Uma das mais antigas competições do tênis, a Copa Davis, desde 2019, sofreu mudanças radicais, como a extinção da disputa em melhor de cinco sets e a realização da reta final em sede única. E, na seção 'Tênis histórico' de hoje, o Lance! relembra dois momentos marcantes do Brasil nessa competição, cuja mais recente edição terminou domingo, com quarto título da Itália, o terceiro consecutivo.

➡️ Tudo sobre os esportes Olímpicos agora no WhatsApp. Siga o nosso novo canal Lance! Olímpico
➡️ João Fonseca vai jogar mais um torneio na Austrália e lamenta sorteio na Davis
➡️ Veja o vídeo: Guga escolhe o melhor tenista de todos os tempos

O país disputou a competição pela primeira vez em 1932. Desde então, foram 174 confrontos, com 96 vitórias e 78 derrotas. Em 18 anos os atletas brasileiros disputaram o Grupo Mundial, a Primeira Divisão do torneio.

➡️ Entrevistão: Guilherme Teixeira, do início inusitado no tênis ao top 25 com João Fonseca
➡️ Na Davis, João Fonseca e equipe têm pedreira pela frente; entenda

A lenda gaúcha Thomaz Koch, hoje com 80 anos, detém todos os recordes, entre os atletas do país, na Davis. O guru do tênis nacional, que é radicado no Rio de Janeiro, é o recordista de vitórias totais (74, em 118 partidas), triunfos em simples (46, em 78) e em duplas (28, em 40). Koch também foi quem mais temporadas defendeu o país no torneio: 16.

Brasil foi duas vezes semifinalista na Davis

Até hoje, os dois melhores resultados do Brasil na Davis foram as semifinais, de 1992 e de 2000. Na primeira, Luiz Mattar e Jaime Oncins (hoje capitão) venceu sete duelos seguidos (recorde do país), incluindo um sobre a Alemanha, de Boris Becker, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e a Itália, em Maceió. A equipe só foi parada pela Suíça, em Genebra.

O sorriso de Meligeni após uma das vitórias históricas de 2000 (Reprodução)

Há 25 anos, Guga Kuerten e Fernando Meligeni lideraram o time que venceu a França, em fevereiro, por 4 a 1, em Florianópolis, e a Eslováquia, no Rio de janeiro, em abril, por 3 a 2, ambos no saibro. A derrota para a Austrália, fora de casa, por 5 a 0, não apagou uma campanha histórica.

No dramático duelo contra a Eslováquia, em 2000, coube a Fininho vencer o quinto e decisivo jogo, contra Karol Kucera, de virada, por 5/7, 7/6, 6/2 e 6/4, para delírio da torcida, que chegou a invadir a quadra ao final da partida, para celebrar.

Meligeni, no vídeo abaixo, relembra a histórica divertidas da vitória histórica sobre o rival eslovaco:


Ex-25 do mundo, dono de três títulos de ATP (em Bastad, Pinehurst e Praga) e semifinalista de Roland Garros (1999) e da Olimpíada de Atlanta (1996), Meligeni escreveu o texto abaixo, recentemente, nas redes sociais, sobre a Davis:

'Hoje começa a competição mais legal que o tênis já inventou.

Contávamos os dias para jogar a Davis. Desde a chegada, uma semana antes, os treinos, a união do time, as rodas de conversa à noite, as resenhas, as brincadeiras e, principalmente, a emoção de entrar em quadra.

Tive a honra de representar o país que escolhi. Dei a minha vida em cada jogo. Perdi partidas dolorosas, ganhei jogos inesquecíveis. Mas sabe o que mais ficou na minha memória? O dia a dia do time.

Cada equipe era uma família. Cada jogo, uma guerra. Ser escolhido para representar o time era, antes, muito mais importante do que representar o nosso país. Lá, um jogava por todos. Quem era escolhido olhava para fora e sabia que era muito difícil nos vencer.

Tive o privilégio de jogar em muitos times com Guga, Jaime e André, mas jamais posso me esquecer do Fernandão, Márcio Carlsson, Francisco Costa, Adriano Ferreira, Ale Simoni e tantos outros amigos e parceiros. Os técnicos Pardal, Larri, Paulo, Osvaldinho, Maurão, Edu.
Cada um com sua personalidade e objetivos. Mas naquela semana, tudo desaparecia e o objetivo era um. Vencer.

A Davis era uma festa. Como disse o Sinner ontem, a verdadeira Davis era jogada aqui no Brasil. Aqui, o bicho pegava. A torcida jogava, os atletas deixavam tudo. Era um orgulho representar. Quando tô mais demorava o jogo de 5 sets, mais sabíamos que íamos ganhar.

Jogamos para 15 mil pessoas, jogamos brigados com a confederação, jogamos sem ganhar nada, jogávamos pelo país e por vocês. Isso que realmente importava.

Ai, que saudade… E que legal ter vivido isso.

Lembro de jogar em Floripa contra a França, no Marapendi contra o Marrocos e a Eslováquia, naquele dia que o calor chegou a 100 graus, as duras derrotas contra a Espanha em Porto Alegre e contra a Austrália em Floripa. Muita coisa.

Escrevo este texto lembrando da sensação de entrar em quadra com a galera toda gritando "Brasil, Brasil, Brasil".

Que orgulho. Jamais esquecerei'.

Fernando Meligeni em uma das vitórias na Davis (Reprodução)

Abaixo, algumas curiosidades sobre a Davis

Recordistas de títulos
EUA: 32
Austrália: 28
França: 10
Grã-Bretanha: 10
Suécia: 7
Espanha: 6
Itália: 4
Rússia: 3

Os 6 maiores públicos na Davis

27,448 - 2014 Final (Lille, França)
27,200 - 2004 Final (Seville, Espanha)
26,013 - 2017 Final (Lille, França)
25,568 - 1954 Final (Sydney, Austrália)
22,121 - 2011 Final (Seville, Espanha)
20,000 - 2007 World Group play-off (Belgrado, Sérvia)

Mais tiebreaks no mesmo confronto:

Croácia d. Brasil 4-1 (2008) - 11
Finlândia d. Polônia 3-2 (2010) - 10
Noruega d Estônia 3-2 (2001) - 9
Canadá d Brasil 3-2 (2003) - 9
Holanda d. Ucrânia (2011) - 9
Suécia d Dinamarca (2015) - 9



Siga o Lance! no Google News