Amigas e amigos frequentadores dessa coluna, admito: estou iludido. Carlo Ancelotti foi apresentado como novo técnico da Seleção Brasileira e indo além da lista de jogadores convocados, Carletto passou uma tranquilidade e segurança ao torcedor brasileiro que somente a experiência e o conhecimento permitem. Por isso, quero analisar a primeira convocação do hexa.
É claro que nessa primeira lista há muito da visão de Rodrigo Caetano e Juan, que estão conversando com o italiano desde o primeiro momento. Certamente baseado na observação deles que muitos atletas foram lembrados. E está tudo certo quanto a isso, afinal, essa é uma das prerrogativas de quem já está na casa e recebe a um novo “mister” para trabalhar.
Uma aula em forma de coletiva
O ofício do jornalista nos incumbe com alguns poucos predicados, e entre eles está a capacidade de identificar o perfil do entrevistado a partir das suas respostas em uma entrevista. E nas suas respostas simples, mas completas, Ancelotti deu uma aula de técnico de futebol em forma de coletiva de imprensa. O embasamento tático, o tratamento humano, a gestão psicológica, a política institucional, a simpatia e a esperança. Tudo veio junto com um olhar sereno e sem medo de quem estava aberto às novidades que lhe apresentavam.
Quando Ancelotti responde que em “40 anos de profissão ainda não sabe qual é o esquema que ganha partidas", mas que sabe que precisa deixar os atletas técnica e taticamente à vontade para executarem suas ideias, ele mostra nas entrelinhas que SIM sabe qual é o esquema que ganha partidas: conhecer o mais profundamente possível os seus jogadores.
Ausências de Neymar e Pedro
Que eu estou iludido, o leitor do Lance! já percebeu. Mas isso não evita que tenha algumas vírgulas no meu estado emocionado com Carletto. A primeira delas é que ele se dará conta logo que com Richarlison de centroavante não irá muito longe. No Everton, o Pombo brilhou na mão de Ancelotti, e o time não jogava para ele! Havia mecanismos que o favoreciam e o brasileiro estava na sua melhor época física e técnica. Mas a camisa 9 do Brasil hoje tem dono, e, na minha opinião, é Pedro, do Flamengo. Tenho certeza que Ancelotti perceberá isso rapidamente.
E mesmo sabendo que Neymar ainda não está em suas melhores condições, deveria ser convocado, na minha opinião. Para fazer parte do grupo, não precisava nem jogar. Mas para estar, treinar, conviver, ser o selo de aval do maior artilheiro da história da Seleção ao seu novo treinador. Entendo como um erro não tê-lo no marco zero do trabalho. Mesmo com esses poréns, sigo entusiasmado e iludido com Carlo Ancelotti e a primeira convocação do hexa.