A epopeia do Santos em 95 por quem viveu: ‘O que fizemos não se apagará’

Técnico do Santos na brilhante campanha de 1995, Cabralzinho explica ao L! como foi a épica semifinal contra o Fluminense. Os 5 a 2 completam 20 anos nesta quinta-feira!

Santos de 1995
Semifinal do Brasileirão de 1995 ocorreu há exatos 20 anos. Lembrança ainda está fresca! (Foto: Arquivo/L!)

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Nós tínhamos absoluta convicção de que chegaríamos à final, e foi essa fé que turbinou os jogadores em 10 de dezembro de 1995. Perdemos por 4 a 1 no jogo de ida, no Maracanã, mas depois fomos recebidos com a torcida na Avenida Rebouças gritando "Santos, Santos" e em nenhum momento alguém achou que não iríamos reverter. O otimismo era tamanho que ninguém foi nervoso ou tenso para o jogo e sim muito focado, condicionado, muito a fim.

Começamos o jogo ofensivos, interessados, valentes. Como havia sido em toda a campanha. No primeiro tempo, 2 a 0 e o Giovanni cumpriu sua promessa de dois gols.

"A gente não esquentou a cabeça em tomar gol, entramos a milhão, sem nada a perder", afirmou Camanducaia

A ideia de não voltar para o vestiário no intervalo foi dos próprios jogadores. eles combinaram no hotel de que se estivesse 3 a 0 eles iam se manter no gramado pra não perder o link com a torcida, mas não comentaram nada comigo. Terminado o primeiro tempo, 2 a 0, o Gallo correu e disse que não queriam descer. Eu precisei de alguns segundos para que caísse a minha ficha, naquela afobação eu demorei uns segundos para assimilar, mas depois percebi, e olhando a massa gritando "Santos", concordei. Pedi para que os seguranças fizessem o cordão, para que a imprensa não se aproximasse tanto, e conversamos.

Depois, voltou a torcida gritando "mais um, mais um" e enfim o 3 a 0 que nos daria a vaga. Isso deu uma certa comodidade ao time e no Fluminense bateu o desespero, eles já contavam em ir para a final. Aquilo mexeu com brios dos jogadores e eles fizeram um gol que nos assustou. Chegamos a pensar que depois de tanto sacrifício... Mas só pensaram e partimos para cima deles.

Mas o Giovanni... Foi um ano especial, uma jornada especial e um jogo especialíssimo. Antes do Cabral ele não era nada e naquele jogo mostrou que poderia ser grande craque.


Não nos abatemos e o Giovanni chamou a missão ofensiva. Primeiro na trama com o Camanducaia e depois em um passe espetacular para o Marcelo Passos, que nunca vi alguém bater na bola tão bem com ela em movimento. Aquele quinto gol nos deu o alento de "nós vamos conseguir, nós vamos conseguir, sim".

Novamente, a comodidade. Novamente, um gol do Fluminense: 5 a 2 restando cinco minutos para o fim. Foram os cinco minutos mais longos e angustiantes de toda a nossa vida, porque um golzinho com a mão, um lance errado e era tudo por água abaixo. Às vezes, o mérito não prevalece, mas desta vez fizemos valer.

"Entramos para sufocar o Fluminense, pressão a todo instante", comentou Camanducaia ao L!

Fomos para a final, mas eu não me considero vice-campeão. Nós fomos campeões. É estranho, porque é a comemoração de uma não conquista. Mas a prova maior de que resultado é detalhe, e o que fizemos não se apagará.

FICHA TÉCNICA:
SANTOS 5 x 2 FLUMINENSE


Local: Pacaembu, em São Paulo (SP)
Data: 10/12/95
Árbitro: Sidrack Marinho
Público e renda: 28.090 pagantes, R$ 336.289,00
Cartões Amarelos: Marcos Adriano e Carlinhos; Ronald e Aílton
Cartão Vermelho: Ronaldo Marconato

GOLS: Giovanni, aos 25/1ºT (1-0), Giovanni, aos 29/1ºT (2-0), Macedo, aos 6/2ºT (3-0), Rogerinho, aos 7/2ºT (3-1), Camanducaia, aos 16/2ºT (4-1), Macedo Passos, aos 38/2ºT (5-1) e Rogerinho, aos 40/2ºT (5-2)

SANTOS: Edinho; Marquinhos Capixaba, Narciso, Ronaldo Marconato e Marcos Adriano; Carlinhos, Gallo, Giovanni e Marcelo Passos (Pintado); Camanducaia (Batista) e Macedo (Marcos Paulo). Técnico: Cabralzinho

FLUMINENSE: Wellerson; Ronald, Lima, Alê (Gaúcho) e Cássio; Vampeta, Otacílio, Aílton e Rogerinho; Renato Gaúcho e Valdeir (Leonardo). Técnico: Joel Santana

ATUAÇÕES, por Gabriel Carneiro

9,5
Edinho

Fez uma defesa fundamental em chute de Valdeir ainda no primeiro tempo e foi importante para acelerar a reposição.

9,5
Marquinhos Capixaba

Quase marcou de falta no início. Consistente na marcação, precisou terminar o jogo mais recuado, como zagueiro.

9,5
Narciso

Ativo, com boa saída e sem medo. Acertou todos os combates no meio e realizou importantes desarmes.

9,5
Ronaldo Marconato

Talvez o jogador menos brilhante na semifinal, apesar da boa cobertura. Foi expulso quando o Fluminense pressionava.

9,5
Marcos Adriano

Participação ativa e direta nas jogadas ofensivas, com os precisos cortes para o meio. Salvou chance clara do Flu.

9,5
Gallo

Segurança impressionante à frente da defesa. Senso de colocação e desarmes fizeram a diferença pelo placar.

9,5
Carlinhos

Bons lançamentos, batidas perigosas de fora da área, força na marcação e assistência belíssima para o segundo gol.

10
Giovanni

Quem viu, viu. Dois gols e participação nos outros três. Marcação, velocidade e brilhantismo ao longo da decisão.

9,5
Marcelo Passos

Fechou o placar em lance de habilidade e teve participação importante na construção das jogadas. Taticamente decisivo.

9,5
Camanducaia

Gigante na semifinal, sempre travado com faltas. Deixou o lateral Ronald no chão em seus lances de pura habilidade.

9,5
Macedo

Quase fez o terceiro gol ainda no primeiro tempo, mas deixou sua marca na etapa complementar. Preciso à frente.

9,5
Marcos Paulo

Acionado após a expulsão de Ronaldo, controlou bem as descidas de Renato Gaúcho com desarmes pela esquerda.

9,5
Batista

Entrou para colar em Renato Gaúcho, mas não foi brilhante. Falhou no segundo gol do Flu e perdeu bola simples no fim.

9,5
Pintado

Entrou para fechar a marcação no setor de meio-campo e cumpriu sua missão à risca. Na gritaria, controlou emoções.

9,5
Cabralzinho

Armou equipe de muita qualidade no toque de bola e raça para buscar o resultado. Fez por merecer a boa campanha.

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