Aos 18 anos, Tiago Camilo teve em Sydney-2000 a sua primeira experiência em uma edição Jogos Olímpicos. A medalha de prata causou espanto no mundo do judô por sua precocidade. Dezesseis anos mais tarde, na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, tentará surpreender outra vez. Mas o fator que terá de saltar aos olhos caso o pódio seja alcançado será justamente o oposto: a longevidade.
Há onze meses afastado dos tatames por conta de recorrentes problemas no ombro direito, o lutador de 31 anos mostra-se tranquilo. Confia que um planejamento bem executado o colocará em posição para subir ao pódio olímpico em casa.
Em maio do ano passado, ele deslocou o ombro direito durante a disputa do World Masters. Quatro meses mais tarde, uma luxação o privou de lutar no Mundial do Rio Janeiro - competição da qual havia saído vencedor em 2007.
A estratégia de olho na Olimpíada exigiu frieza de Tiago. Ele descartou voltar aos tatames rapidamente. Optou por operar, consequentemente perder mais competições, mas recuperar-se totalmente dos problemas no ombro.
Sua volta às competições deverá ocorrer de 24 a 26 de abril, em Guaiaquil (EQU), no Pan-Americano da modalidade. De lá até 2016, cumprirá ainda um cronograma mais enxuto de torneios - de sete a nove por ano.
Seu foco, sempre, será tornar-se o primeiro judoca brasileiro três vezes medalhista olímpico (foi prata em 2000 e bronze em 2008).
- Não tenho mais 18 anos, mas tenho experiência para saber dosar os treinos e me preservar para as melhores competições. Tenho bastante cautela porque o Rio é o objetivo. Vou ter de escolher melhor as competições daqui para frente, competir menos - disse o judoca da categoria médios (até 90kg), em entrevista ao LANCE!Net.
Antes dos Jogos de Londres-2012, a tão falada renovação do judô masculino "excluía" Tiago do plano para 2016. Mas, se estiver fisicamente bem, dificilmente haverá adversários à altura no país. O paulista deixa claro, contudo, que sua trajetória olímpica encerra-se na Cidade Maravilhosa. Depois, outro terá de assumir o seu lugar.
- Como o Flávio (Canto) e o João (Derly) já pararam e foram substituídos, para 2020 terá de ter outro atleta. Eu não vou competir para sempre. Este é meu último ciclo olímpico. Mas a renovação é algo que acontece naturalmente - concluiu.
Lesão ocorreu na 'hora certa'
Apesar de ter perdido a chance de sagrar-se campeão mundial pela segunda vez no Rio de Janeiro, Tiago Camilo não sofreu prejuízo na caminhada rumo aos Jogos de 2016.
De acordo com o sistema de ranqueamento olímpico da Federação Mundial de Judô, apenas os pontos somados a partir de maio de 2014 são considerados para a lista que definirá os classificados para a Olimpíada. Data na qual Tiago já estará liberado para competir.
- Você ficar fora de qualquer competição que é seu objetivo é sempre difícil. Um Mundial em meu país, depois de ter sido campeão em 2007, foi bem triste. Mas você tem de aceitar que lesões acontecem. Lesão é algo sempre ruim, mas, por este ponto (classificação olímpica), foi na hora que podia - disse Tiago.
Caso se classifique, Tiago disputará na Cidade Maravilhosa a sua quarta Olimpíada. Além de ter sido medalhista em Sydney-2000 e Pequim-2008, foi derrotado na disputa pela medalha de bronze dos Jogos Olímpicos de Londres-2012.
Tiago Camilo durante a disputa dos Jogos de Londres (Foto: Márcio Rodrigues/Fotocom.net)
A trajetória olímpica de Tiago Camilo
Sydney-2000
Aos 18 anos, Tiago Camilo foi a revelação dos Jogos Olímpicos australianos. Venceu seus combate na categoria até 73kg e chegou à final, na qual encontrou-se com o italiano Giuseppe Maddaloni e foi derrotado.
Pequim-2008
Tiago não foi aos Jogos de Atenas-2004, derrotado por Flávio Canto na seletiva nacional. Na China, quatro anos mais tarde, voltou a subir a um pódio olímpico. Caiu nas quartas de final da categoria até 81kg contra o alemão Ole Bischof, mas venceu três lutas na repescagem para ser medalhista de bronze.
Londres-2012
Agora na categoria até 90kg, Tiago venceu as suas três primeiras lutas para chegar à semifinal olímpica. No entanto, foi derrotado pelo sul-coreano Dae-Nam Song. Na disputa da medalha de bronze, caiu para o também favorito Ilias Iliadis.