal de que, a despeito de toda a crise moral, política e financeira que persegue o clube nos últimos anos, alguma coisa tem sido bem feita lá pelos lados de São Januário.

Vamos lembrar um passado recente. Em agosto de 2012, há pouco mais de seis anos, portanto, a juíza Katerine Jathay Kitso Nygaard, da Vara da Infância e da Juventude do Rio, determinava a interdição do alojamento das categorias de base do Vasco. Cerca de 60 garotos viviam ali, em condições consideradas impróprias pela Justiça carioca. Banheiros em péssimo estado, fios expostos com risco de choque e incêndio, camas sem colchão, aparelhos de ar-condicionado inoperantes, móveis quebrados e comida de má qualidade servida no refeitório foram encontradas durante uma inspeção do Ministério Público.

Essa reação da Justiça foi motivada pela morte, alguns meses antes, de Wendel Venâncio da Silva, um menino de 14 anos do interior de Minas que passava por uma peneira do clube e sofreu convulsões durante um treinamento sem receber o atendimento médico adequado. O incidente virou caso de polícia e o trabalho de base do Vasco chegou ao fundo do poço – talvez o retrato mais dramático do descaso com que boa parte dos clubes brasileiros ainda tratam a formação de jogadores.

Mas o que mudou de lá para cá? Como o Vasco deu a volta por cima e em menos de uma década voltou a ocupar um papel relevante no futebol de base?

Além da melhoria das condições estruturais dos alojamentos e centros de treinamento, que passaram por uma reforma completa, o clube mudou a forma de trabalhar a garotada. E, como revelou em uma entrevista à ESPN essa semana, o gerente de futebol da base, Carlos Brazil, passou a inspirar-se nada mais nada menos do que no poderoso Barcelona. O clube catalão fez de La Masía, seu centro de formação de jovens atletas, uma extensão do núcleo profissional, impondo a mesma filosofia de trabalho do time principal, facilitando assim a transição entre as categorias inferiores e a equipe de cima. E criando um padrão de jogo universal.

- Nós precisávamos ter uma metodologia melhor e mais focada na parte técnica. Padronizar o modelo de jogo em todas as categorias e fizemos isso desde os nove anos de idade. O treinamento também foi padronizado desde os seis anos, lógico, que respeitadas as valências das idades - explicou Brazil na entrevista ao canal.

O salto foi significativo. Antes de chegar à final da Copinha – o que não acontecia desde 1999, quando perdeu por 1 a 0 para o Corinthians - o Vasco foi campeão carioca sub-17 em 2015 e venceu o estadual sub-20, em 2017, o que não conseguia desde 2010. Desde a posse de Alexandre Campello, dos 21 títulos disputados nas categorias de base o clube ganhou 13, um percentual altíssimo numa área altamente competitiva e diante de rivais como o Flamengo e o Fluminense, tradicionalmente comprometidos com a formação de jogadores.

Embora tenha reforçado seu esquema de olheiros, monitorando hoje campeonatos estaduais em várias partes do Brasil, a maior aposta do Vasco é mesmo investir em garotos desde a primeira idade futebolística. Do time que atuou contra o São Paulo, só um jogador, o atacante Thiago Reis não é prata da casa, chegou transferido da base do Cruzeiro.

Mas a melhor notícia para os vascaínos é que essa política de integração já começa a ter efeito também no time de cima. Com o clube sem dinheiro para contratações de peso, os meninos da base cada vez mais vão assumindo protagonismo entre os profissionais. Nomes como Marrony e Dudu ganham espaço no time do técnico Alberto Valentim, ele mesmo um especialista em trabalhar com a garotada. Existe um risco, é verdade, de queimar jovens talentos em caso de uma campanha ruim na temporada. Mas como quem não tem cão caça com gato (nada a ver com a manipulação de idades, que fique claro) é certo que alguns dos vice-campeões da Copinha ainda no Carioca já estarão no time de cima. Tomara que brilhando muito!

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