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Gustavo Loio
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 10/09/2025
04:00
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Neste final de semana, dias 13 e 14, o Brasil desafia, em Atenas, a Grécia, pela repescagem do Grupo Mundial I da Copa Davis. O país que avançar joga o Qualifier da divisão de elite em 2026. Em entrevista exclusiva ao Lance!, Jaime Oncins, capitão brasileiro, analisou a temporada de João Fonseca (42º do mundo), dos desafios do confronto e do bom momento da dupla brasileira, formada por Marcelo Melo e Rafael Matos.

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- O Marcelo e o Rafa vêm agora de um importante torneio ganharam o ATP de Winston Salem, o que sempre dá uma confiança maior à dupla e em praticamente condições muito parecidas com o que vamos enfrentar na Grécia. É o segundo ano que eles vêm jogando juntos, então têm um entrosamento muito grande e isso ajuda - elogiou o capitão brasileiro, que também conta com Thiago Wild, 146º do mundo, nas simples.

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Na opinião de Jaime Oncins, o entrosamento pode fazer a diferença na Davis:

- Venho acompanhando muito os resultados das duplas, O Romboli (Fernando) também vem tendo um bom ano, mas eu tinha que levar em conta em muito a parte de entrosamento dos dois, e o Fernando joga no mesmo lado do Rafa Matos. Aí eu preservei um pouco o entrosamento dos dois do que tentar fazer uma mudança em cima da hora, botando alguns jogadores fora de sua posição de que está acostumada. Tenho uma confiança na dupla ajudou muito também esse resultado que eles tiveram antes do US Open e traz uma confiança maior pro time.

Marcelo Melo (e) e Rafael Matos foram campeões de Winston Salem, em agosto (Divulgação/ATP)

O título no torneio americano, aliás, foi o terceiro da dupla brasileira. O primeiro foi em Stuttgart, ano passado, enquanto, em fevereiro de 2025, os dois se tornaram a primeira dupla 100% brasileira a triunfar
no Rio Open (no ano anterior, Matos venceu com um parceiro do Equador).

Mescla da juventude de João Fonseca e a experiência de Melo

Aos 41 anos, Melo tem mais que o dobro da idade de João Fonseca, de 19. Na opinião de Oncins, essa troca de experiências é muito saudável à equipe:

- É sempre Interessante você ter um jogador experiente como o Marcelo e um jovem como o João. A troca de informações durante as semanas da Davis é sempre importante. O Marcelo tem uma bagagem grande nesse tipo de competição, e o João, apesar de novo, já teve uma experiência muito boa no ano passado. Ali a gente enfrentou Itália, Bélgica e Holanda, fora de casa, com uma pressão muito grande e ele se deu muito bem. Então, essa mescla da juventude do João com a experiência do Marcelo também é importante dentro do time.

Jaime Oncins e João Fonseca em treino da Copa Davis em 2024 (@ANDREGEMMER_8)

Cuidado com Tsitsipas|

Como não poderia deixar de ser, em relação aos anfitriões, o maior desafio para Oncins e sua equipe é Stefanos Tsitsipas, ex-número 3 do mundo e atual 27º:

- É o número 1 deles, o jogador a ser batido, provavelmente vai jogar os três pontos (duas simples e a dupla). Infelizmente, mais um confronto fora de casa. Nesses quase seis anos que estou à frente do time, a gente só jogou três vezes em casa. Então, a gente não tem muita sorte no sorteio - analisou.

Ex-número 34 do mundo nas simples e ex-22 do planeta nas duplas, Oncins defendeu as cores do país, na Davis, durante 10 anos, de 1991 a 2001. Ao todo, participou de 25 confrontos, somando 12 vitórias em 20 partidas nas simples, e 11 triunfos em 17 desafios nas duplas.

Elogios ao tênis universitário americano

Oncins, que como atleta, participou das Olimpíadas de 1992, em Barcelona, e de 2000, em Sydney, trabalha há 10 anos como Head Coach na Montverde Academy, nos EUA, que prepara para o tênis universitário. Para o capitão brasileiro na Davis, essa é uma ótima opção para quem almeja seguir na modalidade:

- Considero o tênis universitário um passo muito importante, porque, na verdade, existem várias universidades nos Estados Unidos com diferentes níveis de tênis. Então, o atleta que joga muito bem pode ter uma chance de conseguir uma bolsa numa universidade de ponta. E, assim, durante quatro anos, ter todo uma estrutura, como treinador, preparador físico, fisioterapeutas. Enfim, uma estrutura realmente de primeiro mundo e ele consegue fazer as duas coisas: estudar e jogar tênis. Aí, depois, que ele se forma, pode seguir a carreira profissional, já com o diploma garantido - explica o ex-número 22 do mundo nas duplas.

Segundo Oncins, o tênis universitário é, em geral, uma boa escolha:

- Eu vejo com bons olhos, mas existem ainda algumas pessoas com um certo preconceito com o tênis universitário, mas elas não sabem que é muito difícil de jogar numa universidade top. Você tem que, realmente, jogar muito bem tênis para jogar numa universidade top com uma bolsa. O tênis universitário pode servir de um trampolim pra pessoa adquirir experiência e de ter uma pressão por jogar por um time, pressão por uma bolsa. Então, você sempre aprende muita coisa também. Agora, se o jogador é fora da curva e com 16, 17 anos já está tendo resultados excepcionais no profissional, aí é outra conversa. Mas a gente sabe que a grande parte não é essa, e eu considero o caminho do tênis universitário é uma opção, sim, pra depois, quem sabe, jogar profissional também.

Jaime Oncins com uma das turmas da Montverde Academy (Divulgação)
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