O atacante Timothy Weah, da Juventus e da seleção dos Estados Unidos, relatou ter sido pego de surpresa ao participar de um evento com o presidente Donald Trump na Casa Branca, em Washington, horas antes da estreia de sua equipe no Mundial de Clubes da Fifa.
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Em entrevista ao The Athletic após a vitória por 5 a 0 sobre o Al-Ain, Weah foi direto ao comentar o episódio:
- Honestamente, foi tudo uma surpresa para mim. Nos disseram que tínhamos que ir e eu não tive escolha. Quando ele começou a falar sobre política com o Irã e tudo mais, foi meio estranho. Eu só quero jogar futebol, cara.
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Surpresa política no lugar da preparação
Na tarde da última quarta-feira (18), o elenco e a cúpula da Juventus deixaram de lado a preparação final para a partida em D.C. para comparecer à Casa Branca. Durante o encontro, Trump fez declarações sobre temas sensíveis como um possível ataque ao Irã, a Guerra Civil americana, políticas de imigração e até a presença de mulheres no futebol masculino.
- Você vê todo esse tipo de coisa séria sendo discutida e você está ali atrás só tentando entender o que está acontecendo. Foi surreal - disse um membro da delegação à reportagem, sob anonimato.
Além de Weah, também estiveram presentes o meio-campista Weston McKennie — companheiro de seleção e ex-crítico vocal de Trump —, o técnico Igor Tudor e os jogadores Dusan Vlahovic, Federico Gatti, Manuel Locatelli, Teun Koopmeiners e outros. Da cúpula da Juventus participaram John Elkann (dono do clube), Maurizio Scanavino (CEO), Damien Comolli (diretor geral) e Giorgio Chiellini (estrategista de futebol).
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O presidente da FIFA, Gianni Infantino, também esteve presente. Ele presenteou Trump com uma camisa da competição com o nome “Trump” e o número 47, em referência ao fato de o republicano ser o 47º presidente dos Estados Unidos. Elkann também deu ao presidente uma camisa personalizada da Juventus.
Segundo o The Athletic Trump utilizou o evento para se autopromover e discursar diante da imprensa política, ignorando os jornalistas esportivos. Ele questionou os atletas se uma mulher poderia jogar em seus times — sem obter resposta. “Eles estão sendo muito diplomáticos”, ironizou. Ele também falou sobre suas políticas contra a participação de mulheres trans em esportes femininos.
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Sobre as sanções e conflitos no Oriente Médio, Trump disse: “Tenho um plano para tudo. Vamos ver o que acontece.” Tudo isso com jogadores e dirigentes de futebol servindo como pano de fundo silencioso.
Por que a Juventus estava lá?
Segundo apuração do The Athletic, o convite partiu da própria Casa Branca, embora muitos membros da delegação, incluindo jogadores, não soubessem que participariam de uma coletiva de imprensa. O magnata John Elkann, herdeiro da família Agnelli e figura influente nos negócios transatlânticos, tem mantido conversas frequentes com o ex e atual presidente norte-americano — especialmente diante da possibilidade de tarifas que podem afetar o setor automotivo europeu.
A conexão entre Elkann, a Fifa e a política americana está no centro de uma teia que envolve também os preparativos para a Copa do Mundo de 2026, que será sediada por EUA, Canadá e México.
Reações e silêncio
Após a partida, Weah tentou manter a diplomacia, mas voltou a demonstrar desconforto:
- Acho que foi uma experiência legal, claro. Estar na Casa Branca pela primeira vez é algo marcante. Mas não sou muito ligado à política, então não foi tão empolgante para mim - disse Timothy Weah.
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Tradição com novos contornos
Embora visitas de equipes esportivas à Casa Branca façam parte de uma longa tradição presidencial americana, o encontro com a Juventus fugiu completamente do protocolo habitual. Durante o primeiro mandato, Trump já havia causado polêmica ao desconvidar times como o Golden State Warriors e o Philadelphia Eagles por críticas públicas.