Com recorde de inscritos (4.700 atletas em 20 modalidades), não faltam exemplos de superação nos Jogos da Juventude, em Brasília. Quatro deles estão fazendo bonito no vôlei de praia defendendo a Bahia. De bairros de vulnerabilidade social em Salvador, os alunos da rede estadual de ensino em Cajazeiras, no Colégio Edvaldo Brandão, e em São Cristóvão, no Colégio Marques e Marques, são os representantes do estado na modalidade nesta edição. A dupla feminina vai disputar as semifinais às 14h20 desta quinta-feira, 18.
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As boas campanhas na capital federal não são novidade para Anthony Vaz, de 16 anos, Samara Brandão, 16, Sidney Souza, 16, e Suane Adir, 15. Afinal, colecionando grandes resultados e histórias de superação, as duas duplas da Bahia nos Jogos da Juventude lideram seus rankings estaduais e rodam o circuito nacional da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), com histórico vencedor na quadra de areia e também na vida.
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Samara e Suane, ambas de Cajazeiras, um dos bairros mais populosos da capital, venceram as duas partidas da fase de grupos sem perder set e se classificaram às semifinais após vencer por dois sets a um nas quartas nesta quarta-feira, 17.
Dupla bem entrosada
- Acabamos de ganhar as quartas bem acirradas de tiebreak num jogo muito bom. Agora, entraremos com tudo nas semifinais para pegar o ouro - conta Suane.
Já Samara está no seu primeira e última edição dos Jogos e celebra disputar a competição com sua parceira também em competições estaduais e nacionais.
- Está sendo uma experiência incrível disputar os Jogos da Juventude com minha parceira, que já jogamos há muito tempo. Somos amigas dentro e fora da quadra. Queira ou não, isso ajuda muito e torna melhor o momento.
Invictas nos Jogos da Juventude
O treinador delas e professor de Educação Física no colégio há 22 anos, Alex Rufino, 54, também comemora o desempenho.
- Estamos invictos. É uma campanha promissora. Eu esperava até que sentissem um nervosismo. Mas, começamos muito bem e tivemos um set decisivo que jogamos muito bem. Elas precisam reconhecer seu potencial, mas entrando concentradas, sem achar que vão ganhar em qualquer momento.
Vôlei de praia em Cajazeiras
Mesmo sem estar na orla da capital baiana, Cajazeiras é um celeiro de craques da modalidade. Durante as aulas na educação física, os alunos têm a oportunidade de conhecer e vivenciar o esporte de forma lúdica, segundo Rufino.
- Temos uma situação engraçada na escola. Nós temos uma parceria com o centro que alimenta toda aquela região. O papel da escola não é formar atleta. O nosso papel é oportunizar que consigam participar dos eventos. O menino vai para a aula pela manhã e treina no contraturno. Todas crianças lá querem seguir esse caminho - observa Alex.
Os jovens que já demonstram aptidão ao chegarem à escola podem representar a escolar em competições do Governo do Estado da Bahia e, posteriormente, em nível federal. O Colégio Estadual se concentra em fomentar e potencializar seus talentos, oferecendo a estrutura necessária, tanto administrativa quanto infraestrutural, impactando no social.
- A maioria dos moradores reside nas proximidades, com a revelação de jogadores de destaque, inclusive da Seleção Brasileira. Ao observar os treinos, percebe-se o impacto positivo do voleibol na vida desses jovens, que almejam seguir carreiras esportivas, participar de competições e viajar. Em contextos de vulnerabilidade, o esporte se torna um espelho, proporcionando oportunidades e um caminho a ser seguido - uma alternativa para canalizar a energia dos jovens e afastá-los de outras atividades de risco - acrescenta Rufino.
Esse é o caso da história de Siney, jovem de São Cristóvão, que tinha questões familiares, por ser órfão de pai, problemas emocionais de relacionamento e dificuldades financeiras até de treinar. Seu treinador há cerca de três anos, Eric Belchote disse que aproveitou o potencial e a facilidade de Sidney com a modalidade para focar no aperfeiçoamento do atleta para que evolua no esporte e na vida.
- Era um garoto que mexeu muito com o meu sentimento porque realmente percebi que o esporte transforma. Hoje, ele consegue se comunicar melhor, se entreter e andar em qualquer meio social graças a essas iniciativas, não somente pelo resultado, mas pela transformação e interação de um jovem em um homem. As competições, além dos treinamentos, ajudam a fortalecer e a lidar com maiores problemas. Foi, em especial na vida de Sidney, uma luz no final do túnel. Agradeço demais ao esporte - cita o treinador dos centros no Costa Verde Tennis Clube e no Clube dos Empregados da Petrobras (CEPE)
Sidney Já ficou em quarto lugar nos JEBs 2024 e acumula um quarto lugar no Campeonato Brasileiro de Vôlei de Praia Sub-19, em 2025, mais um nono lugar no Campeonato Brasileiro de Vôlei de Praia Sub-17, em 2024, além de convocação para a Seleção Baiana de Vôlei de Praia e títulos estaduais.
* O repórter viaja a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)