Após nove meses longe dos gramados, o retorno de Rodri é uma das maiores notícias da temporada para o Manchester City. Recuperado de uma lesão grave no joelho, que envolveu o ligamento cruzado anterior (ACL) e o menisco, o espanhol voltou a atuar nas últimas rodadas da Premier League e entrou no segundo tempo dos dois primeiros jogos do Mundial de Clubes. Ainda assim, o técnico Pep Guardiola não esconde a cautela: o camisa 16 ainda não está pronto para começar partidas, e a prioridade é protegê-lo.
- É uma recuperação de 10 a 12 meses. É uma lesão longa. Ele está melhorando, quer ajudar, mas precisamos protegê-lo. Queremos que ele sinta segurança no joelho - explicou Guardiola.
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Rodri sofreu uma combinação devastadora de lesões em setembro de 2024: ruptura do ligamento cruzado anterior (ACL) e lesão no menisco, estruturas fundamentais para a estabilidade, absorção de impacto e mobilidade do joelho. Em casos mais graves, quando há dano no ligamento e em ambos os meniscos (medial e lateral), a medicina esportiva chama de “tríade infeliz”, ou “tríade terrível” — algo que pode ser devastador para um atleta de elite.
Em entrevista ao The Athletic, o cirurgião especialista Dr. Gordon Mackay, cerca de 50 a 70% dos atletas com lesão de LCA também têm alguma lesão meniscal. Porém, o comprometimento de ambos os meniscos ocorre em apenas um terço dos casos — e representa um desafio ainda maior para recuperação, especialmente se envolver o menisco lateral, cuja cirurgia é mais delicada e o tempo de retorno, mais imprevisível.
- Se for apenas um pequeno dano na cartilagem interna, pode ser aparada e o retorno é mais rápido. Mas se for algo sério na cartilagem lateral, o foco inicial da recuperação é garantir que ela cicatrize bem, o que pode atrasar o processo - explica Mackay.
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Cirurgia tradicional e reabilitação cuidadosa
Rodri foi operado pelo Dr. Manuel Leyes, renomado especialista espanhol e referência do Real Madrid. Sua abordagem cirúrgica é mais tradicional, com enxerto do tendão patelar e reforço extra para estabilizar o joelho. Ele também atua sobre as estruturas laterais, ajudando a evitar uma nova ruptura, mas isso pode provocar efeitos colaterais como rigidez, cicatrizes e irritação na banda iliotibial, que vai do quadril ao joelho.
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Apesar de métodos mais recentes, como o de Mackay, que usa um “reforço interno” para acelerar a recuperação (com retorno em até quatro meses em alguns casos), a opção de Leyes é mais conservadora e voltada à longevidade da carreira do atleta.
- É um investimento no longo prazo. Você sacrifica tempo agora para garantir um joelho mais estável e funcional no futuro - afirmou Mackay.
O retorno do cérebro do City
Rodri foi por muito tempo o cérebro do time de Guardiola, ditando o ritmo com uma calma quase sobrenatural. Seu retorno gradual é tratado como prioridade absoluta. O Manchester City não quer pressa: prefere perder algumas partidas do presente a comprometer a saúde futura de um dos jogadores mais importantes do clube.
A presença dele em campo, ainda que parcial, já anima os torcedores. Mas só o tempo dirá se Rodri poderá voltar ao nível que o levou a ser considerado o melhor jogador do mundo em 2023. Por enquanto, cada minuto em campo é um pequeno milagre — e um grande alívio para o clube de Manchester.