Titular nos dois amistosos de 2015 e na vitória contra o Osasco Audax, na rodada inaugural do Paulistão, Gabriel estará em campo mais uma vez às 19h30 desta quinta, contra a Ponte Preta, no Allianz Parque (com transmissão em tempo real pelo L!Net). O volante de 22 anos é o único jogador de meio que nem sequer treinou entre os reservas neste início de ano e, quanto mais joga, mais se sente à vontade para, mesmo jovem, arriscar-se como líder.
- Fora de campo sou mais tranquilo, mais na minha, não sou muito de falar. Mas dentro de campo o jogador se transforma, e eu sou assim. Esqueço meu jeito e quero ajudar. Se tiver que falar, vou falar. Se tiver que dar uma dura, vou dar também. Tem que saber receber. Esse espírito tem que ter. E eu vejo isso no grupo, não só em mim - disse ele, ao LANCE!Net.
Inspiração não falta. No Botafogo, clube que deixou em dezembro, ele ficou bem próximo do holandês Clarence Seedorf. Agora, enxerga o veterano Zé Roberto como espelho.
- O Seedorf me ajudou bastante em termos de comportamento. Sempre fui muito disciplinado, dentro e fora de campo, e acho que isso despertou um pouco o interesse dele. Essa relação que tive com ele foi muito boa, é uma experiência que vou procurar levar para todos os lugares que eu for. Sempre vou ter o prazer de falar que joguei com o Seedorf, e agora com o Zé Roberto. São jogadores consagrados mundialmente.
Gabriel diz que dedicação nos treinos conquistou a torcida do Fogão (FOTO: Ari Ferreira)
Já sem Seedorf por perto, Gabriel disputou 35 das 38 partidas que levaram o Botafogo ao rebaixamento no Brasileirão do ano passado e ainda conseguiu terminar o ano em alta com a torcida. Recém-chegado ao Palmeiras, é um dos mais festejados no Allianz Parque. E, mais importante de tudo, é xodó do chefe.
Oswaldo de Oliveira foi responsável por elevá-lo aos profissionais do Botafogo, em 2012, e o enxerga como parceiro ideal para Arouca no Verdão - diante da Macaca, Gabriel atuará ao lado de Renato. O técnico sonha em formar uma dupla tão afiada a ponto de não definir quem é o primeiro e quem é o segundo volante quando o ex-santista estiver pronto.
- Sou até suspeito para falar do Oswaldo porque ele me lançou no futebol. No amistoso, primeiro jogo do ano, a preleção foi igual a de uma final. Ele tem esse estilo, de motivar, de não deixar o grupo relaxar - elogia o camisa 18 do Alviverde.
Estrutura e força no mercado animam
Gabriel, que deixou o Botafogo após entrar na Justiça cobrando salários atrasados, encontrou um cenário animador no Palmeiras: o clube está investindo em sua estrutura, paga em dia e foi destaque no mercado nesta janela, com 18 contratações.
- O Palmeiras eu já vi que é um clube muito organizado, com uma estrutura invejável. Sempre sonhei em trabalhar em um lugar como esse. No Botafogo, a gente também tinha tudo o que precisava, mas acabamos passando por problemas que ninguém gostaria de passar. O Palmeiras me apresentou uma coisa muito boa e me valorizou bastante - disse o jogador, mais um a elogiar o diretor de futebol Alexandre Mattos.
- Essa gana de sempre querer coisas melhores é o grande diferencial dele. O cara conquistou dois Brasileiros e veio para o Palmeiras conquistar mais coisas. Tenho certeza que vamos fazer história aqui - exaltou.
De olho nas notícias, Gabriel se anima a cada contratação do Verdão.
- A gente fica feliz de ver que o Palmeiras está forte no mercado, com credibilidade. Isso aumenta ainda mais a nossa confiança de que estamos no lugar certo - completou.
Veja um bate-bola exclusivo com Gabriel:
LANCE!Net: Você guardou algum ensinamento do Seedorf para a carreira?
Gabriel: Muitas coisas, principalmente o comportamento. Ele mergulhou de cabeça no Botafogo. Era um jogador consagrado, que já tinha vencido tudo, e parecia um menino treinando, querendo ajudar. Dentro de campo não tem o que falar, é mais o comportamento, a maneira como ele era profissional o tempo todo.
O Zé Roberto é parecido?
Totalmente. O Zé Roberto é uma unanimidade. Um cara de 40 anos estar com essa forma física que ele está, treinando como um garoto... Tenho certeza que o Zé, como o Seedorf, é uma grande pessoa. Ele até é mais brincalhão que o Seedorf. Não quero comparar, mas também vou aprender muito com o Zé.
Ele é o grande líder do grupo?
Principalmente no Zé Roberto o espírito de liderança já despertou no primeiro dia, na apresentação. Ele deu a palavra dele, falou o que está pensando, passou um pouco de experiência. Vejo o Palmeiras em uma mescla muito boa, de jogadores experientes, como o Zé, o Prass e o Valdivia, com os jovens que também têm essa liderança. Se o jovem chegar e falar, o mais velho vai respeitar. Aqui eu vejo que tem isso. No Botafogo, o Oswaldo juntou os experientes e os jovens e deu uma liga boa.
Mesmo com a queda, você era querido pela torcida do Botafogo.
Eu queria sempre estar em campo para ajudar. Mas isso eu deixo para o Botafogo, para o passado. Estou muito feliz aqui no Palmeiras e vou procurar não só ganhar títulos, mas fazer história. Esse é meu foco aqui.