Todos Esportes

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Guarani, a Granja esquecida de Teresópolis pede socorro ao poder público

Granja Guarani(Ari Ferreira)
Escrito por


Heloy da Silva, 9 anos, em uma das casas da Granja Guarani, com a Granja Comary ao fundo (Foto: Ari Ferreira)

A dois quilômetros da Granja Comary, está um dos cinco bairros esquecidos pelo poder público que foram citados por manifestantes, no protesto que marcou a chegada da Seleção em Teresópolis (RJ), no último dia 25 de maio, início da preparação para a Copa.

Em contraste com a sede da CBF, que consumiu mais de R$ 15 milhões da entidade na reforma, o lado abandonado da Granja Guarani e o bairro de Pedreira têm ruas esburacadas ou sem asfalto, o hospital público mais próximo fica a sete quilômetros e o transporte público só aparece a cada 40 minutos, em média. A partir das 18h, quando já anoiteceu, também é preciso se abrigar porque os poucos postes de iluminação estão sem luz. No início do morro de cerca de dois quilômetros, há uma creche e um posto de saúde, mas faltam médicos de plantão e medicamentos, reclamam os moradores.

– De tudo o que falta e acontece aqui, o pior é quando chove mais forte e a rua vira uma cachoeira de lama e lixo que desce, arrastando tudo – afirmou o porteiro e motorista Anderson Pires de Almeida, de 28 anos, durante visita da reportagem do LANCE!Net.

Curiosamente, o bairro tem também o lado abastado. Valorizada pela vista parcial de Teresópolis com belas paisagens e por ter um mirante construído em 1929 e ponto turístico da cidade, a Granja Guarani tem casas e condomínios de luxo um pouco mais acima. Para chegar lá nem é preciso passar pelo setor marginalizado do bairro, já que há uma estrada de pedra que leva ao Centro ou à Granja Comary, por exemplo.

Entre as diferentes classes sociais, são quase 2,5 mil habitantes, segundo censo do IBGE de 2013. Como a aposentada Vera Lúcia Rezende, de 60 anos, que dividiu a casa em duas para abrigar a família da filha, somando oito pessoas nas residências, cuja laje dá vista para a rica Granja Comary da CBF.

– Nossa maior preocupação é com as chuvas fortes, realmente. A gente já fez pedidos para a Prefeitura para asfaltar a rua, para ter mais limpeza, e por mais assistência à comunidade. No ano da tragédia ninguém morreu, mas casas foram destruídas com deslizamento de parte do morro. E nem sabemos se a nossa está segura porque tem um barranco logo ali à frente – lamenta ela.

Uma das filhas, Wania Rezende Silva, 34, aposentou-se por invalidez (tem lupus) e se sustenta com um salário mínimo do INSS, além dos dois salários do marido, que é mecânico.

Ela diz que gostaria de tirar uma foto com Neymar.

– Para colocar no meu Facebook – explica, com sorriso tímido. – É bonito lá na Granja Comary, né?

OUTRO LADO

Campo Grande é a prioridade, diz prefeito

A Prefeitura de Teresópolis admite problemas de infraestrutura “herdadas de gestões passadas” em alguns bairros, mas afirma que priorizou setores mais carentes, como a região de Campo Grande, onde morreram a maior parte das quase 400 pessoas na cidade em 2011, vítimas dos estragos provocados pelas chuvas torrenciais.

– Conseguimos com o Estado, o recapeamento e a drenagem do centro, da avenida principal, num total de R$ 16,7 milhões, tudo solicitado pela Prefeitura. E há muitas obras em fase final no Caleme, em Posse e Grande Florestal, onde aconteceu a tragédia, em Campo Grande. A insatisfação maior da população, de fato, é pela demora na entrega das casas prometidas há três anos. Mas as obras de infraestrutura e de encosta, com dragagem dos rios, já foi feito – afirma o prefeito Arlei Rosa (PMDB).

E alega que houve atraso na entrega das casas por causa de “burocracia jurídica” na desapropriação do terreno escolhido para a construção das unidades.

VOCÊ SABIA?

A Granja Guarani faz divisa com o Parque Nacional da Serra dos Órgãos. O nome foi inspirado no romance histórico “O Guarani”, cuja história é ambientada na Serra dos Órgãos, às margens do Rio Paquequer, afluente do Rio Paraíba e cartão postal de Teresópolis. Foi Arnaldo Guinle, cuja família era proprietária de grande parte do terreno da região no passado, quem nomeou o bairro.

BATE-BOLA

Heloy Carlos Aquino da Silva
Morador da Granja Guarani, de 9 anos

Gostaria de conhecer os jogadores da Seleção?
Queria muito, mas disseram que não deixam entrar ninguém, só se morar lá na Granja mesmo, né?

É, não deixam. Mas há possibilidade de sortearem por meio de senha. Quem você gostaria de ver?
O Neymar, o Jefferson, goleiro do Botafogo, principalmente.

É botafoguense, então?
Sou, claro! Mas o time não está muito bom, não. Acho que só o Jefferson merece estar na Seleção.

Algumas pessoas reclamam da falta de asfalto na rua, da sujeira, falta de hospital e médicos mais perto... O que você gostaria de pedir para o prefeito, se pudesse?
Ah, não sei... Acho que um campinho pra gente jogar bola. Tem um ali embaixo que a gente joga, mas é de um terreno de uma casa que o homem deixa.

Está estudando? Gosta da escola ou também precisa de reparos?
Estou no quarto ano. Acho que eu gosto sim, os professores são legais. Com a chuva de outro dia (segunda-feira, dia 25) caiu uma parte do telhado, mas disseram que vão arrumar lá logo logo.


Cachorro se alimenta em lixo jogado em uma das ruas da Granja Guarani (Foto: Ari Ferreira)