Três anos após quebrar perna, Héracles valoriza esposa, amigos e quer retomar carreira

Lateral-esquerdo, livre no mercado, conversou com o L!. Ele treina no Atlético-PR e espera conseguir um contrato em 2017

Héracles
Héracles se lesionou quando estava emprestado ao Avaí, em 2013. (Arquivo Pessoal)

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O dia 25 de outubro de 2013 é uma data marcante para o jogador Héracles. Não foi nenhum título, nem um gol bonito ou aquela tirada da bola em cima da linha que decretou uma vitória importante de seu clube. Uma lesão chocante que mudou o rumo da carreira.

Emprestado pelo Atlético-PR, o lateral-esquerdo chegou ao Avaí em julho daquele ano e atuava como titular pela Série B, disputando o G-4. Na vitória por 3 a 0 contra o Bragantino, na Ressacada, o pior aconteceu. Aos 39 minutos do segundo tempo, o ala sofreu uma entrada violenta do volante Graxa e quebrou a perna. O juiz Pablo dos Santos Alves nem falta marcou. O perdão, a pedido do adversário, foi aceito.

Se a lesão no joelho fosse com mais profundidade, a artéria atingida poderia causar a amputação. Três dos ligamentos foram rompidos - dois ligamentos cruzados e o ligamento colateral medial do joelho esquerdo. O Furacão, dono dos direitos econômicos na época, o mandou para o médico René Abdalla, de São Paulo, especialista no tema, para operá-lo.

Depois desse lamentável ocorrido, o time catarinense, com 53 pontos e faltando sete jogos para o término do campeonato, fez apenas mais três dos 21 pontos disputados e não subiu. Um ano após se recuperar, ele chegou a atuar pelo Joinville no ano passado após rescindir com o Atlético-PR. Fez apenas quatro jogos, sendo três pelo Brasileiro e um pela Copa do Brasil. Nesta temporada jogou apenas uma vez pelo Campeonato Catarinense. E decidiu mudar de rumo e tentar alavancar a carreira, como conta em entrevista ao Lance!.

Morando na região sul da capital paranaense, o atleta de 24 anos retornou e tem usado a ótima estrutura do clube que o revelou para ter todos os cuidados e conseguir voltar forte em 2017. O sonho de voltar a vestir a camisa rubro-negra, com qual tem quase 100 jogos, não passa pela cabeça do jogador, que admite não ser o momento por ter jogadores capacitados na posição.  

Héracles
Héracles é cria do CT do Caju e teve o contrato rescindido em 2015. (Divulgação/Atlético-PR)

- É o que imagino para agora, uma nova oportunidade, em outro lugar e aproveitar da melhor forma possível - comentou o lateral, que está livre no mercado.

Ele, que continua fazendo acompanhamento psicológico até hoje, afirma ter superado a forte imagem da lesão. O ocorrido fez com que Héracles valorizasse os amigos fiéis, que não sumiram no momento mais difícil de sua vida. E fez questão da agradecer à sua esposa, Luana , por ter ficado ao lado dele mostrando o significado do amor.

- Ela é guerreira e faz toda a diferença - elogiou.

A imagem da sua lesão é forte e muito chocante. Como lida com essa questão?

É um fato superado e estou em totais condições. Isso faz parte do passado e felizmente não mexe mais comigo não.

O Graxa chegou a te procurar e pedir desculpas?

Ele me procurou, me ligou na época. O pai dele também. Eles expuseram suas opiniões e aceitei as desculpas, está tudo em paz. Ele sabe que perdoei e desejo que ele tenha aprendido com isso, assim como eu, e dê sequência na carreira dele.

(O atleta está no UD Marbella, da terceira divisão espanhola)

Muitos atletas, em casos de lesões fortes, se abalam psicologicamente. Você afirma ter superado essa questão visualmente. Fez algum tipo de trabalho nesse sentido?

Foi um momento difícil. Tive um acompanhamento psicológico sim, mas vejo de um maneira natural. A mente é a parte mais importante para o atleta se cuidar, termos que estar bem mentalmente para suportar essa ambiente de pressão e desempenhar um melhor papel, com confiança em si. Continuo fazendo esse tratamento mental.

Muita gente usa esses momentos delicados para refletir sobre a vida e a carreira. Com você o processo foi o mesmo? Que lição tirou de tudo isso?

Tirei várias lições, porque a gente não tem controle de nada. Eu estava em um bom momento e, em alguns segundos, tudo mudou e isso não controla. Outra lição é que tudo passa. Eu estava me recolocando no mercado e tive essa pausa. E vi quem são os de verdade na nossa vida, porque é na dificuldade que a gente vê. Antes, quando tava bem e aparecendo na televisão, todo mundo te liga e quer ser teu amigo. Na hora ruim que vi quem é amigo de verdade ao meu lado. Já a minha família, minha esposa, eu evito não postar nada e blindar eles. Eu sou muito agradecido à minha mulher por tudo que ela fez e faz por mim, sou muito feliz por ter essa companheira ao lado. Ela é guerreira e faz toda a diferença.

E, tecnicamente, se sente como?

Estou totalmente recuperado fisicamente e clinicamente. Já tecnicamente, também estou preparado e venho tentando aprimorar todas as áreas. Venho fazendo trabalhos de jogos, taticamente, e me vejo capacitado para um novo desafio.

Você surgiu como uma das grandes joias da base atleticana, de uma geração que tinha Manoel, Deivid, Marcelo, etc. Porém, mesmo antes da fratura, sua carreira já tinha estagnado. O que aconteceu?

A nossa carreira é dinâmica e os momentos são intensos. Uma hora você está bem, depois perde espaço e isso aconteceu comigo. É algo natural. Aí abrem outras portas, como no Avaí, onde eu tava pessoalmente muito bem profissionalmente e com o grupo, próximos do acesso. Perdi espaço no Atlético-PR, mas estava reconquistando em outro. Não adiantaria ficar acomodado aqui, foi até uma decisão também minha de sair e fiquei feliz de buscar meu espaço. É o que imagino para agora, uma nova oportunidade, em outro lugar e aproveitar da melhor forma possível.

Então agora você acredita que seria melhor buscar espaço em outro local?

Estou no Atlético-PR apenas para manter a forma física. Quando aparecer a oportunidade em algum time, eu vou estar preparado. O momento do clube é outro, o meu também, sem nenhum vínculo contratual. O Furacão abriu as portas para eu me preparar e encontrar um novo desafio. Isso é importante pra mim.

O Furacão vem apostando em atletas da base na posição, com Sidcley, Nicolas e Renan. Como vê esses jogadores e que tipo de conselhos passaria para eles?

O clube está bem servido nessa posição. Eles têm muito talento e, pelo pouco que ouvi falar, todos estão com a cabeça boa. Eles sabem o que vou falar, mas é bom tomar cuidado com os holofotes, estar em alta e não deixar esse sucesso tomar conta da cabeça deles. O sucesso vai continuar trilhando a vida deles com trabalho. Que eles tenham sorte na carreira.

Já existe algum contato com clube encaminhado para 2017?

Agora estão começando as sondagens, já que os campeonatos estão encerrando. Os clubes já começam a montar os grupos para o ano que vem nesse momento, já tive algumas especulações, mas ainda nada de concreto.

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