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Os prós e os contras da sede mais elogiada da Copa

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Um gosto de quero mais. É assim que Manaus está após ter sido a sede de quatro jogos na Copa do Mundo nesta primeira fase. O medo inicial de que algo pudesse dar errado e as críticas pré-Copa deixavam em aberto o sucesso da competição na capital amazonense. Porém, no fim, o que se viu foi o resultado mais positivo entre todas as sedes da Copa.

- O povo de Manaus queria muito esse evento. Queria mostrar que era acolhedor, que a cidade é uma metrópole com toda a estrutura e que a cidade tinha orgulho de fazer parte da festa do futebol. O resultado é que a Fifa fez um estudo e este considerou Manaus como a melhor sub-sede do Brasil. Soube viver a Copa, tratar bem turistas, jornalistas e até mesmo aqueles que reclamavam de qualquer coisa, colocando o clima ou a distância para outros centros como complicadores. Quem não veio aqui, perdeu - disse o ministro do Esporte Aldo Rebelo.

Evandro Melo, coordenador da Unidade Gestora da Copa em Manaus (UGC) disse que o entusiasmo da população surpreendeu até os políticos da cidade. E isso fez Manaus obter uma aceitação que nem a mais otimista das previsões indicava.

- Estamos concluindo a pesquisa, mas o nível de aceitação do turista que nos visitou para ver os jogos foi de 94 %. A conta já fechou até o terceiro jogo, com 114 mil turistas. A expectativa é que o total fique na casa de 140 mil para os quatro jogos. Destes, 84% vieram pela primeira vez e 75% querem voltar, pois foram bem tratados, contaram com uma estrutura excelente, segurança. O número de ocorrências contra os turistas também será consolidado e divulgado, mas adianto que ficou próximo a zero. Essa visibilidade mundial nos fará ganhar muito no curto prazo - disse Evandro, que é irmão do governador José Melo.

Diretor-presidente da Manauscult, a secretaria da prefeitura que cuida dos assuntos ligados à Copa, Bernardo Monteiro de Paula  disse que o clima de festa na cidade cativou o torcedor. E que a organização em áreas de grande público, como a Fan Fest na Praia da Ponta Negra, qualificou a cidade para novas empreitadas.

- Usamos pessoas da cidade, treinamos uma equipe e essa experiência ficará aqui para os próximos grandes eventos. E não pensem que foi uma coisa simples. A Fan Fest, como ocorre em todo o país, lota nos jogos do Brasil, Na partida de estreia contra a Croácia, o nosso público, e esse é um número oficial, foi maior do que o de Copacabana, que é a referência - disse Bernardo.

Para o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, o crédito tem de ir primeiramente para o povo.

- A Fifa já nos avisou que tivemos a melhor recepção ao turista estrangeiro. Essa constatação vai além de termos uma segurança eficaz, voluntários apaixonados e que queriam fazer o melhor. Não seriamos lembrados se não tivesemos uma gente acolhedora. Se fossemos briguentos, não daria certo. O amazonense foi o maior cartão de visitas que tivemos de Manaus para o Mundo. E o mundo está enamorado de Manaus - disse Virgílio.

Todo o discurso acima precisaria levar em conta o que o turista achou da cidade.

- Das cidades do Brasil que conheci na Copa, esta é a melhor. Não tive medo de andar à noite, as pessoas são ótimas. Tanto que resolvi ficar aqui os meus últimos dias antes de retornar - disse Zlako, um croata que na noite desta quinta-feira tomava cerveja ao lado de brasileiros e americanos em frente ao teatro Amazonas. A Croácia jogou em Manaus no dia 18, ele seguiu na cidade até o dia 22, quando foi para Recife ver o jogo de sua seleção contra o México. E em vez de seguir na capital pernambucana até a próxima segunda-feira, ele preferiu retornar.

Mesma situação vivida por Matt e Jennifer. Chegaram do Colorado para ver Portugal x Estados Unidos. Só tinham ingressos para este jogo. Depois iriam circular por outras regiões do Nordeste. Preferiram ficar.

Um grupo de hondurenhos que pegariam o voo de volta para casa  na madrugada desta sexta-feira dançava até se acabar em frente ao palco montado pelo governo ao lado do teatro Amazonas. Sadam, José, Klaus, todos de Roatán, ilha paradisíaca de Honduras. Não escondiam a surpresa com Manaus.

- Viemos de Porto Alegre e Coritiba, terras de belas mulheres. Aqui deveria ser a cidade menos agradável. Me surpreendi. Vivi em Manaus o que é a paixão do povo brasileiro pelo futebol e por boas festas - disse Sadam.

Mas nem tudo são  flores. Ocorreram problemas.

- Os governantes poderiam estar atentos aos preços abusivos. Sei que há lei de oferta e procura. Mas cobrar R$ 300 por uma cama em quarto para seis em uma pousada deveria ser coibido - disse o hondurenho Agurin.

- Gostei da cidade. Mas é preciso fazer muita coisa. A mobilidade urbana é lamentável. Andei 2km para chegar ao estádio. E olha que estava credenciado para cobrir o jogo - disse o jornalista Juan Barralaga, do La Prensa, o maior jornal de Honduras.

Sobre os dois problemas, os governantes alegam que eles estavam previstos. Havia falta de quartos nos dias de jogos de alto interesse: Inglaterra x Itália e, principalmente, Portugal x EUA, já que 35 mil americanos estavam sendo esperados na cidade. E o problema de transporte era considerado insolucionável, já que o BRT ou qualquer outro projeto de mobilidade urbana que estava no caderno de encargos da Fifa não saiu do papel

Ocorreram outras situações pontuais, como disse Evandro Melo, da UGC-Manaus:

- O aeroporto não deu problema, mas poderia ter dado. E se ele tivesse sido concluído teria sido bem melhor. Outro transtorno ocorreu com os guarda-volumes também no aeroporto. Grande parte do turista de menor poder aquisitivo chegava no dia do jogo e retornava para a base no mesmo dia. Ele precisava deixar a mala nos lockers e tínhamos bem poucos. A coisa ficou critica no segundo jogo. Solucionamos para a terceira partida, mas aquele torcedor croata ou camaronês que veio até Manaus saiu com uma impressão bem ruim.

Para os comerciantes da cidade, valeu pelo clima, não pelo lucro.

A Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) comunicou ter ocorrido uma queda de 20% do faturamento dutrante o período de jogos.  Somente estabelecimentos localizados em pontos nevralgicos se saíram bem.  A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) divulgou queda de 3% na vendas. Nem mesmo com  a boa aceitação das camisas da seleção (oficiais ou não) ocorreu aumento significativo.

- Olha, está como se não tivesse evento nenhum A gente esperava uma coisa e foi outra. O clima é incrível. Mas dinheiro... Aumentei meu ganho em 5% e o pessoal da minha cooperativa de táxi está por isso também - disse Sérgio Ricardo que trabalha para a cooperativa de táxi Tucuxi, uma das maiores da cidade.