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Luiz Fernando Gomes: ‘Pequenez rubro-negra’

'Troca' de Paquetá por um forasteiro tem tudo para ser outra vez um tiro n'água

Lucas Paquetá não vive boa fase, mas está com moral no mercado da bola (Foto: Francisco Stuckert/Agência F8)
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A fase de Paquetá não é das melhores. O camisa 11 tem abusado do direito de errar passes simples, há muito não cobra uma falta com perfeição, não aparece em momentos determinantes para decidir um jogo como os rubro-negros e os amantes do bom futebol se acostumaram a ver. Mostra-se exausto com a maratona de jogos, parece abalado pela pressão de ter que ganhar, de qualquer jeito, um título na temporada. Ainda assim, a reação de parte da torcida do Flamengo para com ele, uma impaciência por vezes convertida em vaias como nos últimos jogos no Maracanã, não é uma demonstração de bom senso.

O desempenho muito acima da média no primeiro semestre, quando prestigiado por Mauricio Barbieri era apontado quase que unanimemente como o melhor jogador do time, lançou sobre Paquetá as luzes da mídia e de alguns dos grandes clubes da Europa. A inclusão de seu nome na lista dos "reservas" da seleção na Copa da Rússia e a recente convocação por Tite para os amistosos nos EUA, funcionaram como vitrine e aguçaram ainda mais o interesse, ainda que não oficial, de gigantes como o PSG e o Barcelona.

Paquetá é hoje frequentador assíduo das páginas dos jornais esportivos europeus, rendendo inclusive especulativas manchetes de capa tratando do que seria uma iminente transferência para o outro lado do Atlântico, mesmo antes da janela de transferências do fim do ano. Até aqui, nada demais. Essa, infelizmente, como se sabe, é a triste realidade do futebol tupiniquim em que a fragilidade dos clubes faz com que os talentos revelados na base cada vez mais jovens sejam negociados para a Europa, sem ter tempo para fazer história, virar ídolo, encarar e apaixonar os torcedores. Paquetá seria - ou será - apenas mais um Vinicius Júnior, Rodrygo ou Paulinho, só para citar três exemplos dos que já se foram na safra atual.

O que chama a atenção nessa história é a postura do Flamengo. O clube que se vangloria de ser um modelo de gestão financeira, se apequena como um rato. O vice-presidente de futebol, Ricardo Lomba, não parece fazer o menor esforço para ao menos tentar manter o jogador, uma renovação prévia do contrato que vai até 2020, por exemplo. Muito ao contrário, deixa transparecer uma avidez por negocia-lo o mais rápido possível, mesmo que o valor da multa rescisória de 50 milhões de euros tenha de ser reduzida. Já fala até em uma lista de alvos no mercado para substituí-lo. É uma anomalia completa.

Poucos ou nenhum outro clube brasileiro teria como o Flamengo de hoje - e isso é mérito da atual gestão, reconheça-se - condições de quebrar o círculo vicioso do forma-vende-forma-vende precocemente seus jovens talentos. Mas seu vice-presidente, aliás, o provável candidato do atual mandatário Bandeira de Melo a sua sucessão no pleito do fim do ano, prefere seguir a cartilha de encher o caixa da maneira mais fácil, mas também a mais danosa ao patrimônio e ao futuro dos clubes: a venda de jogadores.

Não bastasse a falta de títulos relevantes que persegue a diretoria da qual Lomba faz parte, esse comportamento e o discurso entreguista certamente serão mais um obstáculo às pretensões eleitorais do grupo de Bandeira.

Ao dizer que tem um plano B, que vai ao mercado para cobrir o buraco aberto por uma provável saída de Paquetá, a cartolagem desrespeita o torcedor e a tradição rubro-negra de que craque o Flamengo faz em casa. Basta olhar para trás, listar os ídolos do passado para ver que isso é uma verdade e o quanto esse potencial tem sido mal aproveitado na Gávea. Além do mais, contratações não têm sido o forte dessa gestão que gastou 10 milhões de euros com Vitinho e trouxe gente como Romulo, Geovanio, Uribe, Henrique Dourado, Marlos Moreno e tantos outros que jamais disseram a que vieram. Ou seja, a "troca" de Paquetá por um forasteiro tem tudo para ser outra vez um tiro n'água.