E-sports: ‘Brincadeira’ muito séria

Em um mercado que faturou quase US$ 700 milhões em 2017, os e-sports mostram força e atraem a atenção dos clubes de futebol

CBLoL 2017 é sinônimo de sucesso
Fotos: Bruno Alvares, Pedro Pavanato & Cesar Augusto

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Se você ainda torce o nariz toda a vez que alguém associa os e-sports ao mundo do esporte tradicional, é melhor mudar seus conceitos. As competições de jogos eletrônicos estão mostrando cada vez mais força, a ponto de já se cogitar que integrem o programa esportivo dos Jogos Olímpicos em breve. Agora, os e-sports estão rompendo no Brasil uma fronteira que mostra o seu potencial: os clubes de futebol.

Relativamente comum na Europa, a ligação dos e-sports com o mercado do futebol no Brasil ainda está começando, mas mostra potencial para atrair mais interessado em um futuro breve. Simplesmente os dois clubes mais populares do Brasil, Flamengo e Corinthians, já estão ligados aos jogos eletrônicos. Além deles, um dos maiores ídolos do futebol brasileiro, Ronaldo Fenômeno, tornou-se sócio de uma das equipes de LOL, o League of Legends, o mais popular do mundo entre os e-sports.

- O que mais vem atraindo os clubes de futebol é a possibilidade de renovar sua imagem e marca com um público mais jovem e que gosta do esporte eletrônico. Eles cada vez mais estão entendendo que se trata de uma audiência importante para ser conquistada – afirma Carlos Fonseca, presidente da ABCDE (Associação Brasileira de Clubes de e-sports).

Esta conquista de audiência também pode ser traduzida em um importante reforço no caixa dos clubes. Um relatório da Newzoo, site especializado no mercado global de jogos eletrônicos, estima que 2017 terá um faturamento global dos e-sports de US$ 696 milhões. Estima-se que marcas investirão ao longo do ano US$ 517 milhões em publicidade, patrocínio e direitos de transmissão das competições. Impressionado? Saiba que a estimativa até 2020 é que o mercado global dos e-sports alcance US$ 1,4 bilhão.

- A velocidade com que o mercado de e-sports cresce está atraindo cada vez mais investidores mundo afora. Os campeonatos já movimentam milhões de reais por ano e lotam os estádios de torcedores fanáticos pelos jogos eletrônicos. De olho nisso, entendo que os clubes de futebol irão cada vez mais explorar esse cenário no Brasil, que deverá ter uma ascensão ainda mais evidente nos próximos anos, sendo que os clubes devem buscar uma fatia desse mercado – analisa André Sica, advogado especialista em direito desportivo do escritório CSMV, que representa a ABCDE.

Estratégias diferentes

Os caminhos adotados por Flamengo e Corinthians para entrarem no mercado dos e-sports foram diferentes. O rubro-negro adotou a estratégia de adquirir uma equipe de LoL e está disputando a segunda divisão do Campeonato Brasileiro da modalidade. A outra, que foi a opção escolhida pelo Timão, foi a de realizar uma parceria com uma equipe existente, o Red Canids, de LoL.

- São dois caminhos válidos. Eles estão conhecendo o mercado e apostando que dará certo. Se isso acontecer, é provável que outros clubes sigam o mesmo caminho – diz Fonseca, lembrando que ocorreram no passado outras tentativas de aproximação dos clubes de futebol do Brasil, com o Remo e o Santos, mas que não prosseguiram.

Para André Sica, alguns detalhes explicam o motivo para Corinthians e Flamengo terem adotado caminhos opostos.

- A maior probabilidade é que os clubes sigam o modelo adotado pelo Corinthians e não pelo Flamengo. Isso porque os clubes de futebol atualmente não possuem a infraestrutura, expertise de mercado, bem como o entendimento completo do negócio dos e-sports.São modelos distintos, mas nenhum deles é necessariamente bom ou ruim. O tempo e a evolução do mercado dirão exatamente qual seria o melhor modelo a seguir - explica.

Para amplificar o interesse dos clubes brasileiros, a chegada de nomes como o de Ronaldo Fenômeno é considerada fundamental, tanto por Carlos Fonseca quanto para André Sica.

- A entrada do Ronaldo é de suma importância. Ele já carrega em si uma imagem como ídolo nacional por tudo que ele representa no futebol. A partir do momento que um player de grande relevância como ele entra no mercado de e-sports, desperta-se, automaticamente, o interesse de outras pessoas a descobrir e conhecer um novo mercado – diz Sica.
- O Ronaldo traz credibilidade para os e-sports. Ele está entendendo como este mercado é positivo e reforça sua imagem diante do mercado – explica Fonseca, que é sócio com o Fenômeno no clube CNB.

Saiba mais: Clubes europeus já adotaram os e-sports

Se no futebol brasileiro a ligação dos clubes com os e-sports ainda é embrionária, na Europa é uma realidade. Equipes como o Paris Saint-Germain (FRA), Manchester City (ING), PSV e Ajax (HOL)e Valencia (ESP) passaram a investir nos e-sports em diferentes modalidades. Fora do mercado europeu, o esporte eletrônico já começou a expandir suas fronteiras para os Estados Unidos, com uma vertente voltada as principais ligas americanas, como NBA, MLB, NFL e NHL. Os próprios times administram as ligas por meio de associações criadas pelos participantes.

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